5º capítulo - Revelação do Passado

106 10 0
                                    

Quando chegámos ao meu quarto, Louis sentou-me na cama e fechou a porta.

 "Maria, eu seu que vieste para Londres por algo que aconteceu em Portugal, e também sei que não te sentes preparada para mo contar, e eu não te queria pressionar, mas... tens de me dizer o que aconteceu."- ele diz e suspira.

 "Louis eu..."- falei, mas ele interrompeu-me.

 "Maria, por favor, eu preciso mesmo de saber"

 "Mas eu ainda não me sinto preparada"- disse olhando para o chão. Louis agarrou-me as mãos.

 "Por favor mana. Confia em mim"- ele disse olhando-me nos olhos. Este é um dom (que para mim neste momento é uma desvantagem) o facto de só com o seu olhar profundo, o Louis consegue convencer as pessoas e transmitir-lhes segurança. Suspirei.

 "Ok, mas isto não sai daqui, e não vais falar com ninguém que esteja envolvido neste história"- pedi.

 "Ok, prometo"

 "Então... lembras-te do Dean?"

 "O teu namorado?"

 "Ex-namorado"- corrigi-o- "sim, ele mesmo. Uma vez nós fomos a uma festa do Mark e acabámos por ir para casa dele... e nessa noite... nós... pronto, acho que percebeste"

 "Sim, contiuna"

 "Algum tempo depois dessa noite comecei a sentir-me estranha. Falei com a Sara e contei-lhe tudo, e ela aconselhou-me a fazer um teste de gravidez."

 "Oh Meu Deus! Tu estavas grávida? E o bebé?"- Louis questionou e eu já sentia lágrimas a escorrerem pelas minhas bochechas.

 "O teste deu positivo. Eu não sabia o que fazer, afinal de contas era uma criança, e mesmo agora ainda não tenho idade para ser mãe. Fiquei com medo pois sabia que ia ser uma desilusão para os pais e eles não iam aceitar, mas tive de falar com eles"

 "E como correu?"

 "Mal. Eu contei-lhes de tudo e disse-lhes que o pai era o Dean. A mãe disse-me que eu era a maior desilusão da vida dela e chamou-me puta."

 "A MÃE CHA,OU-TE PUTA?"- ele gritou.

"Shhh! Fala baixo! Sim ela chamou. Quanto ao pai... ele bateu-me..."

 "O PAI BATEU-TE?"- ele gritou de novo.

 "SHHHH! Sim, ele bateu-me e depois expulsaram.me de casa. Disseram-me para eu ir falar com o Dean, pois uma vez que foi ele que fez a criança tinha de assumir as responsabilidades"

 "Foste falar com ele?"

 "Sim, afinal de contas ele era meu namorado e pai da criança."

 "E como ele reagiu?"

 "Muito mal. Disse-me para eu abortar"

 "E tu abortaste..."- Louis susurrou

 "Não! Eu não seria capaz de fazer isso. Eu disse-lhe que não ia abortar."

 "Então o bebé?"- ele perguntou confuso e surpreendido.

 "Ele próprio tratou disso"

 "Como assim?"

 "Ele começou a gritar comigo e a bater-me... mais propriamente a espancar-me..."- disse já não aguentando os soluços presos na minha garganta.

 "Oh! Ent..."- interrompi-o

 "Shh. Deixa-me acabar! Ele mandou-me muitos pontapés e murros, principalmente na barriga. Eu pensava que ia morrer ali. Comecei a ver tudo desfocado e a última coisa que vi foi ele a ser puxado por alguém. Quando acordei no hospital, disseram-me que um senhor que ía a passar na rua viu o que ele me estava a fazer e ligou á policia, e assim ele foi preso. Deram-me também a notícia de que tinha perdido o bebé"

 "E depois disso vieste para cá?"

 "Não. Liguei á Sara e expliquei-lhe o que tinha acontecido. Ela levou-me para casa dela e vivi lá durente um ano e meio. Até conseguir arranjar dinheiro suficiente para poder vir para Londres."

 "E porque não me contaste? Podias ter-me ligado"

 "Digamos que não é um passado que me orgulhe e quanto menos pessoas souberem disto melhor."

 "Ok, eu percebo... mas ainda não acredito que os pais te trataram assim."

 "Mas trataram. E sinceramente nunca pensei que o pai me fosse bater, da mãe já estava á espera de tudo, mas dele não"- disse tapando a boca logo de seguida apercebendo-me que falei de mais.

 "Da mãe já esperavas tudo? Como assim? Porque?"

 "Deixa isso. Agora sou eu que te vou fazer uma pergunta"

 "Diz"

 "Porque é que estavas a gritar e chegaste ao pé de nós com os olhos vermelhos como se estivesses estado a chorar? Porque perguntaste quem tinha chamado a policia? Com quem estavas a falar? O que aconteceu?"

 "Calma! Isso é mais do que uma pergunta. Eu vou responder a todas elas, mas primeiro preciso de saber mais uma coisa"

 "O que?"- perguntei a medo, pensando que ele fosse tocar no assunto de eu já esperar tudo da minha mãe

 "Aquele pesadelo que tiveste esta noite... estava relacionado com o Dean?"- ele pergunta olhando-me nos olhos.

 "Sim"

 "E podes contar-me o que aconteceu no pesadelo?"- ele pede

 "Eu sonhei que estava em casa da mãe, no meu quarto. Depois ouvi-o a gritar e a perguntar por mim. Ouvi móveis a cair e louça a partir... e a mãe a chorar. Saí do quarto e ele estava a apertar o pescoço à mãe, mas quando me viu largou-a  e veio na minha direção. Encostou-me à parede, tirou um canivete do bolso e começou a pressioná-lo contra o meu pescoço. Então, eu gritei o máximo que pode... e depois acordei"

 "Wow! Isto é muito estranho!"- ele disse levantando-se e começando a andar de um lado para o outro.

  "Quando estava a gritar à pouco era a falar com a mãe ao telemóvel. Ela ligou-me para..."- ele fez uma pausa e olhou-me nos olhos, voltando a sentar-se na cama e segurando nas minha mãos-" ela ligou-me porque o Dean esteve lá à tua procura. V irou-lhe a casa toda do avesso porque pensava que estavas lá escondida e ainda a ameaçou"

 "O QUE? Isso significa que ele já saiu da prisão... e ele anda á minha procura"- disse começando a entrar em pânico e neste momento a minha cara é um oceano. Louis abraçou-me fortemente

 "Calma princesa. Ele não te vai fazer nada. Eu não vou deixar que ele se aproxime de ti"- Louis disse e beijou-me a testa

 "Como está a mã?e"- pergunto, apesar de estar chateada com ela, não quero que lhe aconteça nada de mal.

 "Está bem, só um pouco assustada. Mas a policia chegou a tempo e levou-o"

 "Disseste-lhe que eu estou aqui em Londres contigo?"- perguntei a medo

 "Não. Ela não sabe?"

 "Não. Ninguém sabe lá em Portugal, só a Sara, mas é normal uma vez que ela é a minha melhor amiga. Prefiro que mais ninguém saiba. É mais seguro assim"

 "Tens razão"

 "Então... o pesadelo da outra vez..."- disse pensativa

 "O que tem? Também estava relacionado com isto?"

 "Mais ou menos. Dessa vez sonhei que ele estava a sair da prisão e veio atrás de mim."

 "Ok, tu tens pesadelos muito parecidos com a realidade... bem, agora vou deixar-te sozinha para estares à vontade"

 "Obrigado. Por favor, não digas aos rapazes o verdadeiro motivo de estares a gritar e de eu estar assim"

 "Ok, não te preocupes mana"- ele diz, deixando um beijo na minha testa. Ele fechou a porta e foi o suficiente para começar a chorar descontroladamente outra vez.

StrongOnde histórias criam vida. Descubra agora