VI

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Um barulho de chaves seguido do som da porta se abrindo me desperta do sono. Logo lembro da quantidade de vinho que havia tomado na noite passada, o que faz minha cabeça latejar um pouco. Precisaria de uma aspirina para aquele início de enxaqueca. Me remexo na cama até conseguir me levantar. Meus olhos param em uma Ângela com um sorriso sem graça. Ela estava segurando seus scarpins em uma mão e seu casaco em outra.

- Ângela não me diga que... – Pergunto descrente com aquilo que estava vendo.

Claramente Ângela havia passado a noite fora, e o pior, com Henri!

- Eh...oi!

- Ângela, perdeu a cabeça?? Estava até agora na rua?? Com Henri?? – Levanto bruscamente da cama e ando pelo quarto preocupada.

- Calma! Eu posso explicar! – Ângela joga suas coisas no chão e me puxa para sentar na cama novamente.

Ela me conta como foi sua noite anterior. Henri foi tão gentil com ela, passaram horas conversando e no fim, acabaram dando um beijo por impulso. Ele a convidou para ir até o apartamento dele, e ela não resistiu. Cada palavra era uma loucura para mim. Eles mal se conheciam, como aconteceu tão rápido??

- Então...vocês dormiram juntos? – Pergunto com medo da outra resposta que possa vir.

- Não, quer dizer...sim. Mas não desse jeito que você está pensando!! – A resposta de Ângela me deixa confusa.

- Ele me chamou pra dormir no seu apartamento, porque imaginou que criaria problemas se eu chegasse depois do horário no Campus. Então acabei aceitando, mas não fizemos nada!! – Ângela ressalta a última parte e eu agradeço aos céus mentalmente.

- Tudo bem, acredito em você – Respondo e me levanto em direção ao banheiro, mesmo achando toda essa história sem nexo.

Precisava de um banho para curar aquela ressaca. Procuro em minha maleta de remédios alguma aspirina para minha enxaqueca. Parto para o chuveiro e fico naquela água quentinha um bom tempo.

Após o banho, procuro uma roupa confortável. Eu não estava no pique para sair, queria curtir meu último dia "livre" deitada, vendo alguma série legal na Netflix. Meu corpo estava realmente cansado.

O dia amanheceu nublado e estava frio, então escolho uma legging preta e uma blusa longa de lã bege. Coloco meus sapatos estilo oxford e saio do dormitório em direção ao refeitório para o café. Ângela ainda estava cansada e preferiu ficar no quarto para descansar um pouco mais.

Chego ao refeitório e preparo meu café. Eu não estava com fome, mas teria que comer algo para acabar com aquela ressaca. Sento em uma das mesas vazias e começo minha refeição. Eu havia levado meu caderno de desenhos para me entreter um pouco fazendo algum croqui que gostaria de produzir. Eu não podia mentir, eu tinha talento para aquilo.

Terminei meu café e parti para um dos bancos do jardim em frente ao prédio dos dormitórios. Um pouco de ar fresco seria bom para me revigorar.

Pego meu caderno e começo traçando o esboço. Eu sempre gostei de criar vestidos, cada um trazia sutileza, mas também sedução. Eu gostava de cores vibrantes e peças que destacavam a beleza dos traços femininos. Sigo durante todo tempo entre parar para analisar e continuar o croqui. Até sentir uma presença se aproximando de mim.

Olho pela minha visão periférica, ainda com a cabeça baixa, e percebo aquela silhueta ereta que já conhecia. Pedro. Aos poucos vou parando o desenho e levantando meu olhar para ele, que não desgrudava os olhos de mim. Um vento suave e gelado soprou e novamente pude sentir seu cheiro. Canela. Fecho meus olhos por um breve momento quando sinto aquele cheiro próximo a mim.

Burning Desire - Pedro Pascal (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora