Perfect match

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 Trabalhar percebendo que você está sendo seguida pelo olhar de outra pessoa não é nada confortável, muito pelo contrário, mas Momo teria que se acostumar, pois aquilo não parecia dar sinais de mudança tão cedo.

E os olhos que a seguiam, pertencem obviamente a sua gerente.

Ao contrário dos últimos dias, Nayeon ao menos fazia questão de esconder. Encarava fixamente na maioria das vezes, e sempre que seus olhares se encontravam, sorria tímida. Era no mínimo estranho ver a mulher agir daquela forma.

Não que Momo não fosse acostumada com aquele tipo de olhar vindo de outras pessoas. Ela apenas não imaginaria que Nayeon chegaria a ser uma delas.

A manhã já estava no final e o horário do almoço estava bem próximo. Com o estabelecimento vazio, Momo não fez cerimônia antes de apoiar o braço no balcão e descansar a cabeça sobre ele, totalmente entediada. Sem que ela percebesse, a gerente se aproximou.

— Você é sempre assim? — Perguntou, se apoiando ao lado do balcão.

Mesmo um pouco surpresa pela repentina aparição da mulher ao seu lado, Momo não demorou, antes de organizar a própria postura e voltar a posição alerta de anteriormente.

— Assim como? — Perguntou, como se nada tivesse acontecido. Nayeon riu.

— Distraída, pensativa...

— Nem sempre. Acho que hoje é um caso especial. — A japonesa explicou, brincando com a alça do seu avental.

— Por que?

— Primeiramente, eu estou com um pouco de medo de ser encarada até que não sobre nenhum resquício de alma no meu corpo...

A resposta de Hirai aqueceu as bochechas de Nayeon, que fingiu que não havia entendido a indireta. A mulher mais velha tossiu, nervosa e forçou uma risada, em uma tentativa frustrada de mudar de assunto. Mesmo após rir da mulher envergonhada, Momo continuou com sua resposta:

— Em segundo lugar, nesse momento eu deveria estar em outro lugar... Pensar nisso me deixa triste e quando eu estou triste é inevitável que eu fique distraída.

— Se me permite a pergunta... Onde você deveria estar? — Nayeon perguntou, encarando a mais nova com curiosidade.

— Eu deveria estar correndo atrás do meu sonho. — A resposta veio acompanhada de um sorriso triste.

— E qual o seu sonho?

— Voltar a fazer o que eu amo. — A japonesa respondeu simplesmente, enquanto brincava com os dedos. — Não me leve a mal, mas ser atendente de sorveteria nunca foi minha profissão dos sonhos...

— É, eu entendo perfeitamente. — Nayeon riu sem humor ao concordar. — E o que você ama fazer, então?

— Eu amo dançar e ensinar dança. Era o que eu fazia antes de vir pra cá. — A japonesa explicou, suspirando ao lembrar.

— E por que parou de fazer isso? — A mais velha parecia interessada na história de Momo. — Desculpa, eu não quero ser invasiva. Apenas estou curiosa.

— Não tem problema. É bom poder desabafar. — Momo comentou, surpreendendo a si mesma. Quem diria que ela algum dia estaria desabafando com a gerente que ela tanto reclamava. — Aconteceu uma série de maus entendidos e eu fui demitida do estúdio de dança onde trabalhava.

— Sinto muito.

— Tudo bem, um dia eu consigo novamente. — Momo deu seu melhor sorriso forçado, que fez com que o coração de Nayeon errasse uma batida. — Eu até havia conseguido uma entrevista no estúdio de dança daqui de perto, mas não tinha ninguém disponível para me substituir, então tive que vir trabalhar.

Ballet Teacher [Michaeng]Onde histórias criam vida. Descubra agora