Faith

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Morar sob o mesmo teto de Jenny Fraser Murray era uma tarefa hercúlea, quando a mesma desconfia de nós, ela nunca abaixa a guarda, sob nenhuma circunstância,pelo menos com Brianna ela a tratava como uma filha, com todo carinho e amor que demonstrou para com seu irmão.
Contudo, eu não me sentia bem sem contar toda a verdade para minha irmã do coração, mesmo com a possibilidade dela achar que estou louca ou que sou uma bruxa, pelo menos acredito que Jenny não teria coragem de mandar a mãe de sua sobrinha e esposa de seu irmão para a fogueira.
Enquanto trabalhava em meus afazeres diários, pensava em como abordar minha cunhada. Havia dias que ela estava ainda mais arredia comigo, que mal me dirigia a palavra e que ainda ficava irritada quando Ian ou as crianças falavam comigo.
Para completar sua irritação Fergus havia retornado da França ,a trabalho com Jared,meu filho do coração havia se tornado um belo homem, aos dezoito quase dezenove anos, estava alto e havia perdido quase todo seu jeito infantil. Ficou emocionado por nos reencontrar, ainda que tenha sido um choque descobrir que ele havia sido mutilado. Brianna ficou em êxtase ao descobrir que tinha um irmão mais velho adotivo, minha pequena e os primos passavam o dia atrás de Fergus perguntando como era o mundo la fora e quais aventuras o mesmo tinha tido.

-Milady, Santo Deus, você conseguiu retornar para nós, as fadas te devolveram...

Essas foram as palavras de Fergus quando nos reencontramos, e mais tarde ele me perguntou se poderíamos conversar sozinhos.

- Milady, como você fez para as fadas te devolverem para nós? Eu sei que você no estava na América ou na França como falou para milady Jenny, milord falava de você às vezes, que você e a criança estavam muito longe, que haviam partido, sabia que você estava viva. Só que sempre entendi que não estava "neste mundo", eu sei que milady é uma dama muito especial e que não parece com as filles desse tempo. Muitas senhoras pelas redondezas passaram a dizer que você é uma fada ou que nos foi trazido por elas. É verdade? Milady e pettit lady Bree vieram com as fadas? Isso explicaria o porque de você saber tanto e pettit fille é diferente das outras crianças...

Jesus H. Roosevelt Christ , Fergus havia descoberto meu "segredo", será que Jamie o contou? Não havia como saber, contudo , ele havia percebido e realmente entendeu que não pertencíamos a este mundo.

Por fim decidi contar-lhe tudo, afinal ele era meu e de Jamie, mesmo que apenas do coração. Diferente do que imaginei ele acreditou e não ficou em choque, apenas quis fazer perguntas de como era o futuro, e ainda me aconselhou a tentar contar tudo aos Murray...

-Milady, eu sei que é difícil, milady Murray se faz de durona, mas eu vi o quanto ela sofreu ao acreditar que a havia perdido. Depois perdeu milord, ela vai entender...

Realmente o pequeno Fergus havia se tornado um homem, e Jenny o havia criado bem. Agora me restava tentar salvar minha relação com a mesma, só precisava descobrir o melhor momento, porque discutir com um Fraser estressado, era algo para se preparar psicologicamente. Infelizmente, como Jamie ja havia dito inúmeras vezes, que eu era tão teimosa quando se tivesse nascido Fraser; meu momento com Jenny não chegou em um dia pacifico...

Era possível se ouvir os gritos de longe do celeiro, trazendo alguns espectadores futriqueiros , junto de um preocupado Ian.

- Jenny, querida, vamos para dentro, nem toda a propriedade precisa ouvir uma briga familiar...Vão crianças, saião não vão ficar ouvindo conversas de adultos.
- Eu só queria conversar e consertar as coisas, mas você precisa ser mais cabeça dura que seu irmão? Jamie teria me ouvido pelo menos...
- Não ponha meu irmão na história! Você nos abandonou, voltou agora com uma história e ainda quer me falar agora que era mentira?
       -Não estou mentindo...Eu queria te contar o que aconteceu comigo, não são mentiras, algumas partes eu mudei porque se te contasse a verdade não iria acreditar. No entanto, quero contar a vocês a verdade de onde vim.Especialmente por que sei que Jamie vai voltar...
       -Agora vai inventar que meu irmão vai voltar? Quer nos iludir, não fale o que não sabe, meu irmão foi preso, sabe se lá se ainda vive...Sempre com meias verdades ou mentiras, tudo não passa de ilusão. Eu a aceitei aqui na primeira vez, mesmo sendo uma sassenach desconhecida, por meu irmão a amar, agora a aceito pela menina, mas também porque tudo é seu por direito... Estou cansada dessa histórias, você pediu para plantar batatas ,plantei, nos salvou por mais de um inverno, nos manteve alimentados... Você sabia que antes do pequeno Ian eu perdi uma criança? Wee Caitlin, foi difícil,mas nós sobrevivemos... Até parece que estar na América ou qualquer outro lugar faria você abandonar meu irmão sozinho... Eu tive que lutar para ele ficar vivo, ele voltou moribundo, me mandou deixa-lo morrer inúmeras vezes quando tinha febre...Aonde você estava?
          -God! Eu estava em outro século! Isso Janet! Eu não pertenço a está era, eu atravessei a barreiras do tempo, em um círculo de pedras,círculo de fadas, o nome que vocês conhecerem... Eu vim parar aqui sem querer, assim que conheci Jamie e tudo mudou... Eu nasci no ano de 1918 e Brianna nasceu em 1948... Nós voltamos no tempo agora... Porque antes, eu acreditei que Jamie havia morrido após Culloden. Ele me mandou de volta, Jamie me forçou a voltar, porque sabia que nós precisávamos salvar Bree... Nunca o teria deixado, nem ele ,nem a vocês...

Continuei falando tudo de uma vez, Jenny havia conseguido me tirar do sério. E nervosa eu cuspi toda a verdade para fora, a ponto da mesma se calar e prestar atenção. Ao final, havia eu chorando, com Ian e Jenny atônitos, ao recuperar o choque, minha irmã corre para me abraçar, choramos ainda mais.

    -Claire, tudo é muito confuso, mas faz todo o sentido... Assim eu sinto a verdade, e a vejo como realmente é... Desculpa-me.

Ao final do dia, após contarmos a verdade as crianças, pedindo que as mesmas não falassem para ninguém fora da família , mostrei as fotos de Bree para todos, que ficaram maravilhados e horrorizados. Consigo enfim ir para meu quarto, quando penso que era só fazer minha higiene para por me deitar. Bree entra e ainda eufórica,pede para passar a noite comigo, no começo dormíamos juntas em minha cama, com minha menina ficado inseparável das primas, ela passou a ficar no quarto junto as meninas. No entanto, percebo que hoje ela quer um momento mãe e filha...

A pequena, não tão wee Bree deita ao meu lado e começa a conversar...

               -Mama, o qual a diferença do papai Frank para o pai Jamie? - pergunta ao me olhar com seus grandes olhos de gato, tão iguais aos de Jamie, mas tão inocentemente infantis.
               -Frank foi seu papai do coração, mas ele não gerou você... Quem a gerou foi Jamie... - Após o choque inicial sobre sua curiosidade ao tópico do assunto, respondo da melhor maneira.
               - Como assim gerou? - Disse com sua melhor feição de confusão.
               - Bree o que eu te falei sobre como são feitos os bebês? -Assumo minha melhor postura didática para a conversa.
               - O papai coloca a sementinha na barriga da mamãe e o bebê cresce igual uma plantinha... Mas porque não foi o papai Frank que colocou a semente? - Sempre muito inteligente e sagaz, logo entendeu o ponto da questão.
               - Isso meu amor, Frank era estéril, ele não tinha sementinhas...
               - Ah...Então o Jamie tem?
               - Tem sim darling.
               - Se ele tem sementinhas...Quer dizer que quando ele voltar ele vai colocar mais na sua barriga e me dar vários irmãos e irmãzinhas? - Conclui com sua carinha de eureka ,sanando sua dúvida de anos ,do porque nunca lhe deram seus irmãozinhos que ela tanto pediu...
               - Jesus H. Roosevelt Christ... não sei darling... -disse enquanto minha filha dava risadinhas e virava para dormir.

Passando o susto inicial sobre o tópico escolhido por Bree, já a havia contado o melhor que sua cabecinha poderia entender sobre seus pais, só não acreditava que minha menina teria um raciocínio tão rápido. Realmente ela passou algum tempo me pedindo irmãos, mas dizia que não teria como ou sempre mudávamos de assunto, com o tempo a mesma esqueceu. Ai ai, como as crianças crescem rápido... Olho novamente para Bree, que já se encontra dormindo e sorrindo, assim como Jamie...

            -Ai, ai , James Fraser ,aonde você está? Quando volta para nós?

Alguns meses após Jenny e eu nos reconciliarmos, chega uma carta da Inglaterra para Ian e Jenny, de ninguém mais que Jamie!
Nos contando que a prisão onde esteve foi fechada, que o chefe encarregado o ajudou lhe deixando a serviço de uma família inglesa, na propriedade de Helswater. Ele era cavalariço chefe , que ganhava alguns trocados ,que juntou para nos mandar, dizia estar bem, pelo menos estava com os cavalos,e não na prisão, não sabia se poderia voltar um dia para casa...Mas era o melhor por enquanto...Preferi que não lhe contassem pelas cartas que eu havia retornado, poderia o deixar nervoso, e ele poderia tentar fugir ,o que não era o ideal. Queria acreditar que meu marido seria solto, que em liberdade poderia voltar para casa.

A frequência de cartas era baixa, mas só de termos notícias era ótimo, elas passavam de mão em mão até conseguir nós, e claro que sem consentimento da rica família inglesa que o empregava. Tal arranjo durou por cerca de dois anos...

Até que um dia ,saio para a frente da casa ao ouvir uma gritaria das crianças...

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Oie! Voltei... Sei que demorou muito... Mas já devem imaginar quem retorna no próximo capítulo... Que já está quase completo também!
Obrigada a quem continuar acompanhando.... Não esqueça da estrelinha e do comentário.
Até o próximo

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