Cavaleiros da noite: a ascensão da escuridão

Capítulo XI - ruptura

Um mês depois: 

                        Márcio corria desesperado pelos corredores do DIPS, eram sete da manhã e ele já havia acordado há duas horas, era dia 25 de agosto e ele estava preparando uma surpresa para Catarina fazia alguns dias, por isso estava apreensivo em dar os retoques finais. Juntamente do aniversário dela seria a despedida deles daquele lugar, por isso era tudo ainda mais especial, eles fecharam o refeitório para a surpresa, entre as dezenas de mesas, bem ao centro, Rafael estava segurando uma faixa com o escrito "Feliz aniversário Catarina" , na mesa mais central estava um bolo, branco com rosa e decorado com os dizeres "9 anos" além de alguns morangos dispostos por sua superfície.
                       Os magos do centro de treinamento do DIPS estavam todos ali, pois eram mais próximos a ela, além de Rafael, Abani e o casal Louis e Lacci, alguns outros funcionários dos quais haviam se aproximado nesse meio tempo também estavam dispostos ao redor da mesa do bolo. Era um momento de euforia, porém de grande apreensão pois Catarina não poderia ficar sabendo, Márcio voltava correndo para o quarto onde ficavam porque no tempo em que ficaram ali a menina não costumava acordar muito depois das sete da manhã, ele entrou no quarto e fechou a porta. As cortinas estavam fechadas porém entre elas passava uma pequena fresta de luz, a janela estava aberta pois ventava pouco, então não incomodava, ela dormia feito um anjo, porém a fresta de luz chegou ao seu rosto, ela se incomodou e acordou.

-Oi, bom dia - Márcio mexia nela para que a menina se levantasse - sabe que dia é hoje?

-Ela levantou rapidamente, feliz e disse - sei sim Márcio, hoje é meu aniversário!

                         Márcio deu felicitações a ela e depois a menina deitou em seu colo, os dois ficaram algum tempo no quarto e naturalmente Catarina sentiu fome e pediu para irem comer. Márcio estava muito feliz com a possibilidade de passar o primeiro aniversário de Catarina ao seu lado, se passara pouco tempo desde quando se conheceram, quase três meses, porém já tinham uma conexão muito forte, ainda não era de fato uma relação de pai e filha, mas era um afeto enorme entre os dois. Ele se controlava para não transparecer isso e Catarina não achar estranho, andaram até chegar a uma das portas do refeitório, o lado de fora dela era refletido e não era possível ver a parte de dentro, porém quem estava dentro podia ver o que acontecia fora, ao verem os dois chegarem todos se esconderam.
                           Parecia uma circunstância normal, a comida estava disposta em um balcão para quem quisesse se servir, alguns funcionários pareciam comer, mas somente fingiam para enganar Catarina. Márcio levou-a para o centro daquele lugar, quando chegaram próximos a mesa central todos levantaram e gritaram em conjunto. 

-Surpresa!

                            Catarina se assustou e deu um pulo e depois começou a rir, suas bochechas se rosaram e borboletas de luz novamente saíram dela, já estava se tornando uma característica marcante da garota, cantaram parabéns para ela. Catarina ficou muito feliz pela surpresa, ela não imaginava que Márcio se preocuparia em fazer isso para ela, que amou o bolo, achou muito lindo e se esbanjou nele, ela estava muito feliz com a possibilidade de ter um momento de convivência antes de ir embora, eles ficaram a manhã toda por ali, era um bom ambiente para uma despedida.Todos ficaram felizes por um período de tempo e puderam esquecer alguns dos problemas que viviam e puderam apenas aproveitar aquele momento, o refeitório estava muito barulhento, repleto de diálogos e gargalhadas.
                           O momento de ir embora foi emocionante, o DIPS os acolhera com grande carinho, por um mês e meio ali foi a casa deles e estavam extremamente gratos pelos momentos bons que viveram, foi um período de grande aprendizado. Boa parte dos integrantes do DIPS estavam ali para se despedir, Abani se acabava em lágrimas pela ida de Louis e Lacci, eles tentavam confortá-la, mas não dava certo, ela continuava chorando, então eles finalmente se despediram. Alguns magos que estavam treinando no DIPS retornariam ao acampamento nos arredores de Londres, eles iriam junto, seria provavelmente a última vez que viajariam em um avião.
                            Foram na direção do aeroporto do departamento, finalmente Márcio pôde se livrar daquele maldito sistema de monitoramento que ele tanto odiava, iriam embarcar em um grande jatinho que estava estacionado em um galpão, praticamente todos os assentos do avião foram ocupados. Eles levantaram voo e partiram, um sentimento muito bom habitava seus corações, a viagem foi tranquila, não houve turbulências, era muito estranho para eles ter a oportunidade de andar em algo tão tecnológico em um mundo que até mesmo carros eram uma raridade.
                             Desembarcaram em uma pequena pista de pouso, proporcional ao tamanho do aeroporto, o intuito daquela construção era unicamente para levar e trazer os magos do acampamento. Londres foi uma das antigas cidades-potências mais destruídas com a guerra tecnológica, assim como toda a Inglaterra, havia muita tecnologia acumulada no país, foi praticamente um estigma dos conflitos. Quanto mais desenvolvido e tecnológico era um país mais focado ele era dentro dos combates, fazendo com que as antigas superpotências se tornassem os países mais fracos e menos desenvolvidos nessa época.
                              Os aprendizes foram direto ao acampamento, ofereceram companhia para ir junto com eles, porém recusaram, resolveram ficar no aeroporto um pouco antes de irem pois estavam muito cansados, principalmente Márcio que havia acordado muito cedo para fazer os preparativos do aniversário de Catarina. Seria um momento de descanso antes de se deslocarem novamente, os anciãos ficavam a 40 quilômetros dali, seriam necessárias algumas horas de caminhada mas eles acreditavam que seria possível chegar ainda naquele dia, após quase uma hora resolveram ir embora, já eram quase três da tarde.
                               Havia uma estrada muito destruída que os guiava rumo ao acampamento, tinha aproximadamente dez metros de largura, sendo cercada de vegetação por ambos os lados, haviam grandes árvores ali, a época das chuvas trazia consigo uma beleza inexplicável para as vegetações. A estrada era de terra misturada à uma grama tão pisada que já estava praticamente incorporada ao chão, as copas das árvores faziam com que eles pegassem menos sol nas horas de dia que faltavam, porém seria prejudicial para a noite quando andar por ali seria praticamente impossível, já que além do escuro havia a chance de serem atacados por animais. Por isso Rafael seria essencial para a jornada, eles ganhariam muito tempo de deslocamento andando à noite, ficariam seguros pois o fogo afastaria os animais e iluminaria o caminho.
                               Seis horas depois Catarina já estava sendo carregada por Márcio porque havia se cansado de caminhar, ela já estava dormindo, Catarina estava sendo revezada para não cansar muito uma pessoa só. Ainda faltavam alguns quilômetros para chegarem ao destino e todos já estavam exaustos de tanto andarem, além do dia cansativo que passaram, por isso resolveram parar sob uma grande árvore para descansar e passar a noite. Louis e Márcio foram pegar alguns galhos de árvore para fazer uma fogueira enquanto isso Lacci e Rafael ficaram olhando Catarina para que não acontecesse nada com ela.