O guerreiro humano e a princesa élfica

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Há muito tempo, em um mundo mágico chamado Viddar, duas nações viviam em guerra. A nação dos homens era conhecida por sua crueldade, seres bárbaros que só pensavam na guerra e nas conquistas.

Com suas espadas, conquistavam as terras e vilarejos de raças mais fracas, matando a todos que consideravam inimigos sem qualquer tipo de piedade, tudo isso para aumentar ainda mais aquilo que eles chamavam de “domínio dos homens”.

De todas as raças que habitavam este mundo, a única que não sucumbia a dominação dos homens era a raça dos elfos, seres imortais e uma grande beleza, que vivem em florestas encantadas.

Estas florestas são diferentes de florestas comum, pois, são protegidas pela magia dos elfos, também conhecida como magia da vida, um dom tão poderoso que faz com que estas florestas sejam mais ricas em beleza, e em riquezas naturais do que qualquer outra floresta que seja dominada por outras raças.

E, todas estas riquezas faz com que os homens cobicem as florestas mágicas dos elfos, porém, eles nunca conseguiram sequer chegar perto de qualquer uma destas florestas.

Com seus sentidos privilegiados e seus arcos, soldados das raças dos elfos protegem suas florestas, e, se por um acaso algum homem consiga passar pelas proteções mágicas, são imediatamente mortos pelos elfos, que, não permitem a aproximação dos homens, pois sabem que no coração desta raça, não há espaço para qualquer sentimento além de guerra e destruição, ao contrário deles que, só querem viver em paz em suas terras.

Em uma destas florestas, vive uma princesa élfica chamada Anneliese, que é possuidora da rara beleza dos elfos. Possui olhos de um verde que parecem duas esmeraldas em seu rosto, cabelos longos e de um loiro tão intenso que parecem banhados por raios de sol, a pele branca como a neve.

Anneliese caminha por uma de uma destas florestas mágicas dos elfos, seu vestido branco arrastando pelo chão. O sol deixando o dia com uma beleza intensa. A princesa caminha em direção ao rio, a fim de se refrescar um pouco quando escuta gemidos, como se alguém estivesse sofrendo.

Imediatamente, a princesa dos elfos começa a correr em direção ao som, e, a cada passo de sua corrida, estes gemidos estão se tornando cada vez mais fortes, até que ela chega a beira do rio e seu rosto perde a cor ao ver um ser que ela nunca vira na vida, sob uma poça de sangue, com uma flecha cravada em seu peito.

Sem perder tempo, ela corre até ele, ajoelhando-se ao lado dele para então, com um único movimento, tirar a flecha de seu peito, que não para se sangrar. Sem perder tempo, ela rasga um pedaço de seu vestido, para fazer uma faixa e cobrir o peito do homem, ao mesmo tempo em que começa a proferir um encantamento de cura.

Enquanto tenta fazer alguma coisa por aquela criatura, começa a prestar atenção nos traços dele, e, a primeira coisa que nota, é que nunca, em toda a sua existência vira um ser assim, seu rosto aparenta ser bastante sofrido, uma barba cobrindo suas feições, cabelos tão negros como a noite, cacheados na altura de seu ombro, e, enquanto encara aquelas feições, sente algo, um sentimento como nunca antes havia sentido em sua vida, tomar conta de si.

Pouco a pouco, começa a sentir os movimentos do homem, e, percebe que ele começa a abrir os olhos, mas, estranhamente, não sente medo, ao contrário, tudo o que quer, é que ele fique bem.

― Você está bem? – ela se vê perguntando, tão logo ele termina de abrir os seus olhos.
Por um momento, o homem nada responde, pois, está completamente encantado por este ser de tamanha beleza que o encara com um ar tão preocupado. Imediatamente, leva uma de suas mãos ao local em que havia se ferido, e, se surpreende ao ver que está completamente curado.

Olha para o ser de luz a sua frente e percebe que as mãos dela estão vermelhas de sangue, o seu sangue.

― Você me curou? – ele se vê perguntando, ao mesmo tempo em que se esforça para se levantar.

― Sim.  – ela responde, também se levantando.

― Obrigado. Meu nome é Kade.

― Anneliese.

― Você é um...

Ele não termina de proferir as palavras, completamente encantado com o ser de luz a sua frente.

― E você é um homem. – a princesa élfica se vê dizendo.

― Sim. – responde Kane – Porém, peço que não tenha medo, não sou seu inimigo.

― Sei que não. Caso contrário, a magia de nossa floresta sequer permitiria que você se aproximasse.

― O que quer dizer com isso?

― As florestas élficas são protegidas por uma magia poderosa. Aqueles com maldade em seus corações não são capazes sequer de encontra-las. Se você está aqui, quer dizer que é alguém de coração bondoso, por isso não tenho medo de você.

― Fico feliz em saber que minha salvadora não tem medo de mim.

― Mas estou curiosa, o que faz em nossos domínios?

― Procuro a paz, ou melhor, uma forma de nossas raças fazerem as pazes. Sinceramente, eu não compreendo porque nossas raças precisam continuar em guerra. Isso, para mim, não faz sentido nenhum. Gostaria de encontrar um caminho para que as duas raças pudessem viver em paz.

― Confesso que este também é o meu desejo. – Anneliese sorri – Também não entendo porque nossas raças precisam viver em guerra, sendo que o caminho da paz seria o melhor para as duas raças.

― Sabe, Anneliese, acho que, eu e você, temos muito em comum.

A partir daquele dia, Kane e Anneliese passaram a se ver todos os dias naquele mesmo local, trocando experiências e desejos, e, sem que os dois percebessem, começaram a se envolver cada vez mais, pois, o mais nobre dos sentimentos começou a brotar em seus corações.

Eles sequer poderiam imaginar que seriam a ponte para selar a paz, pois, seus corações puros provaram que suas raças poderiam se unir e compartilhar de um mesmo mundo, o amor que nasceu em seus corações fez com que buscassem uma forma de ficarem juntos, e, quando seu amor gerou um filho mestiço, as duas raças enfim perceberam que homens e elfos poderiam sim, viver em paz.

Ao seu filho, Kane e Anneliese deram o nome de Arawan, que significa “aquele que veio para unificar os mundos”, pois este pequeno veio para unificar para sempre, duas raças que viviam em guerra.

Por: Tita

Contos para se enfeitiçar: porque a magia vive em nósOnde histórias criam vida. Descubra agora