Quinze (Revisão Completa)

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Dia chuvoso, oito e quinze da manhã, um ar de esperança rondava cada canto daquele hospital e Miranda estava abraçada com Arthur, aguardando o tão esperado retorno do médico com boas notícias. Os sentimentos à flor da pele e uma batalha incessante na cabeça de Miranda entre a esperança e o desespero reinavam diante de seus pensamentos. Em sua mente, ela só queria que seu amigo estivesse bem e que os responsáveis por tal ato cruel fossem punidos com justiça.

Logo, a batalha incessante que dominava a mente de Miranda foi dizimada pela chegada do médico, que se aproximava tranquilamente da mesma:

-Parentes e amigos de Christopher Johnson? - Ele segurava uma prancheta azul, com várias anotações escritas à mão, e o semblante indefinido deixava Miranda cada vez mais nervosa.

-Oi, doutor! Alguma notícia do Chris? - Questionou Miranda engolindo em seco.

-Ele está bem... totalmente fora de perigo e descansando sob os cuidados da enfermeira. - O médico sorriu logo em seguida. - Porém... tentamos reverter a situação, mas não conseguimos... - O médico respirou fundo e olhou para Miranda fixamente, como se estivesse juntando palavras para dar a notícia.

-O que houve, doutor? - Miranda seguia impaciente, e aquela situação não estava ajudando.

-Ele teve uma perda de memória... E por conta disso pode ser que ele não reconheça nenhum de vocês, até mesmo os pais dele. - Completou.

-Os pais dele estão em uma viagem de negócios e não fazem ideia do que está acontecendo! - Miranda suspirou e olhou para Arthur, que se aproximou aos poucos ao ouvir tudo.

-Ele... Ele perdeu a memória? - Arthur não conseguia processar tal informação, e como num piscar de olhos alguns flashes dele e seu amado juntos passaram em sua mente, o deixando cada vez mais triste e com os olhos marejados.

-Sim, posso liberar alguns visitantes no momento para que possamos fazer alguns exames nele, mas somente duas pessoas por vez. - disse o médico olhando para Devin, que apenas observava tudo com veemência.

-Vamos eu e Arthur! - Disse Miranda quase que imediatamente.

Logo o silêncio reinou no ambiente. Miranda seguia olhando fixamente para o doutor, enquanto Arthur criava coragem para ver como seu amado estava. Ele detestava hospitais; desde pequeno, a ideia de entrar num leito passava a anos-luz de distância de sua cabeça. Naquele momento, via-se diante de um de seus maiores medos por um bem maior: acompanhar seu amado, que se encontrava no quarto de repouso descansando.

-Vamos? - Perguntou o médico intercalando o olhar entre Miranda e Arthur.

-Vamos! - Respondeu Miranda enxugando as lágrimas.

-Vamos - Disse Arthur, olhando para Miranda e segurando em sua mão. Miranda olhou para Devin, que acenou com a cabeça e se sentou, aguardando.

E logo aquele trio pôs-se a andar, a passos rápidos e firmes, em direção à sala de repouso, onde Chris descansava tranquilamente. O semblante de Miranda cada vez mais triste fazia com que ela projetasse inúmeros pensamentos que assolavam e devastavam a alegria em sua mente, deixando-a cada vez mais apreensiva. Ao chegarem no quarto, depararam-se com Chris deitado na cama, acordando aos poucos e suspirando. Ao ver o médico, o mesmo sorriu.

-Doutor... eu já estou melhor? - Disse Chris olhando para Arthur e Miranda sem entender quem eram e o que faziam ali - Quem são eles? - Questionou intrigado.

-Esses são Miranda e Arthur, sua melhor amiga e seu namorado! - Respondeu o médico, de uma forma pausada como se planejasse cada uma de suas palavras.

-Namorado? Como assim doutor? Eu não namoro homens! Eu sou hétero! Que brincadeira é essa? - Perguntou Chris, bravo.

-Calma, Chris, seu quadro é instável, você não pode passar nervoso. - Disse o médico, olhando para ele.

No Compasso do Coração (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora