Direções diferentes

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(NÃO REVISADO)

Sabrina Alano

Eu estive lá outra vez, o mesmo sonho, a mesma floresta e eu procurei por ele, meu pai, mas ele não estava mais lá.

São cinco da manhã e eu acordo com a mesma sensação de cansaço e impotência, vou no celular tentando buscar alguma distração, mas tudo parece tão monótono e fútil. A importância de todas as coisas não faz mais sentido pra mim, afinal, desde que soube que meu pai foi assassinado toda a culpa que eu sentia foi transformada em raiva e tudo o que eu penso tem a ver com fazer justiça por ele.

Saber o que houve com meu pai se tornou a coisa de maior importância na minha vida, é por esse motivo que decidi recolocar minha confiança em Phedro Santiago, já que ele é o único que estava de fato interessado em fazer alguma coisa em relação a essa injustiça.

Já faz uma semana desde que eu fui no apartamento dele, estou ignorando meus pensamentos sobre aquele dia mas volta e meia eles retornam como lembranças em minha mente, toda a raiva, arrependimento e vergonha que eu senti parecem me atingir como uma bomba. Por minha culpa eu sinto cada uma dessas coisas, é aí que começo a sentir ódio de mim mesma. Uma atitude irracional dessas nunca deveria ter sido uma opção pra mim, porém foi o que eu fiz e nem mesmo sei o porquê.

O fato é que ele não me beijou e isso foi muito bom, na hora eu senti raiva, porém foi bem melhor assim.
Nos dois aparentemente fizemos um acordo silencioso no qual decidimos não falar sobre isso, tomei prova disso quando li a mensagem que ele me mandou ontem :

Phedro: Eu estive analisando os papéis da pasta, não queria te falar os detalhes por mensagem, tem possibilidade de nós encontramos pessoalmente?"

É a primeira vez que ele fala comigo depois daquele dia, me sinto feliz por ele não ter comentando nada sobre, e embora sua mensagem tenha sido objetiva - até de mais- não me incomodo com seu tom seco na verdade isso me traz certo conforto.

“Sabrina: Acabei de ver sua mensagem. Se quiser podemos ir no café da avenida principal”

Estou disposta a encarar toda a vergonha que eu passei sem pensar duas vezes, só de imaginar que vou saber qualquer novidade importante sobre a morte do meu pai me deixa imune a qualquer outro pensamento. Essa é a hora perfeita pra encarar a realidade e deixar de lado coisas com pouca relevância, embalada nesse sentimento me levanto e sigo para o banho, já que não vou mais dormir está na hora de encarar mais um dia.

O dia hoje está bem nublado, opto por uma calça jeans preta e blusa branca, por cima uma jaqueta azul bem escura, no espelho ajeito meu cabelo e passo apenas um hidratante labial de cereja, calço meus tênis brancos da Adidas e sigo em direção ao portão.

Fiquei muito feliz quando Phedro concordou em me encontrar aqui, esse lugar é incrível eu vinha aqui com meu pai e a gente amava. Depois que ele morreu eu nunca mais voltei, achei que ficaria triste, mas ao entrar me sinto arrependida de não ter vindo antes, a energia Boa do lugar me invade e sinto que isso será necessário no dia de hoje, não é atoa que meu pai e eu sempre gostamos daqui.

Escolhi uma mesa perto da janela, não esperei muitos mais e ele chegou, Phedro estava usando uma calça jeans azul clara e uma blusa cinza, por cima uma jaqueta marrom, aparentava cansaço. Assim que ele tirou os óculos escuros notei que assim como eu, não dormiu bem nos últimos dias. Nos cumprimentamos e pedimos café preto.

–Parece que gostamos das mesmas bebidas – ele fala enquanto coloca a pasta que trouxe consigo e cima da mesa-

–Você disse que tinha novidades, estou pronta pra ouvir- vejo que ele dá um sorriso de canto, mas não olha pra mim-

A Sombra de um crime Onde histórias criam vida. Descubra agora