Point Of View Perrie Edwards
Eu me lembro exatamente daquele dia. Quer dizer daquela noite.
Mentiras.
Eu me lembro em partes da porra daquela fodida noite. Era meu aniversário, fiz uma festa ridícula, com convidados ridículos, músicas ridículas – eu gosto mais de blues e rock do que eletrônica, só para deixar bem claro – bebidas caras para deixar os convidados ridículos em um nível de imbecilidade acima do que se pode ser aceitável.
Mulheres gostosas, sem cérebro, feitas para foder. E Jade.
Minha linda e maravilhosa Jade. Ela estava molhada pela chuva, o vestido colado ao seu corpo, o cabelo estava pingando, os olhos chocolates estavam tristes. Ela disse várias coisas, eu disse várias coisas, os convidados ridículos disseram várias coisas e então, ela chorou.
E foi embora.
Foi embora porque eu a expulsei. E sim, você pode me chamar de idiota, porque eu realmente sou.
Mas, vamos continuar.
Ela saiu e eu mandei aumentar o som, bebi muito mais do que o meu limite, tentei foder com as duas mulheres que estavam em cima de mim o tempo todo, mas fracassei porque a porra do meu pênis ainda não entendia que ele tinha que subir para todas as mulheres e não só para Jade.
Acordei no meio da sala, sozinha, com uma bagunça imensa à minha volta. Cabeça estourando, o estômago já tinha ido para o caralho e a minha boca amargava mais do que tudo no mundo inteiro.
Vomitei mil vezes, tomei milhares de remédios, chamei uma equipe de limpeza e estava pronta para me trancar na escuridão do meu quarto, quando uma das mulheres que limpavam a sala, me entregou um papel. Eu reconheci de imediato a letra de Jade.
Li tudo o que estava escrito, do começo ao fim, mil e uma vezes. E me perguntei por que diabos eu a expulsei. Por que eu tinha feito aquilo? Ela havia errado muito ao me deixar para se casar com o cara de virgem, mas porra, ela não casou com ele!
Caralho, ela não se casou!!
Então, por que ainda estávamos separadas?
Por que eu a havia expulsado todas as vezes que ela veio ao meu prédio, tinha ignorado todos os seus telefonemas e suas mensagens, tinha lido seus cartõezinhos e enfiado-os no fundo de minha gaveta?
Há uma resposta para isso tudo. Porque eu sou uma orgulhosa fodida e... Idiota. Simples.
Fui movida por vários sentimentos ao mesmo tempo, entre eles estavam à mágoa, ignorância e claro, meu orgulho. Uma mulher que cresce em uma profissão como a que tenho, tem tudo o que quer, na hora que quer... Quando tem o orgulho ferido, senhoras e senhores, é um belo pé no saco. Eu não havia escutado nada do que ela havia dito, meu olhar – e meu cérebro – estavam no modo puramente carnal, ou seja, eu só estava olhando para o corpo de Jade.
E lembrando-me disso, tenho nojo de mim mesma.
Para falar a verdade, eu só havia feito aquela festa para mostrar a mim mesma e ao meu ego filho da puta, que eu tinha voltado a ser a Perrie antes de Jade. Mas eu jamais voltaria a ser aquela Perrie. Mesmo se eu voltasse para o útero da minha “mãe”, eu nasceria sendo a Perrie-apaixonada-pela-Jade.
Acontece que, agora que eu estava disposta a tê-la de volta, Jade estava me ignorando. Exatamente do mesmo jeito que eu havia feito com ela.
Já havia se passado uma semana desde a minha festa e eu não tinha notícia dela. Ela estava seguindo tudo o que eu disse – não que eu me lembre de exatamente do que eu disse naquele dia, mas Leigh-Anne fez o favor de me lembrar. Na verdade, ela esfrega na minha cara a merda que eu havia feito –, não me procurar mais.
Nenhuma mensagem, nem telefonema, nem cartão. Nada, absolutamente nada.
E Jesy também não cooperava. Ela simplesmente não fala mais comigo desde a festa e com razão. Ou seja, se ela tem notícias de Jade, ela simplesmente não quer me dizer.
Desespero é pouco para descrever o que estou sentindo.
Eu precisava de uma estratégia muito boa para que ela conversasse comigo, precisava fazer com que ela me ouvisse, com que ela soubesse que eu realmente tinha sido uma idiota que admitia isso...
Minha campainha tocou.
Eu nunca cheguei tão rápido à minha porta como naquela hora, minha esperança era ver Jade do outro lado, Mas não foi bem isso que aconteceu.
— Jesy? O que faz aqui? — perguntei.
Ela me olhou de cima a baixo com o novo tipo de olhar que dirigia a mim. Era uma coisa misturada com “sua filha da puta, por que fez isso com minha amiga” e algo como “saia da minha frente senão eu corto suas bolas”, ou seja, ela queria me ver morta e agonizando ao mesmo tempo. Depois de seu olhar feroz, ela passou por mim como um furacão e quando se virou para me encara novamente, vi algo novo em sua expressão: medo.
— Perrie, você precisa me ajudar! Ou melhor, você precisa ajudar Jade.
— O que está acontecendo?
— Ela está trancada no apartamento desde a sua festa, Perrie. — Ela disse, se sentando e passando a mão pelos cabelos. — Eu tentei de tudo para tirá-la de lá. Liguei, quase arrombei a porta, mas ela dá nenhum sinal de vida! Eu tenho muito medo de ela voltar a tomar aquelas coisas novamente... — choramingou.
— Que coisas? Do que está falando, Jesy, que coisas são essas? — perguntei, me sentando à sua frente.
Que merda era aquela que ela estava querendo dizer? Jade estava correndo perigo de vida, ingerindo algo que poderia mata-la? Sabe aquele lance de desespero ser pouco para o que eu estava sentindo? Agora esse sentimento estava mil vezes pior.
— Você não sabe?
— Se eu soubesse, não estaria perguntando! Não enrola, Jesy, por favor!
— A Jade te contou sobre o acidente dos pais dela, não é? — perguntou e eu afirmei, balançando a cabeça rapidamente. — Ela também estava no carro, Perrie, no banco de trás. Os pais dela morreram na hora, mas ela quebrou apenas a perna e teve algumas escoriações. Em compensação, ela entrou em uma depressão muito forte, ficou quase um ano sem dizer uma palavra, e foi tratada com medicamentos muito fortes junto a uma terapia interna com psiquiatra e psicólogo. Hoje em dia, sempre quando ela se sente deprimida, ela recorre a esses antidepressivos. Ela fez isso quando descobriu a traição de Josh, se trancou e ficou se enchendo desses remédios. E eu tenho certeza que ela está fazendo isso agora.
Oh, porra!
— E por que você não me falou sobre isso antes? Porra, esses remédios são fortes demais, se eles forem ingeridos muitas vezes ela pode ter... Ela pode ter uma... — eu nem conseguia completar a porra da palavra.
— Overdose. — ela disse, chorando. — Perrie, eu sinto muito, eu estava com tanta raiva de você, tentei consertar isso sozinha, como fiz quando ela se separou de Josh, mas agora ela está pior. Aconteceram tantas coisas, os tios dela a renegaram, ela foi expulsa da faculdade e também teve o lance na sua festa... Além de mim, Jade não tem mais ninguém. Nós precisamos fazer alguma coisa!
Jade tinha sido expulsa da faculdade, renegada pelos tios, renegada por mim. Deus, quando falei que ela merecia sofrer... Não era isso tudo. Não chegava nem perto! A dor dela era minha dor. Eu sei muito bem que só poderia imaginar como ela estava se sentindo e só de pensar nisso eu me sentia sufocada. Era coisa demais para carregar e o meu maior medo era que ela desistisse de tudo. Não só de mim, mas da vida dela também.
— Vamos ao apartamento dela agora. Nós iremos vê-la, nem que eu tenha que virar aquele prédio de cabeça para baixo!
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Pornstar
FanfictionJade Thirlwall é uma mulher de vinte e dois anos. Cursa faculdade de odontologia, ama ler e é apaixonada por seu noivo, Josh. Tudo em sua vida sempre foi perfeito e em ordem, até que seu noivo a trai de forma descarada. Seu mundo magnífico é destru...