Capítulo 22 - Que o tempo parasse.

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Os floquinhos de neve caíam sobre a minha cabeça, todo o meu gorro preto estava coberto por eles. Eu ouvia gritos, vozes altas, risadas. Eu via sorrisos, pais com seus filhos e Camila correndo atrás de uma menininha de cabelos ruivos. Não me atrevi a atrapalhar, permaneci sentada sobre um banco vazio embaixo de uma árvore. Seus cabelos estavam contra o vento, seu gorro vermelho, assim como o meu, coberto por flocos brancos. O sorriso que ela tinha nos lábios não me permitia desviar os olhos, eu estava vidrada nele como viciados são vidrados em drogas.

Deixei-me imaginar rapidamente que Camila corria atrás da nossa filha, a ensinando dar seus primeiros passos enquanto eu me ocupava em registrar tudo com fotos, para que pudéssemos mostrar a ela quando fosse mais velha, quando entendesse a importância do que estava acontecendo.

Filhos. Assustei-me um pouco quando cai na real, eu já estava planejando ter filhos com ela. Filhos, minha nossa! Filhos. Eu sabia que minha situação era grave, mas me peguei imaginando uma cena tão família que sorri abertamente enquanto olhava Camz erguer a menininha ruiva no colo e rodopiar com ela em seus braços entre gargalhadas adoráveis. Será que ainda demoraria muito tempo até o dia que eu chamaria uma garotinha como aquela de filha e a mulher que a carregava nos braços de minha esposa? Suspirei levando o cachecol que tinha no pescoço até o nariz para escondê-lo do frio.

Sorri desviando os meus pensamentos quando a vi se aproximar com a garotinha no colo, a Torre Eiffel atrás enquadrando as duas de uma forma tão linda que senti vontade de tirar uma foto e colocar em um quadro.

: - Ei, amor. - Camila disse quando estava perto o bastante, sentando-se ao meu lado no banco com a ruivinha em seu colo. Ela era linda, gorrinho branco nos cabelos, sardas em seu nariz e olhos cor de mel. Apaixonei-me. Passeis os olhos pelo campo e observei seu pai de pé com os braços cruzados nos olhando, tinha um sorriso no rosto. – Nicole, essa é a Lolo.

Camz me apresentou, a menininha sorriu animada e ergueu a mãozinha para tocar meu rosto.

: - Você é bonita.

Ela disse baixinho, seus olhos grudados nos meus. Sorri abertamente e beijei a pequena palma.

: - Você é mais. E seu nome? Perfeito como você.

A elogiei e a vi corar nas bochechas fortemente, assim como Camila corava quando eu a elogiava. Camz e eu nos olhamos por algum tempo, aquele sorriso viciante jamais saíra de seus lábios. Seus olhos estavam estreitos por conta do vento que afagava seu rosto, uma mecha de seu cabelo cortou seu sorriso ao meio quando voou para sua boca, onde eu ergui a mão para tirá-lo dali em uma lentidão eterna. Não queria nada atrapalhando o que estava fazendo meu peito sacudir no momento.

: - Vocês são namoradas?

Camila e eu nos assustamos quando ouvimos a pergunta. Olhamos para a menininha sapeca no nosso meio e sorrimos sem graça.

: - Ei, não. É... – Camz começou a explicar. – Não, não.

Mas parou ali, me fazendo rir. Eu estava corada, pois é.

: - Sabe, não precisam mentir. Papai disse que namorados chamam namorados de “amor”. E você chamou a Lolo de amor, eu ouvi. – Ela gesticulava enquanto falava, seus olhos espertos desviando do meu rosto para o de Camila. – Minha irmã tem uma namorada, ela é bem bonita e também tem o olho verde. Eu gosto dela, ela me leva pra passear e sempre me compra chocolate. – Ela riu corando um pouco nas bochechas.

Eu ri dela e mordi o lábio inferior, acariciando sua cabeça.

: - E o que você acha sobre sua irmã namorar uma menina?

Não resisti e perguntei, Camila me encarou com os olhos curiosos.

: - Eu acho legal. – Ela riu. – Meninos não gostam de rosa, né? Eu gosto muito de rosa. Eu não quero um namorado que não goste de rosa.

Falling in love for the last timeOnde histórias criam vida. Descubra agora