Onze (Revisão Completa)

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-Mãe?!

A mulher é surpreendida, e ao se virar, Miranda conseguia ver nitidamente seus traços: cabelos castanhos que vinham até a cintura, o nariz fino com as sobrancelhas feitas perfeitamente, os olhos cor de mel davam a perfeita impressão de a quem Miranda herdou tamanha beleza em seus olhos. O sorriso, agora fraco, mostrava claramente os dentes alinhados perfeitamente e brancos, da cor da neve.

-O que faz aqui? Como veio para cá? - As perguntas escaparam da boca de Miranda, que olha atentamente para sua mãe, aguardando a resposta.

-Filha? É você? – Cristina olhava fixamente para Miranda, como se tentasse reconhecer a filha depois de muitos anos sem vê-la.

-Como? Quando? - Miranda perguntava, atônita.

-Calma, filha, eu posso explicar! - Cristina tentava acalmar a filha, olhando-a fixamente nos olhos.

-Não, impossível, você morreu! Eu vi, no concurso, a bala atravessou o Ethan, e acertou você! Os médicos chegaram e disseram que você não resistiu! Como?! - Miranda estava atordoada, sem chão e totalmente estagnada. Ver sua mãe ali parada à sua frente, a visão da mulher que, anos atrás, fora baleada em um concurso era demais para ela.

-Eu não estou viva, Miranda! - Cristina diz quase que de imediato, fazendo com que Miranda se calasse, preparando-se para ouvi-la. - O que você está vendo na sua frente é apenas a alma da sua mãe, presa aqui nesse mundo que para mim não passa de um pesadelo! Estou presa aqui porque não consigo passar pela ponte.

-Ponte? Que ponte? - Questiona Miranda confusa.

-Vou explicar para você: a ponte é a passagem que toda alma após a morte deve atravessar, menos aqueles que não conseguem descansar em paz por algum motivo ou aqueles que ainda não cumpriram seu objetivo na terra, o que não é o meu caso – Miranda ouvia tudo atentamente, ainda sem acreditar que estava diante da mulher que lhe concedeu a vida.

-E por que você não pode passar? - A voz de Miranda estava falha e meio fanha por conta dos soluços que eram lançados de sua boca, os olhos marejados acusavam que a mesma estava à beira do choro incessante, suas mãos tremiam, e Miranda já não conseguia conter nem o formigamento que trilhava um caminho em seu corpo.

-Eu ainda tenho uma dívida para acertar – Cristina olhava para baixo, triste. - Para ir embora, eu preciso ouvir de seu pai que ele me perdoa pelo que aconteceu. - Aquelas palavras acertaram Miranda como se um time de futebol americano estivesse se jogando em cima da mesma, fazendo com que ela ainda imóvel, deixasse rolar algumas lágrimas de seu rosto, relembrando a cena do concurso.

-E como você quer fazer isso? - Miranda agora fitava o chão, ainda sem entender o que estava acontecendo, presa e perdida em seu passado que fazia questão de se repetir em sua cabeça inúmeras vezes.

-Preciso que traga seu pai até Swingcity!

Enquanto isso, nas ruas de Seattle, Chris andava cabisbaixo, chutando qualquer coisa que via pela frente, pensando na revelação que fizera a minutos atrás para Devin. Seus olhos fitavam o chão de maneira sublime, o fazendo perder totalmente a noção do que estava à sua frente: um garoto alto, loiro de olhos castanho-escuro e pele clara, mexendo no celular. Os dois, por um momento, se esbarram, e Chris vai ao chão, junto com o celular do loiro.

-Me perdoe, eu não estava prestando atenção, você está bem? - O garoto pergunta, olhando para Chris e estendendo a mão para ajudá-lo a levantar. Ao ver que Chris aceitou sua ajuda, o mesmo abriu o seu sorriso mais fofo, ajudando Chris, que logo se levanta do chão.

-Tudo bem, eu também estava distraído e não vi quem estava na minha frente – Chris retribui o sorriso olhando para o garoto. – Me chamo Chris.

-Prazer Chris, meu nome é Arthur! - Ele estende a mão para Chris, que retribui o gesto, cumprimentando-o. - Você está bem mesmo, não se machucou?

No Compasso do Coração (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora