Any Gabrielly
Ele acorda e sua respiração está acelerada e seus olhos arregalados, ele começa a olhar por todo o quarto e seus olhos encontram os meus. Começo a ficar nervosa, vai que ele ache que sou intrometida ou algo assim. Antes que ele diga algo eu falo primeiro.
- desculpa entrar no seu quarto, mas eu escutei alguns barulhos quando eu ia beber água e vim ver o que tava acontecendo - digo e ele assente com a cabeça e se senta na cama, então percebo que quando fui acordar ele sentei na cama.
Levanto rápido, mas sua mão me faz sentar de novo.
- Obrigado por ter me acordado - diz dando um sorriso fraco.
- Não precisa agradecer. Se não for muita intromissão, eu posso saber com o que você tava sonhando? As vezes é bom contar sobre o que está passando.
- Não era um sonho, era uma lembrança. E não precisa se preocupar eu vou ficar bem, só por favor não conta pra ninguém sobre isso, principalmente pra minha família - ele diz dando um olhar amendrontado pra mim.
- Não vou contar pra ninguém, não se preocupe - solto um suspiro e olho em seus olhos - Josh eu sei como é não querer contar uma coisa pra alguém, para não preocupar essa pessoa ou achar que tá incomodando com seus problemas.
Ele solta um suspiro e abaixa a cabeça.
- eu conto, se você contar também - diz levantando a cabeça e me olhando, suspiro e assinto com a cabeça.
- tudo bem.
Ele levanta da cama e fico sem entender, ele oferece a mão pra mim segurar e o olho com confusão, ele apenas da um meio sorriso. Seguro sua mão e ele me leva até a parte de trás da casa.
Eu nunca vim pra essa parte da casa. A Joalin e a Sofya já me convidaram algumas vezes para a casa delas, mas nunca vinhemos pra essa parte.
A grama mesmo no escuro consigo ver que é verdinha, tem uma piscina grande, e mais a frente tem um muro e uma porta de madeira.
Damos a volta pela piscina e ele ainda não tinha soltado a minha mão, o que eu acho bom. É bom segurar a mão dele. Chegamos perto da porta e ele para de frente pra mim.
- eu e minha avó fizemos o jardim que está atrás da porta. Os únicos que tinham a chave era minha avó e meu avô, ele me deu a chave dele quando eu tinha treze anos. Ele disse que era nosso segredo e que ninguém tinha que saber, então sempre que eu ficava triste vinha pra cá, quando eles se mudaram para o Canadá minha avó perdeu a chave. Então só eu tenho.
Eu estava prestando atenção em tudo o que ele falava e assim que ele acabou de falar, ele se abaixou e pegou uma chave de baixo da terra.
- só você e meu avô que sabem que eu tenho a chave. Então guarda esse segredo - diz piscando um olho pra mim e dou um sorriso.
Ele abre a porta e entramos, assim que entramos ele tranca a porta e solta minha mão,por conta do escuro da noite não consigo ver como é o jardim, ele se afasta e escuto um barulho e o jardim começa a se iluminar.
Eu nunca vi algo tão lindo em toda a minha vida. Tinha flores de todos os tipos, formas e tamanhos, a grama era ainda mais verde do que as de fora do muro, tinha um caminho de pedras por todo o jardim e vejo uma casinha de madeiras pintadas de várias cores, suponho que seja lá onde ele guarda as coisas de jardinagem.
Ele volta pra perto de mim e pega minha mão de novo, vamos até um local que não tem flores, só a grama, ele senta e eu faço o mesmo.
Ficamos um tempo em silêncio até que ele decide o quebrar.
- aconteceu nessa recente ida até a Síria. Eu sou um sniper, o capitão mandou eu ficar em cima de um prédio abandonado pra dar cobertura para os outros soldados que estavam indo em direção ao local onde nós ficavamos quando estávamos lá. Tava tudo tranquilo, o que era um milagre. Estava tudo bem até eu ver uma menininha, ela era linda e muito fofa - seus olhos ficam nublados e distantes como se estivesse relembrando aquele momento - ela tava sozinha, e seus olhos estavam inchados parendo que ela havia chorado.
Ele solta um suspiro e abaixa a cabeça.
- ela segurava um pano enrolado e eu vi que um cara a olhava de longe, mas eu não liguei muito achava que era o pai dela ou algo do tipo. Ela andava em direção onde os soldados estavam, pelo visor da minha arma eu consigui ver o que ela segurava - ele dá uma longa pausa e depois continua - ela segurava uma granada enrolada naquele pano e ela ia tirar o pino, o homem que estava olhando ela deu um sorriso, aquele desgraçado sorriu porquê ele sabia o que ela ia fazer.
Ele me olha e vejo seus olhos cheios de lágrimas prontas para cair e em um ato impulsivo eu o abraço.
- eu não podia deixar Any, tinha mais de trinta soldados juntos - ele diz abafado por conta de seu rosto estar em meu ombro - eu rezei, pedi pra Deus pra ela não fazer aquilo, pedi pra ela sair de lá, eu pedi pra ela sair de lá mesmo sabendo que ela não me escutaria.
Ele levanta a cabeça do meu ombro e me olha. Seus olhos estão inchados e vermelhos, seus lindos olhos azuis agora não tinham aquele brilho de quando o vi pela primeira vez.
Em nenhum momento eu falei alguma coisa. Eu sei como é difícil se abrir e nesse momento eu só vou ouvir ele. As vezes o que precisamos é só alguém para nos escutar.
E também não tem muito o que eu possa falar agora. Não vou dizer que sei como é, pois eu nunca passei por nada perto disso, não vou dizer que vai ficar tudo bem, porque isso é algo que ninguém esquece e eu não sei como ele vai passar por isso.
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ContinuaDeixem a estrelinha 🖤💙
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•O SOLDADO•beauany [Concluído✓]
FanfictionAny Gabrielly tem 20 anos e estuda em uma das melhores universidade do Estados Unidos para ser uma futura pediatra. Ela tem alguns amigos que quer levar para a vida toda. As únicas coisas que importavam pra ela era seu estudo, seus amigos e sua famí...