XVI

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"Tic-tac, tic-tac, tic-tac..."

A sala estava em completo silêncio, exceto por aquele barulho do relógio. Era um ruído mínimo naquela sala, mas eu o sentia martelar em meu cérebro, fazendo minha cabeça latejar de dor. Todos me olhavam, esperavam pela minha apresentação. O professor fazia um sinal com a cabeça para que eu prosseguisse, mas eu estava imóvel. Completamente imóvel. Minha boca tentava pronunciar as palavras que eu pensava, mas era impossível. Como se uma trava estivesse prendendo a minha voz, impedindo até mesmo de gritar.

Em um impulso, tento mover meu corpo, tentando sair daquele pesadelo que me impossibilitava de fazer qualquer coisa. E consigo.

- Vamos, senhorita Ava? Pode começar. - o professor insiste.

- C-claro! - finalmente consigo falar. Meu corpo relaxa ao sair finalmente daquele transe.

"Vamos Ava, você decorou sua apresentação. Você está pronta!"

Puxo o ar com toda força para dentro de meus pulmões até sentir o meu limite, e solto profundamente, sentindo meu corpo voltar à normalidade. Abro minha pasta com as especificações do trabalho e peço para que o professor solte o slide que estava atrás de mim, com meu croqui. Começo exatamente da forma como eu havia ensaiado anteriormente com Ângela, em nosso quarto. Calma e detalhadamente. No meio da apresentação, senti que conseguia conduzi-la tranquilamente, depois daquele turbilhão que passei há pouco.

- Parabéns, senhorita Ava, trouxe exatamente o que eu queria, com todas as especificações, tudo detalhado! - o professor diz, enquanto analisa meu croqui mais de perto.

De repente, senti um alivio sobre os meus ombros, como se aquele peso insuportável de estresse e preocupação tivesse desaparecido magicamente. Pensei se em cada avaliação eu me sentiria assim, aflita ou preocupada. Apesar de que, desde o começo, eu estava confiante, preparada para a apresentação. Até meu encontro com Alejandra...

Fiquei imaginando se Pedro e ela discutiram sobre mim. Era doloroso pensar nisso. Não queria que a relação de ambos se complicassem por minha causa, por causa do meu relacionamento com ele.

Tentei esvaziar minha mente de todos aqueles pensamentos e sentimentos que me deixavam cada vez mais nervosa.


***


- Você acha que Alejandra vai fazer alguma coisa para impedir vocês?

- Eu não sei...eu estou tão - respiro profundamente, encarando a tela do meu notebook, com várias guias de revisões abertas - chateada. É, acho que é esta a palavra que define o que eu estou sentindo agora. Eu não entendo ela ter essa...raiva de mim. Desde aquela apresentação, no início do semestre, eu já sentia que a minha presença a incomodava.

- Ela sabe que você é um perigo, principalmente pelo seu talento, Ava. Só um tolo duvidaria do seu potencial. Eu diria até que você está melhor que ela em suas criações... E agora, o filho dela é seu namorado. Ela está se sentindo ameaçada. Alejandra gosta de competir, sempre busca ser a melhor e maior em tudo o que faz. - diz Ângela, enquanto terminava seu sanduiche.

Faltavam 10 minutos para o fim do horário de almoço. Teríamos uma prova logo em seguida. Meu estômago estava embrulhado, por mais que eu tentasse, aquele encontro de hoje com Alejandra não saía da minha cabeça. Além disso, toda minha tensão com a prova já estava me deixando maluca. Eu só queria que este dia acabasse de uma vez por todas.

Burning Desire - Pedro Pascal (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora