Voltar ao trabalho às segundas feiras é estressante, ainda mais quando inicio a semana com muitos compromissos. Antes de sair, pego alguns papéis sobre a mesa e os coloco na maleta junto com o meu celular.
Já dentro do carro, sintonizo o player em uma rádio qualquer de notícias em busca de informações sobre o desaparecimento do Salvattore. O locutor anuncia que a polícia afirma que o sequestro ocorreu fora do internato. Interessante. Christian fez um bom trabalho em despistá-los.
Ligo para Christian, após o segundo toque ele atende.
— E aí, Chris! Viu o que a polícia descobriu sobre o Giuseppe Ricci? Bom trabalho, amigo. — Dou uma risada fraca.
— Eu vi, eu sempre faço um bom trabalho. — Convencido? Demais!
— Está livre para tomar um café no Trussardi? — Mudo de assunto. — Faz um tempo que não vou lá, ainda tenho uma meia hora antes de ir para o trabalho.
— Pode ser, eu estou no centro mesmo... chego em 10 minutos — Ele desliga.
Passo em algumas ruas e chego à cafeteria que exibe seu belo design panorâmico com um toque natural de plantas que estão suspensas no teto. Estaciono o carro e caminho até lá, me acomodando em uma mesa no canto e esperando pelo garçom.
— O que deseja? — Pergunta o garçom.
— Dois sanduíches de pretzel com queijo stracciatella e dois cappuccinos.
O garçom anota o pedido e sai, e eu espero por Chris enquanto organizo o horário de algumas reuniões.
Depois de alguns poucos minutos, vejo Christian vasculhar o local com os olhos e aceno sinalizando.
— Como não quis te esperar, pedi um sanduíche de pretzel com queijo stracciatella e um cappuccino para você. Eu vou pagar, então...
— É algum senso de bondade?
— Se você quer chamar assim... — Dou de ombros. — Só quis pagar, é dinheiro sobrando.
— Hum... parece que está lucrando muito então.
Comi e conversei mais algumas coisas com Christian, a maioria sobre os negócios dele, que ele fazia questão de exaltar.
Após a conversa, saio rumo ao prédio abandonado do outro lado da cidade para averiguar o andamento dos testes.
Chegando ao destino, abro minha maleta e tiro uma pequena chave e uma pistola 9mm. Destranco a porta dos fundos e subo o lance das escadas até o segundo andar, avistando a garota ruiva amarrada a uma cadeira no fundo da sala. Equipamentos desconhecidos por mim a cercavam, e um cientista baixinho estava sentado ao seu lado segurando uma seringa.
— Como andam os testes? — Perguntei para o homem.
— Estão avançando... com resistência por parte da garota, mas mantenho o controle.
A menina ao fundo se mexe e tenta se soltar, mas falha miseravelmente.
— Se a garota tentar escapar, — Lanço um olhar para ela — me chame. Vou estar na sala ao lado.
O cientista confirma com a cabeça e retorna seus testes, e eu me retiro indo para a pequena sala que organizei para guardar alguns recursos. No pequeno ambiente, digito uma senha no cofre escondido atrás de uma prateleira vazia. Ele tem algumas armas no fundo e diversas pastas, as quais estão empoeiradas devido ao tempo que estão ali.
Passando a mão por uma delas, encontro vários arquivos de uma investigação antiga, em que eu estava em busca do paradeiro do meu filho(a). Descobri que era pai anos atrás por acaso e desde então me empenhei em investigar o paradeiro da criança que hoje provavelmente já é um jovem. Minha tentativa não resultou em nada, então meu chefe propôs que eu trabalhasse para ele e, em troca, ele ficaria investigando por mim. Eu aceitei, mas até então não houve nenhum avanço... creio eu. Disco um número e logo ouço a voz tão conhecida.
— Alô? Enzo?
— Sim, preciso que venha aqui no prédio.
— Alguma coisa com a garota? — Ele pergunta, preocupado.
— Sim... — Em parte, era verdade.
— Estou em uma reunião agora. Chego aí em meia hora.
Desligo a ligação e arrumo os papéis sobre a mesa, esperando.
Passos soam no corredor e eu me endireito na cadeira. A porta se abre e meu chefe entra calmamente, indo até o sofá no canto da sala.
— Comece. — Provavelmente ele passou na sala para ver a garota.
Me mantenho sério e pego a pasta de arquivos da minha investigação, a estendendo para o homem.
— São da sua investigação? — Ele pergunta enquanto folheia as páginas.
— Eu gostaria de saber o andamento da sua. — Dou ênfase.
Ainda olhando para as páginas, meu chefe responde:
— Eu tinha poucas pistas, mas elas não me levaram a nada
— E quando exatamente você iria me informar que a investigação não está tendo progresso?
Ele fecha a pasta e me encara.
— Enzo, eu estou fazendo tudo que posso para descobrir o paradeiro do seu filho, não é simples como você parece pensar. Ele ou ela pode estar em qualquer lugar que você imagina ou não, então seja paciente e continue fazendo o seu trabalho, como eu estou fazendo o meu. — Ele se levanta e vai até a porta da sala.
— Lembre-se que estou trabalhando para você por isso. — Afirmo e ele para por instante, mas logo segue em frente.
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SPÁNIOS: A GERAÇÃO DAS LENDAS
General FictionUma transferência inesperada. Desaparecimentos e mortes. O que será que está por vir? Unidos contra o mundo, um quarteto de Spánios se junta a fim de desvendar o mistério que os cerca. Mas aonde isso os levará? *** ⚠️ Plágio é Crime! ▪️Capa feita...