Contos da Estrela do Norte - O Sol e a Lua

Capítulo 4

Assim que se posicionou viu o primeiro aluno chegar e com seu conhecimento de linguagem anciã, pronunciou as palavras para que seu primeiro ataque com uma rajada de vento empurrasse o aluno para fora do platô que se encontrava. Foi efetivo e conseguiu também derrubar alguns alunos que vinham atrás os quais lutavam para chegar ao topo. Então em uma abertura um aluno com um arco e flechas correu em sua direção, reproduziu as mesmas palavras e lançou uma rajada de vento na direção do garoto que se lançou no chão e atirou algumas flechas. Com seu braço livre, Arthur, fez um movimento e falou com sua voz alterada por seu estado mágico, um escudo de fogo prendeu e queimou as flechas lançadas por seu oponente. O novato gritou uma magia e jogou sua mão para o chão lançando raios amarelados, que atingiram alguns alunos que estavam se aproximando e jogou arqueiro para fora do elevado. 

Arthur sentia que este momento era importante, estava se sentindo vivo por soltar esta quantidade de poder, na mescla não é permitido usar muita magia além do solicitado em provas ou exercícios, mas aqui se sentia livre com a ordem do professor de "não me decepcione", então podia fazer o que quisesse para proteger seu posto concedido por acaso. 

A cada aluno que chegava, era uma explosão, rajada ou enxurrada, conseguia se defender e jogar seus oponentes para fora, mas não conseguia identificar Lena, muito menos Matt, então sabia que eles ainda estavam por ali batalhando para chegar até o topo. 

Com o tempo a frequência de alunos foi diminuindo, até não aparecer mais nenhum, então olhou ao seu redor e conseguiu ver a quantidade de gente que o assistia, via que além da arquibancada feita na sacada do corredor onde estava, também tinham alunos na extensão do corredor e no chão, próximo ao castelo. Arthur não gostava muito de ser o centro das atenções, então logo sentiu sua barriga retorcer. 

- Agora Lena! 

Era Matt, dando o comando para que Lena avançasse no novato que estava distraído, tirando os olhos da passagem que os veteranos eram obrigados a subir. Então Arthur em um susto gritou com sua voz alterada e uma pulsação muito forte de vento negro empurrou a dupla de veteranos para a beirada e atingindo-os com raios, o garoto paladino conseguiu manter-se até a beirada e caiu. Arthur olhou para Lena e a viu cair para fora do elevado.

- Falta um! - Ouviu de longe a voz do professor Jugaar. 

O garoto olhou à sua volta e viu Matt escalando a borda do elevado que protegia. 

- Você é difícil! - Disse Matt, mas logo foi interrompido por uma bola de fogo conjurada pelo novato - Poxa! Calma, isso é só um treino! 

Arthur não parecia estar para brincadeiras, então logo se posicionou e colocou seu máximo no próximo ataque, seu livro parecia enlouquecer e brilhar como nunca, agora não somente seus olhos estavam negros, mas como seus membros e sua pele estavam escuros, com vários pontos brancos que brilhavam e o arcanista tomado por todo poder começou a recitar as palavras com sua voz ecoando de forma sombria e maligna. 

Enquanto isso o paladino veterano ficava olhando para o garoto recitar sua magia e ao mesmo tempo estudava um meio de detê-lo. 

"É... ele não quer brincar." 

E com um isso Matt rodou sua maça, colocou-se em sua posição de combate, fechou os olhos, sentindo a força que o novato estava exalando. Proclamou as palavras: 

"O poder da Estrela Mãe, a mim vem." 

Toda sua armadura ficou incandescida, emanando uma luz branca, os olhos do garoto também estavam do mesmo modo como se pegasse fogo. Então bateu com sua maça em seu escudo, chamando o jovem arcanista que estava aguardando o melhor momento. Arthur se preparou e disse uma última frase. 

"Para o Norte me dar força."

 Assim que o jovem mago disse a frase de uma citação do antigo livro da rainha, Matt sentiu todos os sons a sua volta sumirem e uma força muito extrema puxá-lo para Arthur, mas lutou contra e se preparou para o ataque que viria. Depois da força que puxava, uma bola branca apareceu em cima do livro e do meio das mãos de Arthur e um enorme raio de matéria escura saiu da esfera branca encobrindo o paladino com toda aquela matéria que o empurrava para fora da pedra, mas o garoto se segurou com seu escudo em sua frente, seus olhos pregados no novato e naquela energia que ele liberava. Era impossível um garoto tão jovem lançar tal poder, nunca que alguém que acabara de sair da mescla conseguiria conjurar tais magias. Então para o bem de todos, Matt posicionou sua maça em direção ao garoto e começou a absorver todo poder que era lançado. 

O jovem paladino sentia toda matéria negra entrar em suas veias e correr pelo seu corpo de forma dolorida, nunca havia sentido tal dor. Matt tinha esta habilidade em especial, conseguia absorver e canalizar as energias que o atingiam, mas havia um limite e esta habilidade que o Arthur estava liberando, excedia seu limite. 

Matt ainda resistia e conseguia deter toda magia que era liberada da esfera a sua frente, revelando que parte da floresta atrás de si foi devastada em uma linha reta atingida pela magia. Arthur por outro lado parecia não estar se importando, mas sua força se esvai e a magia perdeu tamanho até parar. Assim que parou de liberar toda sua energia, o garoto cai desacordado, junto com seu livro que parecia pegar fogo agora fechado. 

O paladino estava absorvendo os últimos resquícios de energia que foram lançados, mas agora precisava liberar a magia que o atingiu. Então o garoto largou seu escudo e levantou sua maça com as duas mãos e liberou toda a força daquela magia em um raio cilíndrico de cor escura, com relâmpagos roxos que cortou o céu e as nuvens até o infinito. O garoto fazia toda a força que podia, quando finalizou o feixe de luz que parecia não ter fim, caiu sobre os joelhos no chão que estava todo rachado por conta da energia exalada pelo garoto que se perguntava o que tinha acabado de acontecer. 

Estava apenas se mantendo de joelhos apoiando seu braço em sua maça, olhando para o castelo procurando por ajuda, notou que os professores vinham em sua direção, enquanto muitos alunos se recolhiam para dentro do castelo ao comando dos inspetores que empurravam aos berros os alunos para dentro da instituição. Então sua visão fica turva e ele não consegue se manter acordado por mais tempo, soltou do cabo de sua maça, olhou para o corpo do garoto jazido em sua frente, inerte.