𝐈𝐈𝐈 - 𝐄𝐦 𝐛𝐮𝐬𝐜𝐚 𝐝𝐞 𝐚𝐥𝐠𝐮𝐦𝐚 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐧ç𝐚

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Sua arte é sua propria vida.

     Izuku sentia a ponta de seus dedos formigarem, ele piscou enquanto afundava naquele oceano, a água era limpa e clara, permitindo que observasse o sol, mas não o sentir

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     Izuku sentia a ponta de seus dedos formigarem, ele piscou enquanto afundava naquele oceano, a água era limpa e clara, permitindo que observasse o sol, mas não o sentir.

   Seu corpo se acomodou na areia do oceano começando a dar visão de inúmeras plantas em um jardim lindo, a visão era magnífica e a perder de vista.

   Kachan corria por entre elas tentando alcançar o esverdeado. Midoriya se ergueu do chão indo de encontro ao loiro que o recebeu em um abraço apertado, mas, havia algo errado.

   Por que Izuku não sentia o calor de Katsuki? Seu rosto se afastou do ombro do amigo encarando os escarlates alegres que pareciam se contorcer numa tentativa falha de não chorar.

   Izuku agarrou mais firme Kachan, mas não conseguia sentir seu corpo contra o dele, ele apertou e apertou ao ponto de fazer o loiro desaparecer e só restar a si, ele agachou no Jardim tentou cheirar as flores, sentir as pétalas macias e húmidas, o caule molhado em suas mãos, mas novamente não conseguia.

   Ele não conseguia sentir nada exterior, seu coração acelerava as lágrimas secavam em seu olhar desesperado enquanto agarrava mais e mais flores começando a tira-las do solo, até ouvir, aquela voz fria ecoando no Jardim

   — Vai pular daí? —

   — Talvez. —

   As vozes se chocavam e mais altas ficaram causando incômodo em seus ouvidos até o fazer acordar.

   Ele se ergueu da cama, recuperando sua respiração, percebeu algo diferente no canto da sala, ah sim agora ele tinha companhia.

   Arrumou logo um sorriso no rosto e observou Tomura, o escarlate frio penetrava os esmeraldas, fazendo Midoriya sentir agulhas perfurarem sua pele querendo expor sua alma arranca-la para fora a qualquer custo.

   Aquele olhar sem vida agarrando os seus passando cumplicidade o fazia sentir um emaranhado no estômago, mas por sorte Tomura voltou a olhar o teto.

   Encarando o azul céu pintado neles com nuvens e estrelas como num final de tarde.

   — Insônia? —

   Falou Izuku, tentando puxar assunto com o albino.

   — Pesadelo? —

   Midoriya engoliu em seco, Tomura não parecia do tipo amigável, mas ele não tinha nada a perder, queria uma amizade, já que ambos compartilhavam o quarto agora.

   — É, eu acho que sim. — Disse coçando a nuca um tanto sem graça. — A primeira noite fora da sua sa-

   — Pesadelos.— Interrompeu Tomura com tom grave na voz chamando atenção do esverdeado. — A primeira queda mais desesperadora até o fundo do poço. — Indagou observando o teto

   — Depois vem a falta de sentimentos, ou é antes? Eu já não me lembro— Perguntou perverso volteando olhar para os esmeraldas que cresceram ao ver o sorriso sádico nos lábios secos. — Já faz um bom tempo que não lembro como é o processo torturante de morrer e ainda respirar. —

   As palavras atingiram o sardento causando agonia em seu peito. Tomura já estava em um estado muito pior que o seu.

   Era por isso que seus olhos eram tão frios e seu corpo tão magro mesmo com a altura que possuía, seu colega de quarto não queria mais viver.

   Ele chegaria a esse ponto também?

   Seu olhar focou no lençol entre seus dedos, de fato estava cansado, foram longos 8 anos sem poder tocar em ninguém e, isso causava uma falta enorme, não poder abraçar ninguém doía mais do que esperava.

   Ele evitou olhar a janela naquele instante e voltou a deitar, dando as costas para parede.

   — Você se lembra aonde errou? — Sussurrou Izuku.

   O albino não respondeu. Voltou a se revirar na cama dando as costas para o esverdeado, sabia que não poderia ficar muito tempo assim por ter seus braços presos ao corpo, fazendo seu peso esmagar o mesmo.

   A noite foi tomada pelo silêncio longínquo que resultou em um som agudo, Midoriya sentia seu coração bater lento e devagar, como sempre, parecia que nada o animava o suficiente.

   Ele observou as cicatrizes na mão, sentindo o entorpecimento tomar conta de si.

   Foi com incômodos no peito e mentes barulhentas que ambos passaram a primeira noite juntos em claro.

   Deku sentiu o sol aquecer suas costas pela janela, iluminando o quarto, fazendo o sono vir.

   Mas se dormisse teria pesadelos novamente, não queria isso, além do mais, teria visita hoje, Inko disse que Kachan tentaria vir, já que faltava poucos dias para o exame e o loiro precisava descansar e relaxar de qualquer forma e, também havia prometido ir vê-lo antes de tentar.

   — Eu balanço 'pra cá. — Cantarolou Sandy entrando com o café da manhã de ambos. — Ou será que danço 'pra cá? —

   Izuku riu da bobagem da morena que balançava o corpo enquanto alcançava a mesa para deixar o café.

   — Me digam, como foi a noite? —

   Puxou assunto repousando a bandeja sobre a mesa metálica, causando um som estridente no quarto silencioso.

   — Ótima. — Disse Izuku sorrindo. Tomura riu ladino com a atuação do esverdeado ignorando as bobagens de Sandy. — I-isso é frango? —

   Perguntou animado, seus olhos cresceram ao ver o caldo dourado acima da carne.

   — Yes! — Sorriu. — Você tem melhorado Izu então já pode começar a comer algumas coisas. —

   O esverdeado saltou da cama no mesmo instante, mantendo uma distância de um metro e meio da morena.

   — Não peguem da comida um do outro, ok. —

   Disse rindo enquanto se retirava, deixando Izuku avançar sobre a comida com certo desespero.

   Ele mordeu a coxa deixando o gosto invadir sua boca, tempero, a quanto tempo não sabia como era comer algo temperado, parecia o levar aos céus.

   Algumas lágrimas coagularam no canto de seus olhos com a imensa emoção de poder experimentar aquilo.

   — Não vai comer? —

   Perguntou ao albino que o observava.

   — Não. —

   — Não sente fome Tomura-kun? — Questionou vendo corpo magrelo do mesmo, mal afundar o colchão

   — "Kun" — murmurou.

   — Não deveria? Tomura-sama...? — O albino o olhou de canto com desdém, não havia motivos para que ele fosse admirado nem respeitado pelo esverdeado— Só Tomura, entendi. — Sorriu amarelo voltando a comer.

   Tomura observou com atenção o esverdeado, a poucas horas aquele menino estava afundando em si e agora esbanjava vida de uma forma que Tomura nunca conseguiria.

   De certa forma ele sentia raiva de Izuku, como ele podia ser feliz? Por que ele estava tão animado? Da onde vinha todo esse amor com a vida?

   Como ele conseguia? Por que Tomura não podia ter esse mesmo controle?

   Naquele momento ele sequer percebeu, mas Izuku estava o causando algo. Estava entrando em sua mente, mexendo com suas emoções sem nem tentar.

Contínua...

𝙲𝚛𝚘𝚗ô𝚖𝚎𝚝𝚛𝚊𝚐𝚎𝚖 𝚎𝚗𝚝𝚛𝚎 𝙰𝚕𝚖𝚊𝚜 |BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora