Capítulo 22 (flores secas e mortas)

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Meu coração é molin e por isso decidi dar outra chance a vocês, mas é a última, sério!

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Essa semana foi uma completa loucura. Encontrei uma ótima escola para os meus filhos, me transferi para uma universidade que fica em NY, a clínica que eu sou sócia da para continuar agenciando de longe e pelo menos uma vez ao mês vou ir lá. Comprei uma casa aqui em um condomínio fechado e a mudança ainda nem terminou por completo, tem coisas minhas chegando até agora, desde móveis até roupas. Tem caixas por toda a casa e tem muita coisa para por no lugar e organizar e sinceramente, eu nem sei por onde eu posso começar.

Tive que contratar um desing de interiores para organizar o quarto da Emma e do Jacob do jeito que eles queriam, já que eles amavam os quartos na Espanha e já estavam me enlouquecendo com pedidos de um quarto igual ou melhor o tinham, de longe da para saber que são filhos de Daniel Walker.

Emma está toda animada, louca para falar com a desing e pedir um quarto com escorregador e cheio de personagens de desenhos que ela ama. Jack quer um quarto com de tema do filme toy story, são os conjuntos de filmes que ele mais assiste desde o primeiro ano de idade e como ele pegou esse vício? Com a esperança dos brinquedos saírem andando pela casa, já peguei várias conversas dele com os brinquedos, deixando claro que não contaria para ninguém se eles se mexessem.

Vou organizando aos poucos as caixas, arrumando meu closet primeiro, já que o meu quarto não precisa de nenhuma mudança ou reforma, enquanto as crianças brincam no quarto. A campainha toca, saio do meu quarto, desço as escadas atravessando o mar de caixas que está na sala e abro a porta para o Daniel. Ele está sorrindo e com sacolas cheias de brinquedos, Daniel quase não conhece os próprios filhos, mas dá para sentir que ama os dois, sem nenhuma dúvida.

— Oi Daniel - Dou um leve sorriso e dou espaço para que ele entre

— Onde eles estão? - Fala bem seco me olhando, sem nenhum brilho no olhar aliás, uma simpatia que nem cabe nele.

— Quarto - Respondo na mesma intensidade. Ele sobe as escadas com pressa e animado. Fecho a porta e subo para o meu quarto com calma, preciso terminar de arrumar tudo.

Vou pegando as caixas que estão escrito roupas, sapatos, bolsas e levo tudo para o closet, uma a uma, mas sem abrir para organizar ainda. Assim que termino de levar tudo para o segundo andar, abro a primeira caixa de roupa e vou colocando nos cabides por ondem de cor e assim, aos poucos vou arrumando e organizando tudo.

Faço com calma sem ver o tempo passar, só vou começar a dar aula de novo depois dos dias das mães, então até lá posso ficar tranquila e revisar o meu plano de estudo anual. As crianças começam na aula da creche na segunda, que no caso é amanhã mas por enquanto só estão com a creche garantida, ainda preciso ir atrás de outra atividades para eles, vou ter que perguntar o que querem fazer. O que só não fiz ainda pela loucura que essas últimas semanas tem sido para todos.

— Mia - Daniel me chama com uma certa gentileza parado na porta do meu quarto. Saio do closet e vou até ele.

— Sim - Paro em sua frente, esperando que fale alguma coisa

— Está ficando com fome? - Pergunta olhando em meus olhos

— Na verdade não - Respondo com sinceridade — Porque? - O encaro curiosa

— Estava pensando em pedir uma pizza e a gente comer juntos, como uma família - Ele fala com uma certa dificuldade e eu não entendo bem o motivo

— Pizza na janta? - Estreito meu olhar para ele

— Sim, já são quase 19:00. Você passou o dia inteiro arrumando o quarto, pensei que quisesse dar um tempo, descansar e comer algo - Está um clima bem pesado entre nós dois, todo esse drama de guarda está deixando tudo uma merda.

— Tudo bem - Suspiro

— Então - Ele começa e demora um pouco para continuar — Quer algum sabor?

— Pepperoni - Ele da um leve sorriso de lado — O que foi? - Pergunto sem entender

— Você continua tendo um gosto péssimo para comida - Gargalho

— Só por que você não gosta não significa que é ruim - É de repente o clima fica bem mais leve e como mágica o lugar se enche de luz.

— Não é a mesma coisa do salame, é apimentado, nem faz sentindo - Ele começa a andar e eu o sigo

— É muito bom e vai ter que ter esse sabor - Descemos a escadas nesse clima leve e descontraído

—Tomara que nossos filhos não tenham esse seu péssimo gosto - Dou risada e acabo fixando meu olhar no dele que também fica me olhando e de novo seus olhos voltam a brilhar para mim, a porra da nossa conexão é inexplicável. Mas nem tudo são flores e a campainha toca, acabando com esse climinha bom que estava entre nós dois. Daniel olha para a porta e depois para mim — Eu atendo, tudo bem. - Da um leve sorriso e o clima estranho volta com tudo, sabe aquelas cenas de desenho animado que o personagem tenta matar algum outro jgando uma pedra mas quem se fere é ele?! Éassim que eu me sinto nesse momento. Daniel abre a porta e um dos seguranças, que faz a entrega da correspondência,  está parado com uma caixa na mão na porta

— Encomenda para Mia Carter - O segurança do condomínio fala. Fecho a minha cara na hora e Daniel me encara com surpresa.  

— Quem deixou isso aqui? - Pergunto nervosa, ninguém além da minha família e a família de Daniel sabem que eu voltei, eu não mudei meu nome para Mia Carter ainda, então não era para ter nenhuma encomenda com este nome.

— Só deixaram aqui na frente senhorita - Fala com rapidez e sai da porta indo para outra, Daniel a fecha e fica encarando a caixa.

Antes que pudesse falar ou fazer alguma coisa, corro e pego a caixa da mão dele e a abro. Dentro dela tem flores mortas e folhas secas, e um botão de uma rosa vermelha que não chegou a florescer junto com uma pequena carta escrita a mão, com a maldita letra que eu reconheceria mesmo depois de 40 anos, Matteo descobriu que estou viva.

— O que está escrito aí Mia? - Daniel fala nervoso

— "Que bom que voltou, VADIA".

VOCÊ ERA MINHA PERDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora