Assim que coloquei os pés em casa, olhei ao redor e cheguei a uma única conclusão: eu estava totalmente sozinha.
Não só porque não havia pessoas em minha casa, mas sim, porque não existia mais ninguém em minha vida, exceto Jesy. Eu não tinha mais família, não tinha mais amigos, não tinha mais a minha tão sonhada faculdade. Meu nome e minha reputação estavam sendo arrastados na lama, enquanto eu assistia a tudo de camarote.
E não, isso não era nada divertido. Até ontem estava tudo perfeito. Eu tinha Perrie, tinha uma chance de viver ao lado dela, mas eu deixei tudo isso. Ok, mas será que eu tinha errado tanto a ponto de merecer tudo isso?
Será que meu erro não era digno de perdão? O ditado “todo o ser humano é capaz de errar”, não estava designado para mim? Por que eu tinha que ser julgada dessa forma tão imunda e desumana?
Se Perrie estivesse ao meu lado eu tenho certeza que todo esse fardo seria mais fácil de ser suportado. Eu estava sendo vítima de preconceito por parte de todos. A cada lugar que eu fui desde o meu casamento, só me levou a chegar à conclusão de sobre o quanto a sociedade pode ser hipócrita. Praticamente todos, no mundo inteiro, já tinham assistido a filmes pornôs. E noventa e cinco por cento de todas essas pessoas gostavam desses tipos de filmes.
Então por que eu deveria ser julgada? Por que tinham de atirar pedras em mim, me expulsar da minha própria vida? Isso não fazia o menor sentido. Ser humilhada dessa forma não tinha justificativa.
Apenas a dor em meu peito tinha justificativa. Minha cabeça estava dando um nó, em meio a vergonha e a decepção. Se meus pais estivessem vivos, será que eles fariam o mesmo que meus tios haviam feito? Será que eles, que com certeza me observavam onde quer que estejam, sentem vergonha de mim? Nojo?
Era muita cosia para suportar, pensar tornava tudo ainda mais angustiante, e agora que eu não tinha nada – realmente nada! –, para fazer, meus pensamentos estavam me massacrando.
Várias e várias vozes faziam morada em minha cabeça, ordenando-me a fazer várias coisas como: “se tranque no quarto e esqueça tudo”, “você não serve para mais nada mesmo”, “ninguém te quer, até Perrie sente nojo de você”, “morrer até que é uma bela opção, Jade”. Eu não aguentava mais, não aguentava mais!
Queria gritar, espernear, mas tudo o que consegui fazer foi escutar o barulho do meu celular, que tocava insistentemente dentro da bolsa. Não queria falar com ninguém, mas ao mesmo tempo, alguém estava querendo falar comigo. Nem todos haviam me largado ainda e isso era um bom sinal. Rapidamente puxei a bolsa para o meu colo e peguei o meu celular, visualizando o nome da Jesy na tela. Com um suspiro por saber que ainda tinha minha melhor amiga, atendi.
— Oi, Jess. — tentei soar não tão chorosa e melancólica, mas acho que foi em vão.
— Oi, Poopey. Estou tão preocupada. Como você está? Como foi na faculdade?
— Foi... Péssimo. — murmurei, sentindo as lágrimas molharem o meu rosto. Já estava mais do que acostumada com elas.
— Ah, Jade. Eu disse que iria com você, mas você recusou minha presença. Depois de tudo o que seus tios fizeram, eu sabia que você ficaria ainda mais triste. Algum idiota mexeu com você, foi isso?
— Não foi só isso. Eu fui expulsa da faculdade. — Solucei. — O reitor disse que eu era uma ameaça à imagem da instituição e de acordo com o contrato, a faculdade está no total direito de me afastar. Eu nunca pensei que isso iria acontecer, nunca! Eu estava tão perto de me formar, tão perto de, finalmente, realizar o meu sonho... Tudo foi arrancado de mim, Jesy, tudo!
— Oh meu Deus, Jade! — ela murmurou chocada. — Eu não posso acreditar, eu simplesmente... Que filho da puta! Eles não podem fazer isso com você!
— Sim, eles podem. Eles realmente podem. — falei respirando fundo e tentando me acalmar. — O pior não foi isso, quer dizer, eu acho que o que aconteceu a seguir, foi o pior. O reitor disse que, se eu... Se eu... — fechei os olhos sentido meu estomago revirar novamente. — Se eu chupasse ele e fosse bem nisso, eu poderia voltar à faculdade. Jesy, eu nunca foi tão humilhada. Eu vi toda a minha vida, toda a minha dedicação em ser uma boa pessoa, ruir bem na minha frente. Foi horrível.
— Mas que velho escroto! Você deveria processá-lo por assédio sexual. O que ele fez foi nojento. Amiga, por Deus, você não merece passar por isso, não merece.
— Eu não vou processá-lo. Eu não quero arrastar mais esse assunto, eu estou muito desgastada para isso. Minha vida virou de cabeça para baixo totalmente, eu só tenho você agora, mais ninguém. Se você me deixar também...
— Não diga uma merda dessas, Jade, eu nunca te deixaria, nunca! Você é minha melhor amiga e eu vou estar com você até o fim dos tempos, ponto final. E é apenas uma questão de tempo para que Perrie veja isso. Eu tenho algo pra te falar, me escute, ok?
— Tudo bem.
— Bem, hoje é aniversário da Perrie. Ela vai fazer uma festa no apartamento dela e não vai ser um tipo de festa legal. Segundo Leigh-Anne, Perrie convidou um monte de gente do mundo pornográfico, um monte dessas mulheres piranhas. A festa vai ser regada exclusivamente a álcool e sexo. Deprimente. Mas eu acho que, se você aparecer lá e falar tudo o que sente por ela, expor de uma vez por todas tudo o que pensa, ela vai largar aquilo tudo. Ela não esta fazendo aquilo porque gosta e sim porque quer se esquecer de você, bebendo e metendo em várias mulheres, coisa que, aliás, ela não faz desde o dia em que você a deixou.
Ela fez uma pausa, enquanto meu cérebro processava toda aquela informação. Realmente, festas desse tipo não são muitos do feitio de Perrie; se eu há conhecesse um pouco menos, falaria que isso era algo que todas as atrizes/atores pornôs deveriam fazer, mas Perrie era diferente de todas as pessoas que conheci. Ela simplesmente não faria algo assim por livre e espontânea vontade.
— Se você for, ela vai perceber a verdade. Vai ver que não vale a pena ficar arrastando essa dor por mais tempo, vocês duas estão saindo magoadas nessa história, você precisa de todo o apoio dela, que é uma pessoa experiente nesse assunto. Vocês se amam e simplesmente não podem mais ficar afastadas. Entende isso?
— Sim... — sussurrei. — Você tem razão, mas como eu vou fazer para entrar lá? Ela me proibiu de entrar no prédio dela.
— Eu estarei na festa, quando você chegar ao prédio dela, é só me ligar e eu desço para te buscar. Nem que tenhamos que subornar o porteiro, você vai nessa festa, ou não me chamo Jesy Louise Nelson!
Ouvir a determinação dela me fez sorrir. Era tudo ou nada, ou eu iria e impediria Perrie de se afundar nessa festa absurda, ou eu poderia perdê-la para sempre.
E eu não estava disposta a ficar com a segunda opção.
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Pornstar
FanfictionJade Thirlwall é uma mulher de vinte e dois anos. Cursa faculdade de odontologia, ama ler e é apaixonada por seu noivo, Josh. Tudo em sua vida sempre foi perfeito e em ordem, até que seu noivo a trai de forma descarada. Seu mundo magnífico é destru...