XIX

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Um mês atrás

POV Pedro

Minha cabeça latejava de dor, meus músculos se contraíam cada vez mais pelo cansaço. Tudo o que meu corpo necessitava era de uma boa noite de sono, e eu não sabia mais o que era isso desde que cheguei em Milão. Não imaginava que todo esse processo me daria tanta dor de cabeça. As coisas pareciam tão mais fáceis nos papeis há alguns meses atrás, mas nada é como a gente imagina.

Só que o que eu acreditei, era que conseguiria suportar a distância de tudo. Da minha casa, da Rivers, de Paris com todo seu esplendor. Achei que suportaria a distância do amor. Da minha Ava.

Ela não estava bem. Ângela sempre me ligava para informar como ela realmente se sentia com toda essa distância. E era sempre o mesmo: "ela não está bem"; "ela sente sua falta". Ava sempre tentava se mostrar o mais forte que conseguia quando conversávamos, mas eu sabia o que realmente estava acontecendo.

Era minha culpa. Talvez vir até aqui tivesse sido um erro.

"Senhor Rivera, o que você vai fazer em relação a esse atraso?? Não podemos esperar mais do que o previsto!" – o homem esbravejava pelo computador na videochamada.

- Eu vou resolver isso, senhores. Garanto-lhes que esse contratempo não vai interferir no tempo do projeto. A obra será finalizada no período marcado. – eu tentava despreocupá-los, mas por dentro, estava desesperado. Eu só queria que aquele pesadelo acabasse.

- Senhor Rivera, desculpe interromper, mas tem uma senhorita querendo falar com você. – minha assistente chega, interrompendo a reunião e eu agradeço aos céus. Eu só queria fugir de toda aquela pressão.

- Senhores, eu preciso resolver alguns pontos da obra, falaremos depois. – digo, já desligando aquela chamada infernal. – Anne, quem é? O único que estou esperando hoje é o Sebastian.

- Ela não quis informar o nome, senhor. Apenas disse que é sua noiva.

- Noiva???? – pergunto, assustado.

Eu pensei que meu dia poderia finalmente ter um pouco de paz depois da videochamada. Que aquele pesadelo poderia estar finalmente acabando. Mas as coisas sempre podem piorar mais um pouco.

- Sentiu saudades? – não era ninguém menos do que Petra parada na minha porta. Ela esbanjava um sorriso tão cínico que eu senti meu estômago embrulhar.

- O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?!

- É assim que você recebe a sua noiva? – ela pergunta, aumentando aquele cinismo cada vez mais. – pode sair, já fez seu serviço. – se direciona a Anne, que ainda estava parada na porta, assustada com tudo aquilo.

- Quem é você pra tratar meus funcionários assim??! - meu sangue fervia nas minhas veias de ódio. – Anne, pode ir. Obrigado!

Eu estava à beira de expulsar Petra eu mesmo daquele prédio. E era isso o que ela queria. Cena. Ela adorava chamar atenção, onde quer que fosse, e em tudo o que fazia. Eu não ia me render as provocações dela.

- Muito trabalho hoje, meu amor?

- Sai daqui, por favor. Eu não estou com paciência para os seus joguinhos ridículos. Vá procurar alguém que goste de dar alguma atenção miserável pra você.

A feição dela mudou completamente. Eu não me importava, contanto que ela sumisse da minha vista e nunca mais aparecesse.

- É uma pena você me tratar assim. Mas tudo bem, sua namoradinha terá um troco bem pior do que isso.

- NÃO OUSE NEM CHEGAR PERTO DA AVA, VOCÊ ME ENTENDEU?! – a seguro pelo braço impedindo que ela escape após fazer aquela ameaça.

Seu olhar se intensificou mais ainda sobre mim. Aquele maldito sorriso venenoso ainda estampado na sua boca. Petra conseguia ser a pior pessoa para você, se ela quisesse isso. O próprio Diabo da terra.

- Vai me bater, Pedro? É bom me tratar muito bem, se não quiser sujar sua imagem logo agora que vai abrir um novo polo.

-Você é doente. Eu tenho nojo de você. - me afasto o máximo possível dela.

- Ah querido...- Petra se aproxima novamente, deslizando seus dedos pelo meu rosto e eu a corto segurando seu pulso – você vai me amar como nunca depois disso.

- Pedro, quando você vai... – surpreendentemente, Sebastian chega até minha sala se deparando com Petra próximo a mim. Eu ainda segurava seu pulso com ódio no olhar e ela me entregava aquele sorriso medíocre. - desculpa, eu não queria...

- Está tudo bem Sebastian, eu já estou indo. – ela diz, saindo da sala mais animada ainda. – Um beijo, docinho.

- SOME DA MINHA VIDA! – grito da sala antes de Sebastian fechar a porta. - Ela que não ouse encostar na Ava!

- Pedro, o que tá acontecendo? Por que Petra está aqui? Vocês...?

- É claro que não, Sebastian! Petra queria acabar com o meu dia. E conseguiu. – sento na cadeira novamente massageando minhas têmporas que ainda latejavam de dor. Sebastian me olhava desconfiado, provavelmente porque não acreditou em mim. E por que acreditaria? Seria capaz até de Sebastian ser mais próximo a Petra do que de mim. – Como está a Rivers?

- De acordo com nossa mãe, "estaria tudo perfeito se você estivesse lá".

- E não está???

- Está tudo ótimo, Pedro. Sabe como ela é.

- Claro. Por que eu ainda me surpreendo com isso... – fecho os olhos encostando a cabeça sobre a cadeira, tentando controlar minha respiração ainda acelerada pelo descontrole.

- Pedro, o que aconteceu entre vocês? Por que está tão distante assim da nossa mãe? E de mim? – Sebastian parecia chateado.

Não era culpa dele. Mas depois de tudo, depois de todos os segredos dela, depois de toda aquela frieza da minha mãe, mesmo com aquela mancha no seu passado...eu imaginei se ele também não sabia sobre tudo. E mesmo assim nunca quis me contar.

- Não aconteceu nada Sebastian. Já chega disso!

- Quer saber? Cansei desse joguinho de vocês! E eu realmente achei que a nossa relação pudesse voltar ao que era antes, porque querendo ou não, eu perdi meu irmão mais velho, mesmo ele estando aqui, diante de mim. Não posso ajuda-lo se você simplesmente não liga se eu estou aqui ou não!

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele sai da sala furioso. Sebastian realmente não sabia de nada. Estava no escuro, assim como eu estava antes. Eu não sabia se o correto era contar toda a verdade ou deixar as coisas daquele jeito, como sempre estiveram. Se ele soubesse, talvez ele nunca me veria como um irmão novamente.

Talvez não fosse a hora certa ainda...

Burning Desire - Pedro Pascal (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora