The part you love the most

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A chuva não havia passado, pelo contrário, ela aumentou sua intensidade.

Dentro do aparamento onde Adrien morava, as coisas não estavam diferentes.

Havia um silêncio nos outros cômodos onde apenas a televisão ressoava o noticiário do início da noite e o casal, permanecia sem trocar muitas palavras.

Sentada no sofá depois de jantar com ele, Marinette não tinha certeza do que estava fazendo e se era a coisa certa. Adrien a convenceu de dormir na sua casa, visto que a chuva lá fora parecia não ter fim.

Iria dormir debaixo do mesmo teto que ele. Sentia-se tão nervosa que parecia como se tivesse voltado aos dias da sua adolescência onde mal conseguia olha-lo nos olhos.

Adrien por sua vez, estava experimentando do mesmo, mas de uma maneira nova.

Até então só tinha ficado tão nervoso como estava, apenas com Ladybug.

Nada parecido tinha acontecido antes, ainda mais com relação a Marinette mas ele, sabia muito bem o motivo sujo: esteva desejando o corpo dela, senti-la em seus braços, desde que viu suas formas com mais atenção naquele vestido molhado. Essa era a verdade.

Por dentro, recriminava-se, sentindo-se o pior de todos.

Marinette não era apenas um corpo bonito, disso ele já sabia também, e o seu coração amava outra.

Mas mesmo assim, naquele momento, com ela ali tão próxima, tão cheirosa, vestida apenas com as suas próprias roupas de dormir, os dois completamente sozinhos em um apartamento parcialmente escuro, não dava para resistir em querer algo a mais.

Tremia de desejo da cabeça aos pés, sentia calafrios todas as vezes que ela se mexia, que ela ajeitava a mão debaixo do queixo enquanto via a televisão.

Pelo canto dos olhos, passava o olhar sobre a forma das suas pernas. Eram panturrilhas lindas, coxas definidas, quadril largo ainda mais quando ela ficava sentada.

A respiração dela era baixa, sublime, delicada...

Seus cabelos estavam soltos e úmidos, caídos pelas laterais do rosto até os ombros.

Queria tocar naqueles fios, afastá-los para o lado e liberar seu pescoço para que pudesse vê-lo melhor, antes de aproximar a nariz e a boca da pele e sentir o calor do seu perfume junto com o gosto que ela deveria ter.

O sofá ficaria pequeno para os dois, mas isso não seria problema porque ao invés de deita-la a jogaria sobre seu colo, segurando bem as bandas das pernas para mantê-la firme.

Olharia em seus olhos, passaria uma das mãos sobre sua boca, o polegar, até abri-la e antes de se aproximar para beija-la, pediria para que deixasse sua mente em branco sobre aquela noite, para que os dois, não sofressem no dia seguinte.

Era tão egoísta...

Marinette não merecia apenas seu desejo unilateral, que condizia a sua pele, a sua forma de mulher. Ela merecia muito mais, ela merecia amor.

Todo o amor que estava disposto a entregar à Ladybug mas que não lhe serviu de nada em todos aquele anos. Talvez então... depois de todas essas rejeições, seria melhor recomeçar do zero, trazendo uma mudança efetiva na sua vida com algo que fosse real.

Havia uma mulher linda ali, sentada bem ao seu lado naquele momento, que era sua amiga, que o fazia se sentir bem em diversos aspectos. Ele mesmo não sabia bem o que a própria Marinette sentia com relação aos dois, mas poderia lhe perguntar e dependendo da resposta dela, quem sabe eles...eles poderiam...

- Adrien desculpa, mas eu vou indo lá dormir. Amanhã temos aula cedo.

Ele apenas sorriu, confirmando. - Sim, sem problemas... boa noite.

- Boa noite.

Marinette fez menção de se aproximar e lhe dar um beijo no rosto, mas ela apenas deu um sorriso pequeno e se virou caminhando apressada até o quarto onde fechou a porta, ecoando o barulho que chegou até os ouvidos de Adrien sentado no sofá, olhando para a tela da televisão como se fosse para o nada.

Ele entendia que Marinette não deveria estar pensando, sentindo as mesmas coisas que seu corpo sentia com relação aos dois. Era o único, estava sozinho naquela merda.

Não poderia imaginar.

Muito mais do que o próprio, a mestiça se encontrava pegando fogo dentro do coração.

Havia se deitado com a cabeça sobre o travesseiro macio, achando que se fosse dormir, estaria a salvo, mas aquela cama, aquele quarto era uma armadilha.

Tudo ao redor a fazia se lembrar de Adrien, cada detalhe, cada livro. Sua escrivaninha, o notebook, as roupas espalhadas na cadeira de escritório, a bagunça tipica de um quarto de solteiro. O cheio dele impregnava o ambiente aguçando seus sentidos, seu desejo.

Por Deus... ele estava a poucos metros, bastaria apenas se levantar daquela maldita cama caminhar até lá e lhe dizer todas as palavras que haviam sigo guardadas em todos aqueles anos.

"Eu te amo, te amo! Por favor olhe pra mim, me veja, esqueça que eu sou sua amiga eu não quero mais ser... eu quero ser sua namorada, quero ser o seu amor...! Olhe pra mim!"

- Tikki.... - ela sussurrou, com as lágrimas em seu rosto.

A kwami se compadeceu fazendo um carinho na sua bochecha voltado para cima. - Eu sei Marinette... sei que esta doendo, mas aguente firme.

Fechou os olhos. - Não dá... eu não consigo mais...

- Você vai falar com ele?

- E- eu preciso...

- Mas Marinette.... e se ele...?

( ... )

- Adrien, volte para o sofá, você sabe que não pode agir assim agora!

Parado de frente a porta onde sabia que Marinette estava dormindo na sua cama, o Agreste a mirava atento, com os olhos focados.

- Eu não sei de mais nada Plagg, o que é certo ou o que é errado, mas eu não posso mais ignorar a minha vontade... eu preciso ao menos, conversar com ela pra saber o que ela pensa!

- Ela está dormindo garoto! Não traga problemas pra vocês, amanhã, conversem melhor... você não esta raciocinando direito.

( ... )

- Marinette! Pense melhor...!

- Não Tikki. Não posso mais... - murmurou a mestiça já de pé perto da cama. - Eu preciso falar pro Adrien tudo o que eu sinto por ele, mesmo que ele me rejeite. Pelo menos....eu vou ter certeza de que fui sincera o bastante. - sorriu triste. - Se ele me rejeitar... se ele me negar... eu vou poder ter uma razão concreta para tentar esquecê-lo.

Tikki não falou mais deixando que Marinette caminhasse através do quarto escuro e silencioso até chegar à porta.

Quando colocou a mão na maçaneta, sentiu o corpo inteiro trincar e as bases enrijecerem. Por um momento, um ponto de lucidez veio a tona na sua mente a fazendo virar de volta para ir até a cama até que, ao passar pela escrivaninha viu algo que capturou a atenção dos seus olhos.

No porta lápis, havia uma foto da Ladybug presa num bico de pato.

Marinette engoliu seco e esticou uma das mãos pegando a pequena fotografia. Trazendo-a próxima de si, estreitou as linhas faciais.

Delineou o dedo sobre a imagem de si mesma, da sua outra forma, até virar o papel endurecido, onde viu uma inscrição - Je t'aime

Atônita, olhou para Tikki sentada na cama.

- O que foi? - a menor perguntou.

Depois de virar o rosto para a porta, Marinette voltou a engolir o choro, tomando fôlego para o que iria dizer:

- Me descula Tikki, me desculpa por te desapontar.... e cometer esse ato egoísta. Mas eu não posso mais ignorar o meu amor.

A kwami não conseguiu replicar a frase pois logo em seguida, Marinette deu a ordem para que se transformasse em Ladybug. 

Beloved BlemeshiOnde histórias criam vida. Descubra agora