O silêncio ensurdecedor era tomado pela vasta imensidão verde, o bater dos galhos com o rastejar das folhas secas tornavam o ambiente sombrio completamente encurralado pela extensa névoa acinzentada, ninguém ousava atravessar pela floresta. Uivos foram escutados ao longe como um alerta para as pessoas manterem-se longe, mas nem todos temiam a Forestis.
Em meio aquela escuridão era possível observar a longa cabeleira dourada que brincava por entre as árvores rindo, seus cachos batiam contra sua cintura e pulavam pelas folhas secas enquanto o vestido balançava com a ventania que bagunçou seus fios mantendo um sorriso sereno em seus lábios. Amélia não tinha medo do desconhecido.
Observava os animais passarem correndo por suas pernas assustados com a menina que apenas queria se aventurar pelo imenso lugar, por mais que escutasse histórias e lendas horripilantes sobre Forestis, ela sabia que deveria existir algo encantador em meio aquele lugar abandonado.
Amélia podia ver de sua janela na pequena cabana a luz cintilante que tomava a sua imensidão durante a noite quando todos deixavam o sono lhes invadir, mas não ela e seus olhos buscavam um sinal para entender de onde vinha tanta luminosidade por meio a floresta.
Levantou-se calçando seus sapatos correndo a plenos pulmões em direção ao lugar proibido, o barulho das corujas fizeram o coração da garota bater forte contra o peito, mas a curiosidade clamava cada vez mais alto por sua mente.
Escutava vozes baixas e risadinhas ecoarem por entre as árvores como se estivessem a observá-la, apertou o tecido do vestido azul em seus dedos nervosamente apressando os passos sem rumo e percorrendo os olhos em busca daquela mesma luz.
As folhas ricocheteavam com a ventania forte soprando em direção à garota, Amélia levou as mãos aos olhos impedindo que a terra os acertassem como se algo a quisesse longe daquele lugar, entretanto a jovem manteve os pés firmes rente ao chão andando ainda mais mata adentro.
Seus olhos pousaram no animal parado a apenas alguns metros, o cervo possuía lindos chifres angelicais e sua cor dourada que parecia irradiar atraia o olhar da garota sentindo a euforia tocar cada parte de seu interior sem nunca antes ter visto tal animal e tamanha graciosidade, aproximou-se lentamente ao notar o cervo virar em sua direção dando passadas parando em frente ao corpo de Amélia.
Ela estendeu sua mão em direção ao animal que aproximou seu focinho frio tocando a pele delicada da menina que sorriu abertamente ao senti-lo apoiar sua cabeça contra sua pequena mão e estendeu a outra sobre a pelugem, o acariciando extasiada.
Estava tão fixada no animal a sua frente que não se deu conta da figura sombria se aproximar silenciosamente por suas costas, um ar gélido tocou seu corpo a fazendo estremecer e o cervo se afastar lhe deixando sozinha naquela imensidão.
As árvores eram cobertas por folhas de todas as cores, com flores tão excêntricas e únicas que pareciam cantar em coro ao serem tocadas por seus dedos delicadamente, como um vasto jardim tão bem cuidado e os animais deliciavam-se naquela mata tão verde e vívida.
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Contos para se enfeitiçar: porque a magia vive em nós
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