Capítulo 39 - Entre tapas e beijos.

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Quantas vezes na vida podemos sair do inferno e alcançar o céu em questão de segundos? Quantas vezes você já se sentiu na beira de um precipício, e pouco tempo depois estava pisando em penugem? Quantas vezes na semana você sentiu que poderia se afogar em tristeza e logo depois estava sorrindo? Quantas vezes no mesmo dia sua vida oscilou entre o amargo e o doce? Quantas vezes você desejou nunca mais olhar para o rosto de uma pessoa? E quantas vezes você desejou nunca mais tirar os olhos dela?

Eu pisquei rapidamente, uma piscadela curta e ansiosa. Eu não queria perder nenhum detalhe da visão que estava tendo, eu não podia e nem queria fixar meus olhos em qualquer outro lugar que não fosse no rosto de Camila. Meu corpo estava levemente trêmulo, minhas pernas esticadas na cama sustentavam o corpo de Camz deitado sobre elas. Eu separei os lábios para suspirar quando a ponta de suas curtas unhas desenharam linhas pequenas na lateral direita do meu quadril. Seus cabelos caindo para o lado, cobrindo a lateral esquerda da mesma região. Seus olhos fechados, sua expressão serena, a blusinha que eu usava erguida até a parte inferior de meus seios.

Minha barriga subiu e desceu rapidamente em um palpitar quando os lábios de Camila se fecharam na pele do meu ventre, um beijo delicado sendo depositado no local. Ela suspirou, eu estremeci. Seus dedos foram serpenteando minhas costelas, traçando minha pele arrepiada até circularem meu umbigo. Deslizei a língua pelos lábios para retirar a secura da ansiedade, ela fechou os seus em outro beijo quente um pouco mais para o lado. A sensação de ter a boca de Camila na minha pele me fazia ferver, era como se toda a água retida em meu corpo estivesse, naquele momento, borbulhando.

Ergui a mão e lhe afaguei os cabelos, os fios lisos e macios se embolando entre meus dedos. Camila suspirou e deslizou a pontinha de seu nariz perto da borda do meu short, eu podia sentir que ela estava inalando profundamente, seu peito se expandindo sobre minhas pernas. Meus olhos abertos lacrimejavam, não que eu estivesse com vontade de chorar, mas sim porque eu não me permitia fechá-los. Meu coração batia acelerado enquanto eu a observava, suas mãos e sua boca cálida me oferecendo o melhor remédio. Os meus pensamentos estavam presos em apenas uma frase: Eu não posso tirar os meus olhos de você. Eu repetia para mim mesma tremendo sob seus toques de cuidado e paixão. Eu não posso tirar os meus olhos de você. Eu jamais vou tirar os meus olhos de você, eu não posso tirar os...

: - ... meus olhos de você.

Fiquei tão refém daquele pensamento que acabei dizendo, baixo, mas ela foi capaz de ouvir. Logo seus olhos se abriram, aquele castanho fogo me fiscalizando. Se eu já estava trêmula antes, praticamente convulsionei naquele instante.

: - O que foi que disse, lolo?

Arfei ao correr meus dedos por entre suas mechas de cabelo, não ousei desviar nossos olhares.

: - Nada... Camz. – Sorri timidamente. – Apenas pensei alto.

Menti sentindo minhas bochechas arderem, o sorriso que ela me deu em troca me fez fechar os olhos. Afundei minha cabeça ainda mais no travesseiro e ergui o queixo, puxando o ar para dentro com toda a força. Depois da conversa que tivemos e do meu desespero desumano por perdão, nos deitamos na cama e ficamos ali desde então. Não dissemos nada, apenas nos olhamos. Camz com seu olhar indecifrável, eu com o meu completamente arrependido e feliz. Arrependido por ter sido uma estúpida, feliz por ter me desculpado.

Está vendo como a oscilação nos faz beirar à bipolaridade? Em um minuto você quer morrer, no outro quer viver intensamente. Talvez amar fosse loucura, mas seria essa a loucura mais consciente da vida? O amor é mesmo o único sentimento que leva a loucura e a consciência da mesma lado a lado. Eu tinha consciência de que era louca, completamente louca. E você ai, tem certeza da tua sanidade?

Falling in love for the last timeOnde histórias criam vida. Descubra agora