XVIII

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Três meses depois


POV Ângela

De todas as dores do mundo, a saudade com certeza é a pior delas. Ela te afoga em um caos interno e silencioso, você se sente como se estivesse preso em um pesadelo, e que parece nunca conseguir acordar. Pelo menos era isso que eu enxergava na Ava durante esses meses. Depois que Pedro partiu, é como se sua essência tivesse partido junto com ele. Ela não sorria como antes, não se divertia como antes, o rendimento na faculdade não era o mesmo. Ela mudou. Eu não sabia como recuperar aquele jeito carinhoso e divertido da minha amiga. Não importava o que eu tentasse, quando chegava à noite, no meio da madrugada, eu escutava seu choro fraco debaixo das cobertas. Ela tentava esconder, tentava ser forte na minha frente, mas seus olhos sempre refletiam seus verdadeiros sentimentos. Aquela dor penetrante.

- Ela não está nem um pouco bem. Ela sente sua falta, Pedro. Até o rendimento dela na Rivers caiu. – digo pelo telefone.

- Ângela, por favor, cuide dela por mim. Eu não vou conseguir sair daqui por pelo menos mais um mês. Está um caos, todos me pressionam o tempo inteiro. Por favor, cuida da minha garota... – sua voz parecia desesperadora. Eu sentia que ele queria fugir dali o quanto antes pra cuidar da Ava.

- Eu...eu vou tentar. Vamos passear nesse fim de semana, acho que vai distraí-la um pouco. Eu espero...

POV Ava

Depois de ter conhecido o sentimento amor, vê-lo tão longe assim, me fazia querer desconhecê-lo. É egoísta pensar assim, mas durante esses meses, eu sentia que não fazia mais sentido eu estar aqui. Parecia que eu havia perdido toda a minha ambição. Eu lutava todos os dias para sair da cama, começar minha rotina na Rivers e voltar para o dormitório. Eu sempre conversava com Pedro, é claro. Chegávamos a passar noites em claro fazendo videochamada. Mas era tão dolorosa aquela distância. Ver que nosso contato era restrito apenas por aquele pequeno aparelho iluminado.

Ângela se esforçava tanto para me ver bem, o tempo inteiro. Eu me sentia cada vez mais culpada por isso. Eu também tentava. Tentava mesmo. Mas eu sentia que ela sabia que eu estava mentindo sobre aquilo tudo. E então, chegou um momento em que eu não conseguia mais esconder minha tristeza.

***

- O que você acha? Vai ser tão legal! Não temos mais nenhum projeto para fazer, as provas vão começar só mês que vem. Vamos, Av!

- Tudo bem. Podemos ir. – digo, sem esboçar qualquer emoção com aquilo.

Ângela queria passear por alguns pontos turísticos que ainda não havíamos conhecido. Apesar deu não estar nem um pouco a fim, eu não queria ver minha amiga se chatear comigo mais uma vez, já que era a quinta vez que ela me chamava pra fazer alguma coisa – só que eu sempre recusava.

- Aí, eu esqueci a minha câmera! Espera aqui, eu já volto, está bem? – Ângela volta para o dormitório atrás da sua câmera, como sempre, pra registrar tudo em forma de Polaroid.

O dia estava lindo. Estávamos num mês de verão. As ruas estavam coloridas, as pessoas pareciam mais dispostas, animadas, a cidade...mais romântica. Em cada cantinho, era um casal apreciando seus momentos juntos, posando para fotos em frente à Torre Eiffel, ou jantando sob a luz de velas no L'Avenue, aproveitando a brisa quente parisiense. Era doloroso olhar isso, meu coração se despedaçava a cada batida. Eu sonhava com o dia em que o veria novamente.

"Eu o veria novamente?"

- Ora, se não é Ava Crawford? – aquela voz automaticamente me pega de surpresa. Um sorriso de canto a canto se estende nos meus lábios.

Burning Desire - Pedro Pascal (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora