𝐗 - 𝐄𝐮 𝐨 𝐚𝐦𝐨

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❝Não sei me despedir de você.❞

       O vermelho vivo das paredes era o mesmo de quando viu a porta do quarto de Izuku, nunca questionou a cor diferenciada, na época sequer deu atenção ao detalhe

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       O vermelho vivo das paredes era o mesmo de quando viu a porta do quarto de Izuku, nunca questionou a cor diferenciada, na época sequer deu atenção ao detalhe.

   Mas agora era rodeado por esta cor, em todas as 4 paredes pintadas. Aquele vermelho era o mesmo de quando Midoriya corava. Lembra que achava aquilo idiota para alguém de 12 anos, porém agora tinha certeza que era a coisa mais linda e fofa que já vira.

   Seu coração poderia pular uma batida errada se tivesse a chance de o ver novamente, os olhos esmeraldas tímidos desviando do seu com rubor logo abaixo, a voz mansa e angelical falhando ao falar consigo.

   Em certa medida, era difícil admitir para si mesmo o que estava sentindo. Que depois de 12 anos com apenas dor e entorpecimento, agora sentia algo quente, aconchegante, uma chama inofensiva repleta de um calor que até então ele desconhecia.

   Tomura já tinha 16 anos, mas nunca havia se apaixonado. Isto era algo meramente impossível em sua vaga existência, alguém que carregava morte para todo canto ter a chance de amar? Parecia piada. Ele riria se não estivesse provando disto.

   Só que aquela chama inofensiva, estava esfriando, ao mesmo que aumentava violentamente, queimando o peito de Tomura sem cuidado, sufocando e acabando com seu oxigênio diversas vezes.

   Aquela chama, como já esperado, estava o ferindo. A falta de Izuku doía mais do que a vida que imaginou que poderiam ter tido sem sua individualidade por anos.

   Midoriya era como a vida. Sim, vida. E ele a tola morte apaixonada, incapaz de o tocar, de o sentir.

   Lembrar-se da expressão desesperada de Izuku ao vê-lo partir vinha o torturando durante todo aqueles 5 dias. A esperança de se reencontrar o traindo todos os dias.

   Ele queria conversar com Izuku, com palavras, assim como o esverdeado brigou que preferia. Agora ele entendia, a vontade de dialogar, conhecer, simplesmente ouvir o som da voz do outro, conseguir um sorriso ou dois, o som de uma risada, o tom baixo, alto, alegre, triste. Todos eles. A expressão para cada história que contasse.

   Droga. Tomura nunca pensou que voltar a sentir seria tão doloroso.

   — Zuzu. — Inko chamou. O tom baixo, quase falho.

   As lágrimas caiam como uma queda de cachoeira pelos olhos esmeraldas, a fúria de um furacão parecia balançar todo pilar frágil que fora construído durante muito tempo entre Izuku e Inko. Desabando todo pedregulho do falso castelo montado deles com fúria sobre os corpos desprotegidos.

   — Você o tirou de mim! —

   Apontou Midoriya. O filho sempre calmo e sorridente mostrava um lado completamente alterado como Inko nunca havia visto. Seu filho parecia estar quebrado, quase morto, expulsando toda sua angústia nas poucas palavras e em muitas lágrimas.

   — Zuzu calma voc-

   — Não! — Sua voz fanha tremendo no ar. Inko estava preocupada com o estado frágil do filho, viera correndo assim que soube do ataque de pânico do mesmo. Agora descobria o motivo, que ela era causa disso. — Eu quero ele de volta, é meu único amigo. —

   A súplica era quase vergonhosa, mas Izuku não se importava. Seu peito estava tão pesado com aqueles sentimentos que quase tiravam-lhe o coração, parecia que as rachaduras de suas feridas internas enraizavam em sua alma inexperiente em lidar com dores emocionais.

   — Por que você fez isso? Era pessoa mais próxima que eu tinha. —

   Esbravejou de novo, os soluços ganhando intervalos maiores, afogando suas palavras entre uma lágrima e outra com tanta dor que Midoriya poderia sentir um buraco vazio em seu peito o engolindo. Apertou com as mãos o local, certificando-se que de fato não estava sem uma parte sua.

   — Como? Izuku você poderia ter morrido! O que espera que eu faça se isso acontecer? —

   Debateu com o garoto, ela também tinha seus motivos, suas dores para tomar tal decisão e por isso a resposta seguinte, doeu como inferno.

   — Siga sua vida! Seja livre! O que mais? —

   Respondeu de volta, seus olhos doíam em tentar manter a visão clara para mãe. Inko hesitou por um momento, suas lágrimas teimosas finalmente também caindo.

   — Como pode dizer isso?! Faz ideia do quanto sacrifício eu tenho para te manter aqui? Seguro? A salvo? Do quanto você é importante para mim? —

   Dessa vez sua voz saiu nervosa. Como Izuku poderia ousar negligenciar sua vida daquele modo? Isso a deixava desesperada. Mas ela também entendia. Midoriya nunca saiu do quarto, não podia tocar em ninguém, quem gostaria de levar aquela vida? Ela sabia, estava sendo egoísta. Mas era seu menino, seu doce Izuku, ela não desistiria dele nem por um milhão de outras chances de uma vida solo melhor. Izuku era seu mundo.

   Foi a vez de Izuku se manter calado. O que estava fazendo? Perdendo a cabeça com a pessoa mais importante de sua vida? Gritando com sua mãe como um ingrato? Tudo que ele tinha que fazer era viver por ela, apenas, mas como? Como desistir de Tomura assim?

   — Nunca mais diga isso! Não pode medir sua importância para mim dessa forma, aquele garoto poderia ter matado você! Sabe o trauma que renderia a ele, a dor que me renderia? Como nós dois iamos ficar? — Jogou seus argumentos novamente, um silêncio curto se estendeu, ela suspirou antes de falar algo que sabia que iria doer. — Izuku, você não pode ficar com ele. —

   Falou em um tom mais baixo. Aquilo foi como um gatilho para o esverdeado. Era verdade, não importava se Tomura voltasse, ele não poderia ficar com ele, não poderia chegar a menos de 3 metros, não poderia o abraçar, não poderia fazer nada.

   Suas pernas falharam o lançando ao chão.

   — Eu sei. — Admitiu. A voz embargada de uma decepção e tristeza tão exatas que feria Inko. — Mas ainda sim, eu queria. —

   Soluçou, aquilo partia o coração da pobre mulher. Ela não mudaria sua ideia, não! O risco era enorme, mas como ela diria não? Depois da forma como Izuku a olhou, com tanto brilho nos olhos e sinceridade que ela jamais havia visto, era uma felicidade tão pura que quase anulava todo clima doloroso de minutos atrás, quando o mesmo colocou em palavras:

   — Eu quero, por que eu amo ele. —

Contínua

Capítulo revisado graças o dono do meu cú: fujoshifooda_ 🖤

Caso queiram alguém para ajudar com a betagem (revisão de caps) falem com ele👆

Obrigada pela leitura.

𝙲𝚛𝚘𝚗ô𝚖𝚎𝚝𝚛𝚊𝚐𝚎𝚖 𝚎𝚗𝚝𝚛𝚎 𝙰𝚕𝚖𝚊𝚜 |BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora