Capítulo 11

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O sino das seis horas da tarde soou longe no castelo, anunciando que o jantar estava sendo servido e que os garotos deveriam tomar o caminho até o refeitório.

Depois de terem se aberto e decido conversar com o professor Skyer sobre o fato das criaturas, os dois garotos ficaram conversando enquanto o sol se punha ao fundo no horizonte. Eles desciam a colina calmamente, sem muita pressa, pois como regra os elfos deveriam ser os primeiros a comer. A dominância élfica e o reinado de Elledor Valtheen trouxeram à tona muitos problemas étnicos, principalmente envolvendo o racismo exacerbado imposto pelos elfos contra as outras raças.

A escola de Adena e a pequena cidade de Railor eram um dos poucos lugares onde essa dominância élfica não era tão aparente, todos eram tratados como iguais, pois assim como dizia a Diretora Adelaide Della Wiz;

"Temos quatro membros, um cérebro pensante e a mesma magia nos conduz, a partir desses parâmetros somos todos iguais."

Porém não era assim que o governo élfico pensava. Eles pregavam que pelo fato da deusa criadora, ser representada por uma elfa na escritura antiga e também pelo fato de que os elfos tinham muita facilidade de utilizar a magia, se tornavam mais próximos da imagem da mesma e também seriam os mais puros, tendo assim uma ligação direta com a imagem dela.

O racismo fora reduzido de forma brusca de uns anos passados até o presente momento, porém era algo ainda muito real com todas as raças. Nas cidades de dominância élfica e principalmente nas cidades próximas ao castelo de Elledor Valtheen, dificilmente era visto alguma criatura não élfica.

O único humano que Matthew conhecia que trabalhara na guarda de Elledor, era seu irmão, Gabriel, que levou glória ao nome da família Scallop sendo um dos grandes guerreiros que lideraram as frotas durante a grande Guerra Anciã. Após a dolorosa perda da família, fora garantido pelo Rei muitos tributos para que pudessem levar uma vida de fartura, sendo também garantida uma bolsa para que Matt conseguisse estudar em Adena sem precisar pagar pelos estudos.

Arthur gostou muito de conversar com Matt e principalmente ouvir sobre as histórias de seu irmão, também de saber que o garoto vinha de uma família "nobre" nomeada diretamente pelo rei. Por ser muito interessado em história, o jovem mago ficou encantado com tudo que Matthew disse e começava a gostar da companhia do garoto.

Estavam andando distraídos um com a companhia do outro, até que um gemido medonho gelou a espinha dos dois e os fizeram congelar na mesma posição. Matthew e Arthur se entreolharam com cara de assustados e se viraram vagarosamente engolindo seco a saliva que entalara em suas gargantas.

Assim que se viraram, encontraram mais uma criatura como aquela vista mais cedo pelos dois, porém desta vez, esta estava com as duas mãos direcionadas a eles, como se estivesse em posição de ataque.

Matt berra de forma esganiçada fazendo Arthur se tremer novamente assustado, desta vez, com o berro do garoto paladino.

- O que a gente faz? – Pergunta Matthew com sua voz trêmula.

- E eu que sei? – Responde Arthur. – Você quem é o veterano.

- Verdade... É... – Neste momento Matt estava hiper ventilando tentando encontrar uma saída para a enorme criatura, até que como um estalo, uma brilhante ideia lhe ocorreu em sua mente e gritou-a para Arthur. - CORRE!

Assim que Matt dispara a correr de volta para o castelo, Arthur não demora muito a alcançar o veterano. A criatura perseguiu os garotos de forma medonha, se arrastando de forma travada, como se não conseguisse se mover de forma fluída, porém era muito rápida.

A colina em que estavam era de certo modo longe do castelo, então eles tiveram de correr muito até chegarem ao menos próximo de uma parte da muralha, revezando eles iam olhando para trás para observar a criatura esquisita que grunhia enquanto corria.

Em certo momento, enquanto Matthew corria, olhou para trás e viu que Arthur havia parado de correr.

"Ele está louco?" 

Pensou o paladino, que voltou até seu amigo e gritou pulando de forma a não perder o fôlego:

- PELO AMOR DA DEUSA, CORRE MOLEQUE!

- Eu tenho uma runa aqui comigo, vou tentar algo! – Respondeu Arthur, ofegante da corrida. Ele pegou uma runa de seu bolso, segurou-a de forma a não escapar de sua mão, balançou algumas vezes e continuou dizendo uma frase para chamar o poder da runa. – "Seu filho clama, pela luz dos seus raios ele chama."

Assim que Arthur terminou a frase, relâmpagos saíam da runa em sua mão da mesma forma que seus olhos relampagueavam iluminando a região que estavam, os raios corriam seus braços e rosto como se escrevessem algo em sua pele.

- Não! – Disse Matthew em protesto. – Arthur a gente não sabe a força dessa criatura, vamos correr!

Arthur parecia não ouvir e resolveu atacar a criatura, ele rodou seu braço algumas vezes fazendo aparecer um chicote de raios. Quando o cordão estático parecia de tamanho grande o suficiente para Arthur, ele o rodou no alto de sua cabeça e fez um movimento em direção a criatura esquisita de braços compridos que estava a sua frente, porém no meio do caminho sua magia começou a se desfazer, os raios foram sumindo caindo como faíscas e a luz de sua runa se apagou, assim como a de seus olhos.

- Ah não... – Gemeu Matthew para si mesmo.

Contos da Estrela do Norte - O Sol e a LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora