Capítulo IX

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CAPÍTULO NOVE

Edward desistiu de tentar falar com Bella. Toda vez que lhe fazia uma pergunta, as respostas eram monossilábicas. Ele não lamentava por ter desistido. Ela continuava deitada lá, as persianas ainda fechadas, como no dia anterior. Parecia nem ter mudado de posição, pelo que ele sabia. Mas uma coisa sabia... o sangramento não retornara. Bella ainda estava grávida.

O médico iria lá naquela tarde novamente, embora tivesse dito que não havia nada que pudesse fazer. Mas se acontecesse alguma coisa, Edward queria se certificar de que tinha feito tudo que podia para impedir, proporcionado todos os cuidados necessários.

Virou-se para ela agora e falou:

— É muito difícil... esse período de espera.

Ela não respondeu.

— Devemos apenas manter a esperança.

Bella o estudou, sem falar. Esperança do quê? Não havia esperança de nada.

"Eu preciso fugir. Preciso fugir", pensou.

Era tudo que podia pensar.

"Tenho de sair daqui", continuou a repetir.

Isso era imperativo. De qualquer maneira possível, tinha de fugir. Escapar daquela casa, daquele mundo. Escapar de Edward.

Escapar do destino abominável que ele planejara para ela.

Casamento.

Edward achava que me casaria com ele? Realmente achava?

Porque ela nunca faria isso. Entregaria seu filho para adoção. Não havia mais nada a fazer. Essa era a única maneira que seu bebê ficaria seguro... seguro com uma família amorosa, seguro do destino com o qual Edward o ameaçava, de ser criado como um dever, uma responsabilidade, um fardo...

Fazer isso iria crucificá-la, mas o faria. Refletira muito sobre o assunto, a emoção a sufocando.

Não tinha condições de criar um filho sozinha... não condenaria uma criança a viver do apoio do Estado, sem ninguém da família para ajudá-la ou apoiá-la. Mesmo se tivesse dinheiro, como lutaria contra Edward, que possuía uma imensa riqueza à disposição? Adoção era a única saída, a única esperança...

O nó fechou sua garganta, bloqueando tudo.

Edward estava falando novamente. Estava sempre falando. Não a deixando  precisava mantê-lo atrás da barreira que construíra ao seu redor, não deixando que ele a penetrasse.

— Está muito... fechado aqui. Gostaria que eu abrisse as persianas?

— Não — respondeu Bella inexpressivamente. Então o observou. O rosto dele também estava inexpressivo. Ela podia sentir uma emoção insuportável querendo ser extravasada de seu interior, mas a reprimiu.

— Estou muito cansada — disse Bella. — Talvez eu durma mais um pouco.

Ele assentiu.

— É provavelmente melhor. — O que mais poderia dizer? Ela virou a cabeça, bloqueando-o de sua visão.

Edward partiu e voltou para o escritório, aonde vinha trabalhando nos últimos dias. Com passos pesados, foi à mesa e se sentou. Trabalho, pelo menos, absorveu sua atenção desta vez. Estava grato por isso.

Edward foi ver Bella novamente na hora do almoço. Ela continuava calada, mal respondendo suas perguntas, apenas olhando-o de modo inexpressivo, então virando a cabeça para fitar a parede. Ele entendia por quê. O que poderiam dizer um para o outro?

Moorings of PassionOnde histórias criam vida. Descubra agora