Nove (Revisão Completa)

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Aquela frase foi o gatilho que Miranda precisava para chegar à beira da loucura, como se uma bomba tivesse zerado a contagem regressiva e explodido numa proporção imensa, causando um turbilhão de sentimentos nela. Ela só conseguia olhar nos olhos de Devin, chocada e estagnada. Swingcity em sua cabeça começava a desmoronar, e num impulso, ela apenas olha para o chão e faz o mesmo círculo em seu peito com o dedo indicador. Antes que Devin pudesse impedir, Miranda já havia cruzado a barreira entre os dois mundos e estava novamente em solo terreno.

Correndo pelos corredores de sua casa em direção ao quarto, com lágrimas nos olhos e a mente a mil, seu coração palpitava, e ela não sentia o chão sob seus pés. Era como se estivesse flutuando até o quarto e não correndo. Ao entrar, fecha a porta, corre até sua cama, afundando-se no colchão e enterrando a cabeça no travesseiro, desabando em lágrimas.

Um choro incessante, lágrimas das quais ela não conseguia decifrar o significado, uma mistura de lembranças da morte de sua mãe com a frase dita por Devin minutos antes martelando e ecoando em sua cabeça como um disco arranhado de uma vitrola antiga e empoeirada. Seu coração se despedaçava aos poucos, suas lágrimas encharcavam o travesseiro, e seu corpo tremia sem controle, chegando à beira do limite entre soluços e lágrimas abrindo passagem e rolando de seu rosto para o travesseiro. Miranda estava destruída, e era um fato que aquele sofrimento não ia acabar tão cedo.

Enquanto isso, em Swingcity, Devin estava na corda bamba entre deixar Chris em Swingcity e ir atrás de Miranda ou levá-lo embora e ir com ele até ela. No entanto, ele escolhe a opção mais empática, que é chamar o amigo de Miranda e levá-lo consigo.

-Tá bom, aonde vocês vão me levar dessa vez? - Chris cruza os braços e arqueia a sobrancelha.

-Vamos pra casa dessa vez – Devin revira os olhos e se aproxima de Chris. Ele respira fundo e faz o mesmo símbolo de saída de Swingcity em Chris, símbolo este que, ao começar a brilhar, faz com que Chris atravesse a barreira que dividia o intenso e majestoso mundo de Swingcity do esmorecido e cinza mundo caótico da Terra.

-Espera! E a Miranda?! Ela não vem com a gente? - Pergunta Chris, olhando para Devin quando finalmente seus pés tocam o grande piso de madeira do salão de dança da casa de Miranda.

-A Miranda já está aqui... - Devin responde, olhando tudo ao redor daquele imenso salão em busca do olhar de Miranda. Ele suspira e fica mais sério, balançando a cabeça em reprovação ao perceber que não obteve sucesso em sua busca. – Só preciso achar ela... - Ele suspira.

-E por que ela voltou sem me chamar? - Questiona Chris, confuso. – Ela voltou depois de ter falado com você! O que foi que você fez pra ela!? - Chris assume um semblante sério e impaciente, se aproximando de Devin enquanto o olha, numa mistura de raiva e medo, pois enquanto pensa apenas em nocautear Devin, sua mente vagava numa intensa busca por Miranda.

Devin o olha, já prevendo o que aconteceria, quando o pai de Miranda aparece no salão, surpreendendo os dois:

-Tá tudo bem por aqui? Onde está Miranda? O jantar já está pronto e... - Quando os olhos do pai de Miranda se encontram com os de Devin, seu coração para por um momento, com uma breve lembrança da cena do hospital, a cena de sua esposa à beira da morte enquanto sua filha pequena se debulhava em lágrimas. Ao balançar a cabeça para espantar seus pensamentos, ele se aproxima de Devin furioso e engole em seco. - O que você está fazendo aqui, seu moleque? - Ele rosna, apenas aguardando a resposta de Devin antes de expulsá-lo de sua casa. - Eu não quero nenhum membro da família Phillips na minha casa... anda, garoto! Me responde o que você está fazendo aqui?

-Vocês já se conhecem? - Pergunta Chris, confuso.

-Eu conheço sim, esse bastardo pertence à família Phillips, que não passa de um bando de aproveitadores baratos! Pessoas que não suportam a felicidade alheia e sempre querem derrubar a alegria dos outros. Eu já falei e volto a repetir, eu não quero nenhum membro da família Phillips na minha casa, fora daqui! - Esbraveja o pai de Miranda com os punhos cerrados, demonstrando que, a qualquer momento, poderia cometer uma loucura.

No Compasso do Coração (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora