𝐈𝐗 - 𝐀𝐭𝐚𝐪𝐮𝐞 𝐝𝐞 𝐩𝐚𝐧𝐢𝐜𝐨

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É sobre como você tem resistido e é normal estar cansada.❞

       Olhar os idosos e crianças no gramado do hospital, já não o dava conforto, pelo contrário, o sufocava

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       Olhar os idosos e crianças no gramado do hospital, já não o dava conforto, pelo contrário, o sufocava.

   Tentar achar as flores de cores vividas e diversas espalhadas pelos canteiros, bonitas, não preenchia mais seu peito, nem sequer o animava.

   Não tinha vontade de ver as crianças e abraça-las. Por mais egoísta que fosse, a única pessoa que ele aceitaria abraçar é Tomura.

   Inko abriu a porta, vestida com as roupas de segurança, continha um sorriso triste no rosto e uma expressão culposa, ao ver o filho.

   Izuku tinha os olhos relaxados, sobrancelhas caídas de forma penosa no rosto e seu lábios curvavam minimamente para baixo, acompanhado de um olhar frio e vazio, sem um resquício do costumeiro brilho.

   — Zuzu! —

   Chamou Inko, dando um sorriso ao filho. Izuku virou o rosto surpreso com a presença da mãe, forçando meio sorriso de volta.

   — Mãe. —

   Cumprimentou vendo ela se aproximar.

   — Zuku, por que essa cara triste? —

   Houve um lapso de tristeza em sua mascara sorridente, mas logo ele se recuperou olhando para mãe, sem responder a pergunta.

   — Assisti à por lugares incríveis. — Desviou assunto. — A senhora só me trás filme para chorar. — Brincou.

   O sorriso triste, deixando uma lufada de ar seca sair dos lábios. Inko suspirou.

   — Trarei alguns mais animados Zuzu. —

   Garantiu contente. Em seguida seu celular aptou avisando que o horário de trabalho chegava. — Te amo querido. —

   Se retirou da sala deixando silêncio incômodo se alastrar. Era primeira vez em que não dizia que Izuku sairia de lá após o visitar.

   O esverdeado sentiu peso de sacos de areia pensar em seu peito, clamando por algo além daquele quarto, por Tomura.

   Se levantou da cama fina, deixando os pés descalços experimentarem do chão frio. Os passos seguiram até a parede em que o platinado havia se escorado inúmeras vezes quando ainda era seu colega.

   — Eh Tomur-kun, sabia que aqui era floresta onde eu caçava borboletas com Kachan. —

  Conversou com si mesmo, era algo acostumado a fazer por viver sozinho, só que fantasiar sobre companhia de Tomura não era como de sua mãe ou Katsuki, a de Tomura doía. Doía porque ele não voltaria em uma semana ou duas.

   — Ele nunca me contou a história completa das pinturas. —

   Falou para Sandy. A morena repousava comida escassa do platinado na costumeira mesa metálica, seus suspiros tristes eram contínuos incapazes de serem controlados, seus cabelos lisos normalmente bem penteados, amarrados em um coque que não receberá muita atenção.

   — Não? Ele adora falar disso. —

   Falou triste, passando as costas da mão em seu nariz que fungava por vezes. Tomura repousava olhar morto no chão ainda branco sem muito interesse.

   — Pintou de vermelho para doer, ou para acalmar? — Perguntou à morena.

   — Eu não sei. — Admitiu. — Acho que qualquer um dos dois é bom para você. Não? —

   Repousou a mão no ombro de Shigaraki com aperto apreensivo, parecia querer dividir as bagagens de culpa e dor com ele, de quebra quem sabe, acolher.

   Tomura riu seco. Ela estava certa, qualquer um era bom para alguém que já perdeu sentido da vida a tempos por esquecer como é sentir-se vivo, nem que fosse por meio da dor.

   A pele seca de seus lábios racharam quando ele os mordeu, era única coisa que poderia fazer para descontar a dor, visto que suas mãos ainda continuariam presas naquela camisa de força, aparentemente, até o fim de seus dias.

   — Obrigado. —

   O agradecimento que parecia banal visto por fora, fez Sandy hesitar um passo para traz e contorcer sua expressão em uma careta de choro que engoliu amargamante até seu estomago com peso de uma pedra.

   — Gomena'sai. —

   Repetiu saindo da sala. Ter aquele agradecimento de Tomura era mesmo que saber que o albino finalmente havia se livrado nem que por instantes de seu nilismo, mas em troca de que? De apenas sentir-se vazio novamente? Do que adiantaria? Tomura voltaria a estaca zero em algum momento ao reprimir os sentimentos por Izuku e, isso o levaria  pensar que não existe nada de bom na vida.

   Seu corpo chocou com de Andy no corredor, sendo recebida pelo abraço da loira que não insistiu em perguntar sobre o que se passava, não era como se não soubesse.

   No andar acima, seguia o mesmo, mas diferente da morena não havia um colo quente para confortar Midoriya. Frio era algo com que estava acostumado, algo que até gostava.

   Porém agora se mantinha sobre os raios solares que adentravam sua janela, nunca considerou tanto à pular como agora.

   Mas talvez Tomura ainda o estivesse esperando, talvez Sandy estivesse resolvendo problema, talvez as coisas fossem dar certo.

   Não, não vão

   Midoriya não é digno de conhecer alguém como Tomura, de abraçar alguém, Izuku é horrível, repugnante, deveria pular da janela, deixar sua mãe seguir sua vida livremente, sem ter que carregar a escória que era em suas costas, deixar Kachan seguir seu sonho sem ter que arrumar tempo para si, deveria morrer e livrar Sandy de se sentir inútil com a situação, deveria desaparecer.

   Seu peito apertou com tais conclusões e as lágrimas escaparam desesperadas, rolando como rios por seu rosto, não importava o quanto caiam, não amenizavam sua situação patética.

   Sua cabeça doeu, seu corpo esfriou e enfraqueceu diante a crise que tinha no momento, o ar faltava, seus pulmões ardiam e ele perdia noção do mundo a seu redor.

   Mesmo que Tomura voltasse, ele não iria sentir o mesmo, iria o desprezar como fez desde que chegou, ele não tinha intenção de ser amigo de Izuku, pelo contrário, Tomura o odeia, o despreza.

   Um entalo na garganta que parecia arranhar a carne da mesma raspou como se engolisse tais pensamentos sentindo coração acelerar desenfreado pelo medo.

   Tomura não voltaria, ele estaria decepcionado, Tomura não voltaria.

   Isso doía como inferno e deixava seu corpo trêmulo se jogar no chão pelas pernas falhas e o suor exagerado em suas mãos.

   Seu medo de o perder o consumiu tanto que o sufocou em um ataque de pânico que não acabará de outra maneira se não um desmaio.

   Largado sozinho no chão frio daquela jaula, não era nada fora do comum na vida do garoto.

Contínua
   

𝙲𝚛𝚘𝚗ô𝚖𝚎𝚝𝚛𝚊𝚐𝚎𝚖 𝚎𝚗𝚝𝚛𝚎 𝙰𝚕𝚖𝚊𝚜 |BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora