Capítulo 21

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Maratona 1/5

Any Gabrielly

— e por que você não faz aulas de canto? Eu sei que lá naquela universidade tem, sua voz é linda tenho certeza que seria incrível. - ele diz olhando para o céu.

— tenho vergonha, e não sei se meus pais iriam gostar. - digo incerta, Josh me olha seriamente.

— quantos anos você tem? - pergunta me deixando confusa.

— 20 por que?

— Any você tem 20 anos, não é mais uma adolescentes, você já é maior de idade, já é uma adulta, uma mulher. Quem decide o que você tem que fazer é você, o futuro é seu. Você é independente.

— eu sei mas é difícil, por toda a minha vida eu fiz o que eles queriam que eu fizesse, eu tenho medo de decepciona-los. Eles desistiram de tantas coisas por minha causa. - digo olhando para as flores, Josh levanta a cabeça do meu colo e se ajeita no gramado onde estamos sentados.

Sinto seu olhar sobre mim mas não o olho. Fico mexendo na grama apenas para não olha-lo. Falar sobre minha relação com meus pais é difícil, minha relação com eles é difícil.

A mão dele está em meu rosto e ele levanta delicadamente, para que eu o olhe. Assim que nossos olhares se encontram ele da um sorriso reconfortante.

— você sabe que não tem culpa de nada, não é? - eu não respondo e ele solta um suspiro baixo - Any, você não tem culpa das escolhas deles e você não tem que fazer as coisas para agrada-los. Sim eles são seus pais, mas isso não faz com que você tenha que ser e fazer o que eles querem.

— tenho medo de não fazer o que eles querem e eles me culparem, por tudo o que eles perderam ou não tiveram por minha causa. Eu sou um erro, as vezes imagino o que eles estariam fazendo, onde estariam se eu não existisse

— Any você não é um erro e se eles não fizeram algo não foi por sua causa, foi por que eles não quiseram, um filho não lhe impede de fazer algo, ele apenas atrasa e as vezes dificulta um pouco, mas se eles não fizeram algo ou estão infelizes não é sua culpa. Pare de se culpar.

— mas eu dificultei e impedi que eles fizessem muita coisa. Meu pai poderia estar formado em alguma faculdade, mas ele desistiu para trabalhar para me dar o que comer. Minha mãe poderia ser uma ótima professora, mas nem completar o ensino médio todo, ela conseguiu. - digo já com meus olhos marejados.

Não conto isso para ninguém pois tenho que me julguem, dizendo que estou fazendo tempestade em um copo d'água, ou que estou apenas me vitimizando.

Mas é horrível se sentir um erro, uma falha, algo que não era para existir. E principalmente era horrível pensar em como eu estraguei a vida das pessoas que eu mais amo.

Josh me puxa para um abraço desajeitado já que estamos sentados um do lado do outro e nesse abraço me permito chorar, ele me abraça com mais força, mas não me machuca.

E sem perceber esse abraço virou meu Porto seguro, ele virou meu Porto seguro.

— você é incrível Gabi, você vai conseguir tudo o que quiser, faça o que você quer, o que te deixa feliz, viva sua vida. - ele diz e choro ainda mais.

— eu não sei como.

— ninguém aprende a viver, muitas pessoas pelo mundo estão apenas sobrevivendo e não vivendo, e viver não é algo que possa ser ensinado. Mas se quer uma dica, começa a fazer as coisas por você e não para os outros.

Assinto com a cabeça e ficamos no abraço, em silêncio e olhando o Sol nascer.

— temos que ir pra casa, eles já vão acordar, se já não estão acordados. - digo e olho para ele, no mesmo instante elee olha também.

Nossos rostos estão a centímetros de distância, meus olhos estão fixos nos seus assim como os dele estão nos meus, seus olhos são tão lindos, por um instante me perco neste oceano que ele carrega nos olhos. Ele abaixa seu olhar para meus lábios e faço o mesmo.

Seus lábios parecem ser tão macios.

Percebo o que estou pensando e me afasto, sorrio envergonhada e ele da um sorriso de lado.

— vamos? - ele diz sorrindo como se nada tivesse acontecido.

Mas não aconteceu nada mesmo. Mas se eu não tivesse me afastado, teria acontecido algo?

Ele levanta e estende a mão para me ajudar a levantar. Pego em sua mão e me levanto e assim que estou em pé, ele solta nossas mãos.

Ele vai até o portão e eu o sigo. Assim que passamos pelo quintal, escutamos algumas vozes dentro da casa.

— eu vou pela porta da frente para que ninguém desconfie ou pense coisas erradas, tá? - ele diz e assinto.

Entro pela porta de vidro e vejo que todos já estão levantados.

— o que estava fazendo lá fora Any? - pergunta Hina me olhando ainda com a cara amassada de sono - ah e bom dia moany. - ela diz sorrindo.

— bom dia Hina, e bom dia gente. Eu acordei cedo, todos ainda estavam dormindo e ainda estava escuro, como eu estava sem sono fui para o quintal ver o céu e ver o Sol nascendo. - e eles apenas balançam a cabeça, eles sabem como sou apaixonada pelas estrelas, Sol e principalmente pela Lua.

Vou para a cozinha e Úrsula já estava lá, junto com Ron, Bailey, Krystian e Noah que estavam ajudando ela a fazer o café da manhã.

— bom dia, querem ajuda? - digo e todos respondem com bom dia.

— não precisa se preocupar Any, eles dão conta, né rapazes. - Úrsula diz e Ron e os garotos assentem com a cabeça dando sorrisos forçados.

Dou risada com a cena deles de avental e Noah me olha com cara de tédio.

— vai rindo Any. Quando ela te obrigar a fazer alguma coisa, eu que vou rir de você. Ela só tem cara de boazinha, mas parece uma general. - ele diz sussurrando no meu ouvido e prendo o riso.

Alguns minutos depois Josh aparece na cozinha, sua camisa estava molhada assim como seu rosto.

— onde estava? - Úrsula pergunta para o filho.

— estava fazendo minha corrida matinal, eu tenho que manter a forma. - ele diz e me olha disfarçadamente e da uma piscadinha quando ninguém tá olhando, Úrsula assente virada para o fogão e disfarço um sorriso comendo um morango.

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Continua←

Deixem a estrelinha★
🖤💙

•O SOLDADO•beauany [Concluído✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora