O jantar

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As 7:30h eu já estava pronta e só esperando o horário marcado para ir até a casa do Henry. Eu estava nervosa. Não era um encontro, mas a presença dele me deixa inquieta e nervosa. Eu me sentia pequena diante daquele homão com aquela voz imponente e isso não só literalmente, até porque veja só, eu tenho 1,60 de altura e ele tem mais de 1,80.

Balancei a cabeça tentando tirar estes pensamentos e decidir dar uma última olhada no espelho.  Eu estava vestida com um vestido vermelho solto, mas muito confortável e uma sandália sem salto.

Estava na hora

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Estava na hora. As 8h em ponto em bati a porta do Henry e a imagem que eu tive de um Henry casual foi a coisa mais meiga que já vi. Ele estava de camisa com a manga levantada, calça e descalço. Bem a vontade.

Henry sorriu ao me ver

- Hey linda, entre por favor. Henry disse em um tom baixo e calmo. Provavelmente percebeu que eu soltei todo o ar que estava preso em meu pulmão e não sabia.

Tá, o que ele tá querendo falando português? Eu me perguntei com um sorriso bobo no rosto.

- obrigada Henry, eu sei que disse para que eu não trouxesse nada, mas trouxe este vinho para que você experimentasse.

A casa do Henry não tem nada de luxo exagerado. Um hall de entrada simples, porém muito bonito. Não pude perceber muito o restante porque senti uma boa de pelos se jogar em mim. Eu me ajoelhei para acarinhar o Kal.

- Hey, big Bear ( ei, ursão) como você está? Você é muito lindo, sabia? Senti sua falta.

- Ele gosta de você. Na verdade, o Kal gosta de quem eu também gosto.

Eu encarei o Henry e sorri envergonhada. Eu entendi bem? Ele gosta de mim? Ah Rebeca, por favor. Deve ter sido modo de falar. Nos conhecemos só há 2 dias e ele tem namorada. Apenas isso. Modo de falar.

Eu dei uns beijinhos no Kal e me ajeitei.

- Bom, eu espero que goste do vinho que trouxe. Se você experimentar e gostar, eu tenho mais garrafas disponíveis em casa.

- Ah, eu vou experimentar sim. Obrigada. Devo lhe dizer que está ainda mais bonita. Eu sorri envergonhada e agradeci.

- Você também está muito bonito Henry.

- Vem, vamos até a cozinha. Tudo já está preparado por lá.

Fomos entrando pela casa e quando chegamos a cozinha, eu percebi uma linda mesa arrumada com taças de vinho e um belo jantar a nossa espera. Henry pegou em minha mão e me conduziu a mesa. Começamos a tomar o vinho enquanto a gente se encarava. Então Henry decide perguntar.

- Rebeca, me desculpe a curiosidade, mas por que veio para Londres?

- Eu vim a Londres quando era criança e me apaixonei. Quando me formei e me tornei advogada, eu não quis ficar presa ao Brasil. Então me dediquei bastante e estudei para conseguir a liberação para atuar aqui e nos EUA. De início um escritório nós EUA me contratou, mas eles tem um escritório aqui também e eu resolvi expressar meu interesse de vir para cá. Bom, e eles concordaram. Ca estou

Henry fez uma pausa e me olhava sem piscar. O que me deixou desconcertada. Se ele soubesse o que o olhar dele causa no meu corpo e na minha mente...

- Mas você tem quantos anos? Henry parecia confuso.

- Eu sorri com sua carinha de curioso. Eu tenho 28 anos. Acabei entrando mais cedo que o comum na faculdade.

Henry arregalou aquele belo par de olhos azuis.

- Mas você é muito nova. Caramba, você parece ser muito determinada. Porque sei que não deve ter sido fácil.

- Bastante. Validar diploma, passar pelos cursos para conseguir trabalhar. Foi bem difícil. Eu advogo há quase 6 anos e amo meu trabalho. Mas e você, como é ser ator? bom, confesso que conheço boa parte do seu trabalho e admiro bastante.

Henry sorriu largamente com a minha pergunta e o comentário.

- Bom, eu sou ator desde os 17 anos  e me permito ir até o limite com cada personagem. Mas eu posso te fazer outra pergunta?

- Claro, pode perguntar o que quiser.

- Por que pareceu assustada ao me ver ontem?

- Por que não é todo dia que a gente  encontra o super herói favorito e ele ainda é o vizinho da casa ao lado kkkk.

Nós dois gargalhamos e aquele som da gargalhada dele me deu uma aquecida no meu coração.

- Eu não imaginaria que minha vizinha seria uma brasileira de sorriso fácil e encantador.

Terminamos o jantar e quando eu comecei a recolher os pratos, ele tentou me interromper.

- Voce não está pensando em fazer o que eu acho que vai não é?

- Se está pensando que vou lavar a louça, sim, eu vou. E nem tente me impedir.

- Mas você sabe que posso impedir, certo? Ele sorriu.

- Pode, mas não vai. Na minha terra, quem é convidado lava a louça como agradecimento. Então fica queijinho aí.

Eu pensei que Henry tinha ido para algum cômodo da casa enquanto eu lavava a louça porque tudo ficou silencioso. Entao eu comecei a cantarolar uma música animada do Bruno Mars e a dançar porque tínhamos ritmo dela na minha cabeça. Eu tomei um susto quando me virei e dei de cara com o Henry sentado na bancada me observando com os olhos escuros e um sorriso de canto.

- Hey, pensei que não estivesse aqui.

- Eu até ia sair e fazer outra coisa, mas quando te ouvi cantar e dar uma dancadinha, eu não resisti e fiquei te olhando. Você dança bem também, por sinal kkkk.

- Fiquei estupidamente vermelha agora, certo?

- Sim, você fica ainda mais bonita quando está envergonhada.

Para acabar com a minha vergonha, peguei a taça de vinho e comecei a puxar assunto. Continuamos a papear até que percebi que já se passava da 1 da manhã. Ele, como cavalheiro que é, resolveu me deixar na porta de casa. Não que fosse necessário, mas ele insistiu.

- Rebeca, obrigada pela noite tão agradável. Você é encantadora.

- Eu quem agradeço pelo jantar.

Nos entreolhamos e meu coração parecia que sairia pela boca. Desta vez ele não me deu um beijo de despedida na testa, mas sim no canto da boca. Eu fiquei paralisada numa briga interna entre ter gostado e saber que ele tem namorada.

- Desculpe, eu não resisti. Ele falou ao perceber minha confusão.

- Você tem namorada. Não é certo. Mas tudo bem, não irá se repetir.

- Rebeca, eu... Eu preciso ir a Jersey amanhã conversar com minha família. Volto em dois dias e gostaria de conversar com você sobre esse meu namoro. Pode ser?

- Claro, como preferir.

Nos despedimos e eu desejei boa noite.

....

Ao entrar em meu quarto, me joguei na cama frustrada por estar sentindo coisas por alguém que mal conheço e que ainda tem namorada.

O jantar havia sido maravilhoso. Eu queria tê-lo beijado de verdade, mas não podia. E por conta disso não conseguia dormir. Mas depois de pensar tanto e repassar o jantar mil vezes na cabeça, eu acabei pegando no sono e sonhando com o Henry.

Espero que escolha ficarOnde histórias criam vida. Descubra agora