Capítulo VIII

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CAPÍTULO OITO

Edward parou do lado de fora da porta do quarto. Não queria fazer isso. Mas não tinha escolha. Havia pegado o corpo inerte de Bella e a carregado para uma cama num quarto de hóspedes no palacete de sua mãe. Então chamara um médico, e depois que ele a examinara, Edward lhe perguntara o que estava errado.

E o médico lhe dissera.

Após o primeiro choque, sua próxima pergunta tinha sido a que qualquer homem em sua situação faria.

— De quantas semanas?

— É muito recente, na verdade. Se você não tivesse me chamado, ela teria apenas pensado que seu ciclo estava atrasado. Muitas mulheres abortam e nem mesmo percebem que estavam grávidas. Mas neste caso — ele tinha olhado diretamente para Edward —, o aborto talvez ainda possa ser evitado... eu disse talvez. Repouso contínuo é essencial e nenhum tipo de estresse. Acredito que isso possa ter induzido a hemorragia dela.

O rosto de Edward havia se comprimido, mas ele não dissera nada, apenas perguntara que cuidados seriam necessários. Agora o médico partira, e ele teria de entrar e ver Bella.

Não podia fazer outra coisa, afinal de contas. Mas seus pensamentos estavam confusos. Como poderiam não estar?

Cristos... que situação!

Porém, ficar remoendo aquilo não resolveria nada. Tinha de entrar e lidar com a situação. Da única maneira possível. Tenso, abriu a porta e entrou. As persianas ainda estavam fechadas, o quarto levemente escurecido. Bella parecia muito deslocada na imensa cama de casal e no quarto com dimensões palacianas. Tão deslocada quanto parecera à mesa de jantar na noite anterior. Edward bloqueou a imagem, a memória. Mas estava impressa em sua mente, de qualquer forma.

Aproximou-se da cama. Bella o observava, mas havia alguma coisa de diferente em seus olhos.

Ele sentiu o estômago se contrair com o motivo. O que mais queria fazer era sair de lá. E continuar andando.

Mas não podia. Precisava enfrentar aquilo.

— Como você está se sentindo? — perguntou Edward.

Bella o estudou. Ele parecia o mesmo, o mesmo de sempre. Por uma fração de segundo, ela se sentiu responder da maneira que sempre respondia. Então, o conhecimento da verdade a esmagou sem misericórdia.

Queria fechar os olhos, negar o pesadelo.

"Por favor, não deixe que isso seja verdade", foi seu pensamento.

Mas era verdade, independentemente de seus apelos. Estava grávida. Grávida de Edward. Um homem para quem não passava de lixo...

Em sua cabeça, as palavras cruéis ditas pelo meio-irmão de Edward soaram. Palavras que a tinham devastado.

Palavras que eram cruelmente verdadeiras.

Elas são verdadeiras? Ou são apenas acusações infundadas de alguém que claramente sente inveja de tudo que Edward tem? Dúvida a envolveu. Fraca e frágil, mas estava lá de qualquer forma. Olhou para o rosto de Edward, sentiu aquele tremor interno.

Sim, ele a pegara da rua, mas não tinha de se sentir barata por causa disso. Não tinha! Apenas porque a situação pareceu coisa de filme, não significava que tudo fora sujeira. Ele nunca a tratara como se fosse. E ontem à noite...

Em meio à dúvida, veio a lembrança. Aquela humilhante noite anterior e do horrível jantar que Edward a sujeitara deliberadamente. O jeito que todos a tinham olhado... incluindo, sabia agora, a mãe de Edward. Todos a ignorando, como se ela tivesse uma doença contagiosa. E agora estava carregando o filho de um homem que a submetera ao desprezo geral da mãe e de todos os convidados dela...

Moorings of PassionOnde histórias criam vida. Descubra agora