Doze (Revisão Completa)

20 1 0
                                    

Céu azul sempre, nuvens tomando formas de animais ou objetos animados e a alegria de ter o que quisesse ao alcance de suas mãos, assim era Swingcity! Um mundo fora do plano terreno, que foi gerado muito antes dos dinossauros na terra, e que foi descoberto por um acaso, como o de Miranda, através de uma dança completamente nova e original que o senhor Gutiérrez Lemond criou. Num determinado momento em que seus olhos se fecharam, o mesmo avistou o grande e esplendoroso arco em tons de dourado e azul e adentrou ao mundo, maravilhado e embasbacado com sua façanha e com o quanto aquele lugar era incrível!

Gutiérrez apenas imaginou animais correndo por entre dentes-de-leão e, em questão de segundos, seus pensamentos se tornaram realidade. Ele avistou à sua frente coelhos peludos e veados com chifres imensos correndo, fazendo com que o ar fosse tomado por todas aquelas sementes de dentes de leão. Uma clara cena de romance americano, a grama em seus pés cobertos pelos sapatos implorava para que ele tirasse seus calçados e, com seu tato, contemplasse a maciez aveludada da grama fina diante de seus olhos. E assim ele fez, sentindo a grama em seus pés. Gutiérrez sorriu, ainda receoso do porquê ele estava ali. Afinal, que mundo era aquele? Como ele foi parar ali? E como ele sairia daquele lugar?

E foi aí que ele apareceu, o guardião de Swingcity! Um centauro gigante com um ar autoritário e imponente, que carregava em sua mão um grande cajado reluzente com os mesmos tons de azul e dourado dos portões daquele mundo maravilhoso. Gutiérrez o olhava, maravilhado com aquele ser místico à sua frente, porém um pouco apreensivo. Aproximando-se, estendeu a mão para o guardião.

-Eu sou o guardião de Swingcity! O que você faz aqui? E como descobriu como acessar o meu mundo? - Questionou o ser místico.

-Eu não sei. Quando me dei conta, já estava aqui - Gutiérrez logo mudou sua expressão, de tranquilo para medroso. - Eu quero ir para casa, só isso!

-Você tem a chave para ir embora quando quiser, meu bom homem - O centauro o olhava com um olhar sereno, tentando transmitir-lhe segurança. - Seja bem-vindo a Swingcity, o mundo para quem tem dança ao invés de sangue correndo nas veias. - Ele logo abriu os braços, como se mostrasse toda a extensão do local, fazendo com que Gutiérrez olhasse ao redor, maravilhado com aquele mundo. - Swingcity foi criado há milhões de anos atrás, e não é qualquer humano que consegue entrar nele.

-Uau! - Respondeu Gutiérrez maravilhado.

-Você conseguiu porque faz parte das pessoas que têm dança correndo nas veias! - O centauro sorria enquanto olhava para o homem que seguia paralisado. - Só venha comigo, vou lhe mostrar uma coisa. - Dito isso, os dois começaram a andar rumo ao horizonte, enquanto inúmeros locais apareciam repentinamente - como a Estátua da Liberdade de Nova York, o Times Square e até mesmo a Broadway - erguidos no mesmo formato e tamanho, idênticos aos locais do plano terreno, sem nenhuma alteração.

Enquanto Gutiérrez caminhava com aquele centauro que acabara de conhecer, sua mente projetava várias ideias em sua cabeça. Até o momento em que ele mentalizou um objeto qualquer, e o mesmo apareceu em sua mão, sem mais nem menos, num piscar de olhos. Isso fez com que Gutiérrez ficasse ainda mais maravilhado com aquele lugar.

-E como eu faço para voltar? - Ele perguntou olhando o centauro.

-Apenas faça um círculo, o círculo mais perfeito possível, com o dedo em seu peito; em seguida, o círculo brilhará, e você irá voltar ao plano terreno.

-Entendi, e eu posso fazer isso agora?

-A qualquer momento! Eu como o guardião desse mundo apenas quero te mostrar as inúmeras possibilidades que Swingcity pode lhe proporcionar. - O centauro logo parou em frente ao homem que seguia sem reação, ali, parado em frente à grande estátua da Liberdade.

-Eu ainda não entendi muito bem o que esta acontecendo aqui, estou muito confuso e preciso ir pra casa. - Gutierrez olhava aquela criatura ainda com certo receio.

-Tudo bem, apenas faça o circulo e volte para o seu mundo, agora que sabe como entrar em Swingcity te dou as minhas mais singelas boas vindas, e digo que você é bem-vindo aqui conosco sempre que quiser voltar - Enquanto o centauro falava, milhares de animais começaram a passar próximo a eles, indo em direção ao horizonte, que seguia um frenesi incrível e majestoso de cores alaranjadas, junto ao sol, que se despedia beijando o horizonte e dando lugar a linhas de cores mais escuras e azuladas que separava o dia e a noite -Eu só lhe faço apenas um pedido, meu caro: nunca atravesse aquele campo cinza, em hipótese alguma, pois é para lá que as almas vão quando desprendem de seus corpos.

-Quando morrem? - Pergunta Gutiérrez abismado

-Sim! O único momento em que um humano passa perto de Swingcity, é quando sua alma é trazida para atravessar a ponte que rodeia aquela parte escura em direção ao submundo. - O centauro era direto nas palavras e queria ter certeza de que Gutiérrez ouvia tudo atentamente.

-Entendi, e eles são obrigados a atravessar aquela ponte? - Gutiérrez pergunta, curioso.

-Venha comigo meu caro - O Centauro então começa a caminhar com o Homem ao seu lado, e ao chegarem próximo a barreira que dividia Swingcity, o Centauro parou a sua frente. - As pessoas que não cruzarem a ponte ficam vagando por entre os campos cinzas e sem vida do outro lado de Swingcity - O mesmo aponta em direção ao campo que citava, denominado Darkness City, o lado obscuro de Swingcity, com algumas pessoas vagando num canto, perdidas e sem rumo, e num outro canto, outras pessoas fazendo uma enorme fila para atravessarem aquela enorme ponte e, então, descansarem em paz.

-E aquelas pessoas? - Ele aponta para as pessoas que apenas vagavam em círculos.

-Aquelas são pessoas que não conseguem descansar em paz por algum motivo. Pode ser porque não cumpriram seu objetivo na terra ou porque não fizeram algo que deveriam ter feito enquanto estavam vivas. - O centauro olhava as pessoas com um olhar de reprovação.

-Entendi, bom, eu realmente tenho que ir. - Gutiérrez sorria e olhava o centauro, que mexia a cabeça em um sinal de tudo bem. Logo em seguida, Gutiérrez fez o círculo em seu peito usando o dedo indicador, vendo novamente os portões de Swingcity e voltando para o plano terreno num piscar de olhos, retomando sua singela e pacata vida na cidade.

É claro que Gutiérrez, vez ou outra, visitava Swingcity. Ele prometeu a si mesmo guardar segredo sobre o mundo encantador e maravilhoso que descobriu, contando apenas para suas futuras gerações. Ao longo do tempo, suas histórias foram passando por nomes de não muita importância, como para nomes de extrema importância, não só em classe, mas também em status. Algumas dessas famílias incluíam Lê Monde, Dubois, Família Williams, Família Petraglia, e assim sucessivamente, até chegar a uma geração mais atual. Nomes como Costa e Silva, Família Medeiros, Família Medrazza, a Família Phillips e, finalmente, a Família Watters.

No Compasso do Coração (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora