Capítulo 01 - CODA

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Eram seis da tarde, o céu azul se escondia tímido deixando cores vívidas valsarem no céu. O vento sibilava mavioso, orquestrava toda a composição crepuscular. E ali, bem ali, em um cantinho insignificante na rua, corria Victor. Levava em suas mãos um pequeno buquê de flores, seis rosas vermelhas, flores as quais economizou o mês para consegui-las.

Seu fôlego renovava a cada passo que dava. O ar entrava frio em seus pulmões beijava suavemente seu rosto. Seu corpo parecia dançar com o levar do vento. Estava leve, parecia levitar. Seus pés quase não sentiam o chão, rápidos e enérgicos flutuavam pelas calçadas, ruas, esquinas. Estava indo ao encontro de seu grande amor, e todo seu corpo acompanhava esse baile.

Não, não estava atrasado, estava ansioso para revê-la. Na verdade, fazia uma semana que não a via. Trocavam apenas mensagens nas quais Victor lembrava de todas elas como se fossem um texto sagrado. "Estou louca para te ver de novo meu amor", "sinto sua falta ", "queria você aqui comigo", eram as frases de sua amada que recitavam em sua mente como se fossem um coral completando toda a valsa da natureza.

Nunca estivera tão feliz. Na verdade, era a única coisa que o levantava da cama todos os dias com um sorriso enorme no rosto. Lembrar dos cabelos negros como a noite roçando aquele nariz fino e perfeito, o sorriso bobo e espontâneo seguido de um olhar castanho tímido.... ah, era toda a inspiração que precisava para tudo.

E agora, a dança chegava ao seu auge, o portão dela estava ali bem na sua frente. Seu coração fazia a percussão, pulava forte dando o ritmo para todo seu corpo.

Din Don, fez a campainha.

Um olhar curioso aparece por detrás da cortina, olhar esse que Victor tanto ansiava em rever. Logo uma moça alta e esbelta estava no portão.

_ Oi meu amor. Estava com saudade de você e como trabalho aqui perto resolvi trazer uma coisa pra você. – Victor entrega as flores com o rosto corado.

_ Bom... Oi.... – A moça pega as flores e as cheira – São lindas.

Um olhar trocado. Um cumprimento. Os tambores de seu coração soam.

Victor pega a mão da delicada donzela. Com um beijo a chama também para toda a sinfonia de seu coração e da criação, a chama para a dança do amor que seu corpo todo exalava.

_ Victor...

_ Não consigo parar de pensar em você, quando acordo meu primeiro pensamento é você, quando vou dormir penso só em você. E não sendo bastante pensar o dia todo no seu sorriso lindo também sonho com ele. Emily... eu te amo e quero parar de pensar em você, parar de sonhar com você... Pelos céus, eu quero viver com você....

Victor se ajoelha na frente da moça.

_ Victor, por favor....

_ Emily, sei que estamos na frente da sua casa ao invés de um lugar caro e chique, sei que nos falamos a pouco tempo. Mas para que procrastinar certezas e perder um tempo que poderíamos passar juntos? Vim aqui porque não aguentava mais ficar tão longe de você, e não quero nunca mais ter meu coração tão longe de ti. Quero ter o prazer de acordar e ver você, de ver as estrelas e lembrar do tamanho do nosso amor, quero envelhecer e passar toda minha vida ao seu lado. Emily... Aceita namorar comigo?

_ ....

No coração de Victor a sinfonia atingira seu auge, o sopro já tinha soado em seu fôlego, a percussão em seu coração, as cordas em sua voz. Agora dependia do dueto dos amantes, a primeira parte foi cantada, no entanto.... silêncio.

O vento outrora maestro de canções de amor, agora soava vazio e melancólico. Uma pausa em toda sinfonia, uma ruína em toda melodia.

_ As flores são lindas, tudo o que você me disse é lindo. Não me entenda mal Victor, mas não quero dar um passo maior que minhas pernas. Quero me sentir segura em uma relação, ir no meu tempo. Você é todo intenso e sincero demais, desculpa, mas acho que eu só te magoaria.

Quimera de SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora