"Mesmo quando nos curamos,
nunca mais voltamos a sermos
os mesmos."Faziam horas que os dois não paravam de conversar, e em certo ponto eles se sentaram no chão ficando a risca de 3 metros, sempre.
Izuku quis jogar cartas, mas com as mãos presas do platinado não pôde. Assistiram então os filmes que Inko trouxera juntos, onde a tevê ocupou a maior parte do silêncio mútuo entre eles com um conforto acolhedor. Haviam conversado sobre diversas coisas e corrido pelo quarto extenso, a regra era que se Tomura chegasse à risca de 3 metros e meio, Izuku teria sido "pego" e seria sua vez.
Muitas outras vezes Sandy observou pela porta o silêncio calmante entre eles. Ambos apenas paravam e se encaravam como se estivessem explorando o interior de cada um por seus olhos, ou para apreciarem suas companhias.
O mundo dos dois era constituído por aquele quarto e a solidão compartilhada entre eles.
Semanas se passaram e eles estavam cada vez mais próximos, seu progresso em se tornarem amigos depois de voltarem ao mesmo quarto foi muito mais rápido do que da primeira vez.
Sandy se sentia orgulhosa com isso, era como ver seus dois pequenos bebês crescerem e evoluírem como ela tentou por anos, sem conseguir nenhuma resposta.
No início, Tomura não era mais do que um morto vivo preso entre os quartos daquele hospital, abandonando o restante de sua sanidade.
Era alguém que ao pisar naquele quarto nunca teria imaginado as coisas que se sucederam ao conhecer o esmeraldino. Para ele, Midoriya era só mais alguém em perigo ao estar em sua companhia, uma de suas futuras vítimas, só mais alguém com azar de cruzar o mesmo caminho que o seu.
Mas agora ele estava lá, sorrindo, Sandy nunca viu um sorriso que não estivesse banhado em armagura e ironia escorrer dos lábios do albino. Porém agora ele sorria largo, poderia ser até um pouco assustador de se ver. Sandy riu. Ver aquilo não tinha preço.
Mas a vida sempre tem algo para pesar em nossos peitos, não importa o quão felizes ou bem estejamos. Sandy com toda certeza não se arrependia de nada até aqui, mas eles não podiam ficar juntos. Isso também a machucava.
Mesmo Tomura se tornando alguém importante para Izuku, o esverdeado não podia deixar ninguém se aproximar pelo seu próprio bem, eles nunca sequer poderiam segurar a mão um do outro.
Teriam que viver com os desejos e necessidades encabulados enquanto estão cara a cara, pois nos milímetros entre eles, cabem todos os abismos.
A morena estava em sua mesa enquanto pensava em tudo aquilo, os braços cruzados e olhar focado demais no piso branco, todos os fios soltos de seu cabelo caíam cortando a visão que tinha. Não que se importasse, estava apenas imersa demais dentro de seus raciocínios para enxergar o mundo do lado de fora.
Tudo aquilo apertava em seu peito como uma máquina de triturar carne, seus ombros estavam tensos, seus olhos doíam e poucas coisas importavam no momento além de sua preocupação com os dois.
Midoriya e Tomura se tornaram filhos preciosos ao seu ver, e tudo aquilo doia em sua pele com uma queimação árdua.
Suas unhas estavam sendo trituradas por seus dentes impacientes, e a maneira como estava jogada na cadeira de sua sala poderia a deixar com dores na coluna posteriormente.
Ela só sentiu voltar ao mundo real quando uma lágrima quente desceu de seus olhos, dando passagem a várias outras, num silêncio doloroso.
Ela deixou de morder as unhas para fincar seus dentes no lábio inferior, seu corpo todo se inclinou e ela finalmente deixou um suspiro escapar ao chorar baixinho.
Angel surgiu ao abrir a porta no exato momento, a prancheta repousada em seu braço direito afroxou e ela entrou deixando que os burburinhos de fora ficassem aonde estavam, devolvendo silêncio ao trancar a porta.
Ela deixou seu material de trabalho sobre a mesa da esposa e puxou a cadeira de atendimento até atrás da mesa. Em nenhum momento Sandy quis levantar seu rosto e mostrar seu estado. Ela foi puxada para repousar no peito de Angel e chorar em seu abraço.
Foram alguns minutos daquela forma até Sandy puxar o ar com mais força e levantar, as veias em seus olhos pareciam prestes a estourar, deixando um tom avermelhado por eles.
Seus passos inquietos saíram de um lado a outro sendo acompanhados pelo olhar da loira, onde passou a mão em seus cabelos tentando de alguma forma se recompor.
Como se estivesse sendo impedida disto, ela voltou a derramar mais lágrimas. E indo de encontro ao chão ela se deixou apoiar no colo livre da mulher e chorar mais um pouco, e entre um soluço e outro ela falou:
— Agora eles estão tão felizes, juntos, mas não podem se tocar.— Choramingou no colo da esposa.
Angel deu leves tapinhas em suas costas totalmente desacreditada na bagunça que ela havia feito, e pelo motivo de todo seu choro.
— Como vão ser felizes presos aquele quarto, sem poder chegar a 3 metros um do outro? Isso dói Angel, por que eles não podem ser felizes? Por que a vida ainda trata pessoas tão boas e inocentes dessa maneira? Eles poderiam ser como todos, mas existem essas malditas individualidades estragando suas vidas. —
O silêncio se estendeu. Não havia uma resposta para aquilo. A vida simplesmente era como era, não havia nada de justo nela. Ela simplesmente não optava por bons e maus, só seguia seu fluxo sem se importar com as avalanches que formava na existencia dos que eram seus reféns.
Em uma das hipóteses, a vida não era nada além de uma sádica, viciada em apostas.
Sandy fungou, ela deu um leve riso antes de falar:
— Eles parecem um drama romântico daqueles filmes americanos, e eu me sinto como se fosse a roteirista maldosa que cria um amor impossível e magoa todo mundo.—
Angel riu também com a comparação.
— Sim, agora você me deve um final feliz para o fim desse filme, ou eu vou ficar bem chateada. —
Respondeu. Sandy ergueu seu olhar sem entender.
— Faça acontecer, você sempre tem uma resposta pra tudo. Conheço você, sei do que é capaz.
Contínua
Cap revisado pelo dono do meu kur fujoshifooda_
N/A: A semana foi tão corrida que eu esqueci completamente de postar heros, desculpa
... Yep estamos chegando em partes felizes amores, os próximos caps seram alegres um pouco... quentes talvez kkkk mas não garanto que rios não seram derramados depois novamente.
Obrigada pela leitura🖤
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𝙲𝚛𝚘𝚗ô𝚖𝚎𝚝𝚛𝚊𝚐𝚎𝚖 𝚎𝚗𝚝𝚛𝚎 𝙰𝚕𝚖𝚊𝚜 |BNHA
Fanfic"𝑃𝑟𝑒𝑐𝑖𝑠𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒 𝑞𝑢𝑒𝑚 𝑎𝑚𝑎𝑚𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑎𝑠𝑒 𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑜 𝑜 𝑎𝑟 𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑚𝑜𝑠." Tem alguma forma diferente de se comunicar, uma forma que invade além da pele dos dois, uma que os toca se...