Capítulo XIII

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CAPÍTULO TREZE

Ela não tinha certeza do que dissera para a vendedora, não registrou que a mulher tinha assentido e se dirigido para o depósito. Registrou apenas uma mão forte apertando seu pulso.

— Do que aquela mulher a chamou?

Bella olhou o rosto de Edward, cujo semblante revelava descrença e total perplexidade.

— Ela me chamou de Dra. Swan, porque é quem eu sou. Recebi meu diploma de doutorado no ano passado... o ano que meu pai faleceu. Ele era pesquisador aqui na universidade, e acabei de assumir a posição de pesquisadora no antigo departamento de meu pai.

Edward continuava olhando-a, estupefato. Então moveu os olhos para a bolsa sobre a mesa, seus conteúdos saindo. Liberando a mão de Bella, pegou um livro da bolsa.

— Inibidores de Enzimas Tirosinas e Neoplasia Humana — leu em voz alta.

— Bioquímica — esclareceu Bella naquele mesmo tom inexpressivo de voz. — Minha área de pesquisa é expressão do oncogene. Como genes envolvidos no desenvolvimento de tumores podem ser ativados, causando câncer, e como podem ser desativados para curá-lo. Esta era a área de pesquisa de meu pai, também... ele continuou trabalhando até o final.

Ela desviou o olhar. Ainda era doloroso pensar em seu pai... em quanta determinação tivera para viver o máximo possível, para continuar suas pesquisas.

"Quanto mais descobrirmos, mais podemos curar", ele dizia, ignorando a dor causada pelos próprios tumores que estava tentando entender e vencer.

— Por que a farsa de garçonete? — A dureza na voz de Edward baniu o fantasma do pai dela.

— Não foi uma farsa — respondeu Bella. — Meu pai conseguiu viver 18 meses além de seu prognóstico, usando drogas de prolongamento da vida que não estão disponíveis no serviço de saúde. Elas eram caríssimas, e para pagá-las, tivemos até de vender a casa. Foi algo que concordei fazer de bom grado... não apenas porque isso me deu um precioso tempo extra ao seu lado, mas porque o trabalho de meu pai era tudo para ele, e sua frustração por ter de abandoná-lo era insuportável. Ele me deixou todos seus dados de pesquisa e, embora eu tenha precisado sair de Marchester, um dos colegas de meu pai, na Universidade de Londres, trabalhou comigo para que a pesquisa fosse publicada. Eu passava meus dias fazendo isso, mas necessitava ganhar meu sustento, portanto peguei um emprego de garçonete à noite. Quando... quando conheci você, eu havia acabado de enviar o material impresso de meu pai. Mas decidi continuar trabalhando em Londres, sabendo que tinha sido aceita para a posição de pesquisadora aqui, no novo ano acadêmico.

Bella respirou fundo.

— Logo depois que parti de Lefkali e cheguei a Londres, recebi uma notícia inesperada. Meu supervisor me escreveu, dizendo que um fundo extra fora obtido, e que eu poderia assumir meu posto imediatamente. Então vim para cá.

Ele ficou em silêncio por um momento.

— Você gostou de me fazer de tolo, Bella? Fingindo ser quem não era?

Bella meneou a cabeça.

— Eu não o fiz de tolo, Edward. Passei minha vida inteira na academia científica. Minha mãe era fisiologista, meu pai, bioquímico. Isso é tudo que eu sempre soube. Em todos os outros assuntos, sou muito ignorante. Sei muito pouco sobre história, nada sobre arte, literatura, ópera ou política. Não sei conversar com brilhantismo sobre nada disso. Entendo apenas de bioquímica. Mas se você começa a falar sobre bioquímica com as pessoas, elas a olham com estranheza. Aprendi a falar pouco, não tendo muito a dizer sobre coisas não relacionadas à bioquímica. E também aprendi...

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