Dez (Revisão Completa)

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Seus pensamentos ruins já haviam se dissipado em sua mente; logo, tudo o que conseguia sentir era a dança fluindo constantemente em suas veias. Miranda já se sentia mais calma e tranquila. Entre suspiros aliviados e bocejos de cansaço, ao finalizar o restante da música, ela deu o seu melhor sorriso ao amigo, que se aproximou e a abraçou.

-É tão bom te ver de volta! - Chris respirava aliviado ao ver sua amiga radiante novamente, feliz por estar fazendo o que tanto amava.

-Calma, Chris, eu não vou sumir, estou aqui! - Ela ria, sentindo-se sufocada com o gesto do amigo.

-Ah, tudo bem, foi mal! - Ele sorriu novamente para ela; seu olhar transbordava alegria e felicidade ao ver a amiga radiante mais uma vez.

-Agora venha, precisamos conversar sobre um assunto muito importante. - Chris olhava a amiga ainda ofegante e sorria ao olhá-la. - Eu preciso que me diga o que iremos fazer quanto ao Devin. - Ele logo percebeu a decepção no olhar da amiga.

-Não sei se ele pode me ajudar, Chris. Ele nem presente está e... - Ela voltou a pensar em tudo o que havia passado horas atrás, mas logo balançou a cabeça em negação para afastar os pensamentos que haviam ferido seu peito pouco tempo antes. - E se ele desistir no meio do caminho? E se, por algum acaso, Swingcity me mostrar algo que eu não quero ver? E se, por algum acaso, ele não estiver preocupado com o dinheiro e sim com algo relacionado ao seu passado ou algo do tipo? - Miranda tentava de todas as formas não pensar naquilo, mas isso já estava se tornando um jogo de cintura para ela, expulsar pensamentos que a fizeram repensar até sua existência. Suas mãos estavam trêmulas, e sua respiração voltara a ficar ofegante. Chris, ainda preocupado com sua amiga, apenas a olhou fixamente nos olhos e pegou em sua mão. Seus olhares se cruzaram, e logo um sorriso fofo e meigo brotou do rosto de Chris.

-Apenas dance, Miranda. Somente isso. Pense bem, só você sabe o que fazer nessas horas - Ele sorriu e apenas abraçou a amiga, que logo entendeu o recado. Miranda caminhou a passos largos até a caixa de som e colocou a mesma música que havia tocado anteriormente. Novamente, "Phantom of the Opera" preenchia o salão, com sua melodia ora calma e serena, ora intensa e rápida. Logo, víamos Miranda rodopiando no salão a passos firmes e longos, enquanto Chris se retirava do recinto disposto a dar um fim àquela história.

Era uma tarde de quinta-feira, faltavam apenas 60 dias corridos para o maior evento de dança da história de Seattle. As ruas estavam movimentadas, os carros passavam de um lado para o outro, buzinando freneticamente em meio a um engarrafamento típico de um dia qualquer. O tempo estava cinza e escuro, indicando que uma tempestade cairia a qualquer momento. Chris andava a passos largos na calçada, dirigindo-se à casa da família Phillips. A chuva, que antes ameaçava cair sobre aquele céu acinzentado, agora dava os primeiros indícios de que a tempestade estava a caminho, com gotas pingando no rosto moreno de Chris e percorrendo o caminho em sua face.

Logo, Chris encontrava-se diante dos portões imponentes da Mansão Phillips, observando o arco de ferro desgastado pelo tempo. As câmeras focavam em Chris, e o portão se abriu assim que ele foi reconhecido por Devin ao fundo. Ao entrar no jardim da mansão, Chris logo notou alguns detalhes na decoração, como o nome imponente e majestoso da família Phillips escrito na grama aparada manualmente, com brasões detalhados ao redor. À frente da escada de entrada da mansão, uma fonte redonda e gigante completava o perfil magnífico do jardim, com peixes exuberantes que pareciam dançar ao som de uma melodia ao fundo.

Logo, os olhares de Chris e Devin se encontraram, e Chris percebeu, rapidamente, que a visita não foi uma ótima ideia.

-O que você quer aqui? - Pergunta Devin, seco.

-Precisamos conversar! - Responde Chris, olhando-o com semblante sério.

Enquanto isso, no salão da casa de Miranda, ela terminava os acordes finais de sua música quando o ambiente foi tomado por outra melodia. Essa melodia era "Beyond the Veil" de Lindsey Stirling. O esplêndido toque do violino começou a preencher o imenso salão, fazendo com que o corpo de Miranda se entregasse. Quando ela se deu conta, lá estava, fazendo os mesmos movimentos e rodopios que, há um dia atrás, a levaram para o majestoso mundo de Swingcity. Miranda sentia seu corpo flutuando, seu coração batendo numa intensidade imensa, e seus pés logo saindo do chão. Ela estava atravessando o arco dourado e azul de Swingcity.

No Compasso do Coração (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora