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2 semanas depois.

Carol on:

Haviam se passado duas longas semanas desde o acidente de day.

Os médicos a colocaram num coma induzido por receio dela perde as crianças ou de ter mais complicações.

Não reclamei afinal, eles estudaram mais de cinco anos para isso. Ou seja, sabem o que estão fazendo, quem seria eu pra julgar?

Nesse meio tempo tenho me sentido cada vez mais culpa, pois, querendo ou não a culpa era toda minha.

Não do acidente, pelo que os policiais nos contaram o carro dela perdeu o controle por conta da chuva forte e um motorista alcoolizado bateu na lateral de seu carro.

E se ela não estivesse de cinto teria sido fatal.

Nessas semanas muitas outras coisas também aconteceram, meus amigos, os quais julguei que nunca mais iriam quer ver minha face. Estavam mas perto do que nunca, me ajudando a segurar toda essa "barra".

Exato Elana.

Ela não olhava na minha cara desda briga, apenas conversava comigo para saber de day ou dais crianças.

Não a julgo, pelo que eu sei foi ela quem cuidou da mesma quando eu simplesmente virei as costas para tudo e me fechei num mundinho imaginário.

Lembro bem que no segundo dia de internação, quando tudo estava muito incerto e delicado ela jurou acabar com a minha raça caso algo acontecesse com a day ou com os outros pequenos.

E sinceramente, não tive a coragem de confronto lá.

Nem podia.

Ela estava certa.

E eu errada.

Sou apenas uma covarde.

Enfim, agora estou aqui sentada mais uma vez na recepção do hospital esperando o horário de visitas.

Sim, visitas.

Day ainda estava na UTI ou seja, nós não podemos entrar em seu quarto apenas a observar por uma janela de vidro.

Todos os dias sinto como se uma parte de mim quebrasse.

Ela estava lá, naquele frio e triste quarto, ligada a vários fios, lutando pela vida. Sua vida e dos nossos filhos.

Agora não apenas dela, afinal, nunca foram.

Me sinto imponente , destruída, cansada, massacrada.
Porém, em nenhum momento me permite chorar.

Acho que não sou digna desse feito.

Vocês devem estar se perguntando da família dela.

Bem, quando tudo aconteceu tia Selma e tio César estavam nos Estados Unidos para o aniversário de oito anos da pequena Olívia.

Então só souberam da tragédia após o aniversário da princesa, pois, mais uma vez, me faltou coragem.

Não me senti no direito de estragar a felicidade deles com uma tragédia, embora estivesse falando da filha deles e dos netos.

Mais uma vez fui covarde.

Eles devem chegar hoje pela tarde.

Tenho quase certeza que a dona Selma vai querer até a minha alma.

Não me surprenderia se ela me atingisse com um tapa bem dado.

Na verdade acho que iria agradecer, de alguma maneira aliviaria minha dor.

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