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- Entendo... Mas não teríamos outra opção? Uma menos... Invasiva?.

Questionava Carol apreensiva ao médico a sua frente. O rumo que a conversa estava tomando as deixou completamente sem chão.

- Como já expliquei para as senhoritas, a lesão da Dayane precisa de intervenção cirúrgica caso queiram reverter o caso. Gostaria muito de poder da outra opção para vocês mas nesse caso não ah...

Ambas sentiram a sinceridade em suas palavras, porém, era tudo muito chocante... Doloroso.

Primeiro o acidente.
Depois o como.
E agora isso... O universo só poderia estar de brincadeira.

Quando finalmente acharam que o pior tinha passado. Uma bomba atômica era solta.

Day permaneceu a conversa toda calada, absorvendo cada palavra com seu olhar fixo num ponto qualquer do quarto.

Afinal, a escolha estava em suas mãos.
A escolha apenas a pertencia.

Carol a apoiaria independente de qual fora.

- Doutor... quanto tempo tenho para decidir?

Sua voz saiu baixinho, ambos dentro da sala tiveram que aguçar seus sentidos para escuta-la, e entender tudo. Sua voz era trêmula, como se estivesse abeira de um choro intenso.

- Bem, dadas as suas condições, menos de um mês, seu quadro pode se agravar e não teremos como reverter.

O doutor respondia sério a cada pergunta das jovens, tudo teria que ser esclarecido com maestria antes de qualquer decisão.

Afinal, vidas estavam em risco.

- Se interromperem a gestão, as chances da senhorita voltar a andar sem nenhuma sequela são altas... Caso, optem pelo seguimento da gestação, sinto lhes informar que, as chances de você voltar a ter seus movimentos são equivalente a 5%.

Após o final dessa conversa, que mais se parecia uma reunião, as mesmas voltaram para o quarto o qual Day estava internada.

Nada fora dito ao percurso.
Nenhum som omitido.
Nem mesmo as respirações podiam ser ouvidas.

Apenas o som da cadeira de rodas rolando pelo chão.

"O que vai acontecer?".

Pensamentos como esse abitaram o inconsciente de ambas.

- Mais tarde venho para ajustar seus medicamentos.

Uma enfermeira gentil avisava, após deitar a morena em sua cama.

Por final, deixará ambas sozinhas.

Carol vagarosamente se sentava ao lado de sua esposa, sem pronunciar uma única palavra, apenas repousava o rosto da mesma em seu peito, que com o  gesto se entregava ao choro, desabando.
A ruiva lhe acareciava as costas, tentando conforta a mesma.

"Estou aqui".
"Vai ficar tudo bem...".

Sussurra carinhosamente, esperando o tempo da mais velha.

Depois de longos minutos, o choro que era intenso parou.

E elas permaneceram abraçadas, sem trocar nenhuma palavra.

- amor... Se eu desistir... Você vai me perdoar?

Perguntou para a ruiva, insegura.

-Day... Amor ... Quem sou eu para julgar sua escolha? Eu te amo independente de qual ela for, e vou te apoiar sempre... Então não pense em minha, pense no que é melhor para você nesse momento... Eles vão entender... Sei que vão.
  
Carol tentava passar confiança, tranquilidade e carinho.

Como se independente de qualquer escolha, estaria tudo bem. Que de fato era verdade.

Ela não iria a julgar se escolhesse seu próprio bem estar.

Não seria algo absurdo nem um total egoísmo.

Day estava com medo, isso era aparente.

Ela temia o futuro, todas as suas incertezas a autorizaram.

Não que a mais nova estivesse bem com toda essa informação, longe disso.
Mas no momento, transparecer tudo que a afligia não iria melhorar a situação.

As chances de Day tomar uma decisão apenas por causa da menor eram altas, ela não queria que sua amada se arrependesse futuramente.

Mais isso não significa que seu coração não sangrava na possibilidade de perder seus pequenos, eram seus filhos, fruto do amor compartilhado entre elas.

Mais no momento, ela tentava lutar quanto seu instinto de mãe.
Deixando, eles de lado.

Não era "egoísmo".

Apenas a compreensão de que existia muita coisa em jogo.

E no momento, nenhum querer poderia sobrepor o de Dayane.

A palavra final, deveria ser apenas dela.
Sem nenhuma interferência.

- Obrigada... Obrigada Carol, obrigada por estar aqui... Te amo...

Frágil.

Dayane estava frágil como uma flor.

Uma florzinha que estava a beira de se desmanchar.

- Não me agradeça... Eu te amo, é o mínimo...






E assim elas ficaram.

Abraçadas, sentido o impacto de cada palavra, formulando em suas cabeças a resposta.

Sem saber se a decisão que seria tomada, seria a correta.

Talvez não seja.

Não num contexto único, e sim, momentâneo.

Naquele momento a decisão tomada seria a correta.

Talvez o mundo provasse o contrário porém, seria tarde.

Não dá para voltar atrás de escolhas... Não é mesmo?






Continua...

Penúltimo capítulo.


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