Murilo Coímbra

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[ Esse capítulo contém hot explícito e pode ser desconfortável para algumas pessoas, portanto se você não quiser ler, pule para o "atualmente" mais próximo.]

《Três anos atrás》

As luzes de tons quentes adentram em meus olhos, esse lugar tem o estranho poder de contagiar as pessoas, e tem muitas delas aqui. O cheiro forte de cigarro adentra em minha mente, eu já nem sei mais o que estou bebendo, mas sinto meu corpo flutuando, tudo parece ter ganhado uma intensidade absurda, como por exemplo a mão firme  agarrando  minha cintura, que por sua vez está descoberta graças a falta de uma camisa.

Por um instante eu penso, “será que estou fugindo?”, porque é claro, estar em uma cidade vizinha, em uma boate onde não conheço ninguém, em plena terça feira me parece a melhor das fugas, mas eu estou me divertindo , afinal o que um jovem que acaba de completar vinte anos faz ? Isso mesmo ele se diverte, manda um foda-se pra tudo, tudo que o prende e simplesmente se entrega a todo o prazer que sempre sonhou em ter. O fato de ter perdido um dos meus melhores amigos para a depressão não tem nada a ver com isso, todos já superaram, estão seguindo suas vidas, até mesmo Phedro, que disfarça toda sua dor se agarrando a uma criança e achando que toda sua culpa vai sumir, se ele amar a irmã de Mateus.

Uma pena que a culpa nunca some, é algo que nós sempre vamos carregar, sempre vamos nos questionar, vamos lembrar da noite em que ele estava feliz, fazendo piadas na pracinha e jurando que tudo ia ficar bem. Eu não sei como explicar a enorme falta que eu sinto do meu amigo, sei que nunca vou deixar de amá-lo e por isso nunca vou deixar de sofrer sua perda, tudo isso vive dentro de mim e esses momentos em que me deixo levar pelos meus impulsos,  são as poucas vezes que eu consigo afastar um pouco todas as coisas ruins e me permito experimentar, ao menos, uma pequena dose de euforia de uma maneira relativamente boa.

Então não, não acho que eu esteja fugindo, eu enfrentei a dor, tentei expulsá-la, mas ela simplesmente não sumiu e talvez essa seja a minha maneira de conviver com ela.

– Posso te pagar uma bebida? – pergunta o dono da mão que ainda permanece em minha cintura, seu cheiro e de perfume masculino e bebida, parecido com o meu-

– Por que eu aceitaria uma coisa dessas? – pergunto desinteressado.

Então ele passeia com seus dedos próximo ao cós da minha calça, subindo e descendo, a sensação é boa e me causa um leve arrepio, em seguida eu rio sarcástico e questiono:

– É assim que acha que vai me convencer?- ele ri baixinho próximo a minha orelha o que me causa outro arrepio, então ele se volta para minha frente.

Nós nos olhamos de cima a baixo, eu confesso que me impressionei com sua beleza, um louro alto dos cabelos encaracolados, olhos verdes, magro mas tinha um corpo razoavelmente malhado, a ausência da camisa me permitiu fitar seu abdômen junto com suas entradas, temo ter demorado de mais nessa parte , seu relógio preto indicava que ele tinha bastante dinheiro sobrando para pagar bebidas. Então ele venceu, não precisou de mais nada para me convencer, e não estou falando só da bebida, em poucos minutos já estávamos dançando juntos.

Eu definiria esse momento como natural, é como se o lugar que ele pertencesse fosse aqui atrás de mim esfregando seu corpo suado no meu, respirando próximo ao meu ouvido, dizendo palavras sujas com sua voz rouca, e finalmente me agarrando firme e enfiando sua língua em minha boca.

No tempo em que fechei e abri meus olhos já me vi em seu apartamento, sendo pressionado conta uma parede gelada e beijado, como se isso fosse a última coisa que ele fosse fazer em sua vida, a intensidade desse momento me faz sentir falta de sua boca quando ele descola nossos lábios.

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⏰ Última atualização: Oct 10, 2021 ⏰

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