Sabrina Alano
Particularmente eu gosto da minha varanda, a brisa, o frio, o cheiro das árvores... Na teoria eu deveria achar a paz aqui, mas não hoje. Nesse momento a ideia de paz me parece bem distante, a única coisa que tem na minha mente é ela, Fernanda, seus beijos, seus toques, o calor do seu corpo, ela inteira, quase consigo sentir seu cheiro... merda.
É bem ridículo porque nesse momento ela nem deve se lembrar da minha existência, já que não responde minhas mensagens, mas eu já devia imaginar que isso aconteceria. Mais ridículo ainda é se apaixonar pela coreógrafa -eu sei bem clichê-, mas eu não evitei, tudo nela me puxava física e mentalmente, eu sei que não conseguiria evitar mesmo se tentasse.
Nos conhecemos quando eu estava acompanhando uma turnê, foram os melhores meses da minha vida, éramos como o mais perfeito casal de namoradas mesmo não especificando isso, talvez eu devesse ter exigido essa identificação. Acreditei de verdade que era real pra ela tanto quanto era pra mim, mesmo quando ela disse , após eu achar uma foto, que era casada, eu acreditei que ela pediria o divórcio, que iríamos ficar juntas, e ela se mudaria para Gramado, como na porra de um filme romântico. Mas não foi bem assim, não quando na última ligação que fizemos ela me disse que estava grávida, e que as coisas tinham ficado diferentes.
Eu fui avisada, "pessoas mais velhas podem manipular pessoas mais novas em uma relação" deveria ter ouvido, podia ter evitado tudo isso, talvez não estaria chorando, e com certeza não estaria me sentindo uma idiota, por que se eu tivesse acatado o conselho eu não estaria lendo pela sexta vez, a mensagem mais devastadora da minha vida:
"Nanda: Olha a turnê foi perfeita baby, eu me diverti eu me aventurei como nunca. Eu sei que disse que te amava, e eu amei assim como amei o sentimento de rebeldia que me levou de volta para a adolescência, mas isso passou. Quando eu penso em amor atualmente eu mentalizo minha família meu filhinho e meu marido, então tenho que pedir que esqueça tudo isso, foi passado e acabou aqui. Fica bem Brininha, até mais."E foi assim que ela devastou meus sentimentos, um texto pra resumir tudo que vivemos juntas a uma "aventura". Eu não sei como pude ser, tão ingênua.
Devo ter parado no tempo, meu celular está tocando já faz alguns minutos. É o meu pai, ele, meu parceiro o qual eu amo contar as coisas e sei que ele ama falar comigo também, é por esse motivo que eu deixo meu sentimentalismo de lado e atendo a ligação:
-Oi filhota, como você tá? Eu tô morrendo de saudade, você tem que vir logo, está me devendo uma batata assada que só você sabe fazer...-percebo, pelo tom de animação que ele está alegre, pelo menos alguém está.
-Estou bem pai, eu devo ir daqui umas semanas, comer aquelas batatas sem você é um castigo.-Tem certeza que está bem? Eu sei que ainda está abalada pela garota...
-Como sabe ?
-Filha você parece esquecer que eu uso Twitter -ele fala no seu tom mais brincalhão.
-Realmente esqueci -falo rindo ao lembrar que eu ensinei a ele o que era RT- Eu estou... levando sabe, devia saber Pai, ninguém deve confiar em alguém cegamente e sem motivos -talvez tenha sido intensa porque ele faz uma pausa antes de responder.
-É, acho que tem razão... enfim filha fique bem de verdade , não se culpe, você é melhor que tudo isso. Eu tenho que ir agora, mas saiba que eu te amo, e estou esperando você aparecer aqui, não me enrole!!!
-Não vou, eu prometo!! Te amo pai até logo.
-Ate logo meu anjinho.
Meu pai tem razão, sou mais do que isso, vou me levantar, ensaiar minhas coreografias e seguir em frente. Afinal de contas, meu pai não criou uma covarde... ele me fez forte, na mesma medida que minha mãe é bondosa, ele é corajoso eu me imagino com um pouco dos dois.
Phedro Santiago
Outra vez, esse departamento parece querer provar sua incompetência. Inacreditável, uma mulher encontrada morta, sinais de abuso, em um terreno vazio, nenhuma pista, e eles insistem em acusar um morador de rua maluco. Mas é claro eu não posso falar isso pra ninguém, quer dizer, quase ninguém...
-Fala sério cara, como podem ser tão tapados? ou preguiçosos, sei lá...
-Com toda certeza preguiçosos, ninguém é assim tão burro, exceto você que não se controla.-fala meu amigo me repreendendo.
Murilo é um dos meus melhores amigos, nunca conheci alguém tão inteligente na vida, foi um alívio quando eu consegui escolher uma vaga no mesmo departamento onde ele era perito, não sei o que faria sem ele . Um dos melhores peritos do estado, mas assim como acontece comigo, ninguém reconhece seu verdadeiro potencial.
-Para né, você sabe que eu tenho razão! Além disso eu só estou falando sobre isso com você. Por enquanto...
-Odeio admitir isso, mas sim você pode ter razão, só que isso não é com a gente ainda, temos que deixar baixo, ficar na sorrateira pra fazer média. Nem inventa de falar alguma coisa com o Sr.Alano, podemos até ser encostados ou pior.
-Não vou ser encostado -para um jovem policial sem carreira ser encostado é pior que a demissão- o Sr.Alano não faria isso, diferente de muitos aqui ele tem veracidade, ainda não entendi o motivo de ele ter aceitado essa história.
-É sério amigo, esquece isso, é melhor pra todo mundo. E vaza fora eu tenho que trabalhar. Vai! circulando. -Murilo como sempre, acaba me expulsando para continuar seu trabalho.
Vou pro meu escritório ainda pensativo sobre tudo, acho que hoje é um dia perfeito pra visitar a Malú, nesses dias cinzentos ela é como meu lápis de cor. -Não, ela não é minha namorada- Malu é uma garotinha de cinco anos, é como uma irmãzinha pra mim, adoro visitá-la e fazer cócegas ouvindo sua risada preencher todo o lugar. A mãe dela é como uma tia pra mim, e eu faço o que posso para ajudar a manter a casa, é o mínimo que posso fazer.
Depois de passar na casa da minha priminha emprestada, preciso ir pra casa tirar um tempo pra mim, talvez fumar um ou dois cigarros -eu tento parar, mas minha vida não me permite ter essa escolha-. Coloco uma música e fumo um atrás do outro, meu apartamento é bem pequeno... quarto, sala, cozinha e banheiro, bem básico mas é perfeito pra mim. Estou deitado e vejo a fumaça preenchendo todo o cômodo, após fumar último cigarro da carteira os pensamentos somem e eu o jogo no cinzeiro, ele já cumpriu seu dever, diferente de mim...
A noite passa bem rápido e eu não tenho nenhum sonho, pesadelos ou qualquer outra coisa, por sorte eu só apaguei sem mais perturbações. Depois de colocar meu uniforme eu sigo pra mais um dia inútil no departamento, decidi superar a vontade que eu sentia de falar com o Sr.Alano, afinal já se passaram duas semanas desde o encerramento do caso, vou ouvir o Murilo, ficar na minha, fazer média... Provavelmente foi o que meu chefe escolheu fazer, e ele sem dúvidas conseguiu o sucesso. Mas quando eu chego no meu trabalho, diferente do que eu imaginei, não é um dia normal como os outros, eu diria que... é um péssimo dia.
-Murilo! que caos é esse ? -pergunto meio boquiaberto com a bagunça com a qual me deparo, policiais andando de um lado para o outro, a secretária chorando e o subdetetive fazendo ligações.
-Cara, eu nem sei como dizer... -ele faz uma pausa que me agonia, porque eu provavelmente sei que não é algo bom- O delegado Alano, foi encontrado morto hoje de manhã. Eu... Sinto muito.
-Quê?! Mas... Como?, Como foi que ele morreu? -meu rosto deve estar pálido, e eu sinto uma dor... profunda, e já conhecida...
Eu me lembro de tudo, da noite mais triste da minha existência, e de tudo que passei até chegar aqui. Internamente, penso em quem quer que seja próximo dele, e em como devem estar devastados.
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COMEÇAMOS BEEM 👀
Uma estrelinha não custa nada ok??
Final de semana tem mais !
Espero que estejam gostando...
Bjos da Milla 😚
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A Sombra de um crime
ActionSabrina Alano é uma dançarina bem sucedida, mora sozinha no sul do país, sua mãe Lucy Amaro está na África pela causa das crianças carentes desde que se divorciou, seu pai Guilherme Alano mora na sua cidade natal e é um delegado extremamente compete...