A morte

38 9 57
                                    

Este conto não é aconselhável para pessoas sensíveis a suicídio e mutilação.

***

Sempre te dizem como a vida pode ser bonita, mas nem sempre isso e o bastante. A luz e bonita, mas não e a ela que recorremos quando vamos chorar certo? Meu nome é Laura, Laura Lanesy e você está visitante minha escuridão.

— Porque você fez isso? – Minha mãe perguntou.

— Você já me pediu perdão? – Rebati encarando seus olhos.

— Pelo que? Eu deveria apoiar essas gracinhas? — Disse com raiva.

Gracinhas, então no fim e isso oque ela pensa. Essa e a sexta vez que me encontro perante a mulher que me deu a vida enquanto tentava tirar a mesma. Não se tornou mais fácil.

— Por favor, me deixe sozinha – Me deitei na cama e virei de costas para ela.
Assim que ouvi a posta se fechar pude sentir meu corpo novamente se afundando, a sensação de que meus pulmões estavam sem ar enquanto meu corpo se perdia lentamente na escuridão que chamamos de dor. Terça-feira, comprei pétalas de rosa branca e um novo vestido para que meu plano não acabe mal, sempre pensamos na morte como uma caveira com túnica preta e por isso tememos ela, mas e se ela for apenas uma sensação? Pessoas como eu que anseiam por ela sempre a imaginam como a sensação de paz que procuramos desesperadamente, espero que realmente seja assim. As vezes tenho uns sonhos onde sou uma rainha que foi traída pelo próprio povo, meu esposo era um rei bondoso e benevolente. No meu sonho eu morria em seus braços enquanto prometia voltar para ele... Um trágico fim.

— E agora... – Disse encarando o chão repleto de pétalas brancas, me deitei e ajeitei a lâmina em cima do meu pulso direito. Com força e hesitação eu senti minha pele se rasgar, uma mistura de dor e eletricidade fazia com que meu coração explodisse no meu peito até que finalmente, parasse.

— Pobre alma, se levante – Uma voz familiar me chamou.

Levantei-me e quando meus olhos se cruzaram com os dele uma corrente de lembranças invadiu nossas mentes, congelamos um em frente ao outro enquanto assistíamos ao transe em que fomos submersos.

— Cibele! Acorde Cibele! Amor, não vá! – Uma voz desesperada implorava enquanto me segurava em seus braços.

— Não encare esse como meu fim, nossa Deusa jamais deixaria que ficássemos sós – Afirmei enquanto acariciava seu rosto.
— Mas... E se ela não me perdoar? — Suas lagrimas atingiam meu rosto enquanto sua pele branca perdia o brilho.

— Quando seus olhos voltarem a brilhar e a lua deixar de estar só... Eu voltarei – Disse enquanto dava meu último suspiro.
E tão rápido quanto vieram as lembranças se foram deixando apenas duas almas perdidas encarando uma a outra. Os olhos da criatura que se assemelhava ao mais belo anjo encaravam os meus como se pudessem ver através não só da minha alma, mas também da minha existência.

— Caelum.

— Cibele.

A lua já não estava só, e agora eu também não estava.

Por: Kel

Contos para se enfeitiçar: porque a magia vive em nósOnde histórias criam vida. Descubra agora