Capítulo 63 (ele, ele, ele)

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Não me julguem, mas a vida tá corrida 💓

Ta acabando, eu prometo kkk

Mia Carter

Daniel me trouxe para um campo, longe da cidade, longe do mundo, longe de todo aquele sentimento. Tudo que tem aqui é uma casa, que é a do Daniel. A casa é linda, rústica e luxuosa, toda espelhada com paredes de tijolos, móveis de madeira almofadas, tem dois andares, três suítes enormes com varanda, sala e cozinha integradas e o melhor de tudo um jardim bem cuidado e cheio de flores. Tudo que se escuta aqui são os cantos dos pássaros, as folhas das árvores se mexendo com o vento e só. Aqui não tem nenhuma conexão de internet, nada de redes sociais apenas você e a natureza. Realmente era o que eu precisava, ficar longe de tudo e de todos, eu precisava de um tempo pra mim e para me recompor depois dessa perda, eu sei que vou sair mais forte mas antes eu tenho que apanhar.

Faz três dias que estamos aqui, eu estou dormindo em uma suíte e Daniel em outra, ele não tentou nada e nem se esforça para que aconteça algo, da para notar em suas atitudes que tudo que ele quer é me ver feliz. Desde que chegamos aqui ele tem feito todas as refeições para mim e sempre me questiona se estou sentindo algum desejo, e caso eu sinta ele faz ou manda entregar aqui, ele tem conversado comigo todos dias e sempre pergunta como eu estou me sentindo, trouxe um monte de filmes para assistir comigo, só dorme depois que eu for dormir e esse eu pedir ele dorme comigo, Daniel está passando cada segundo ao meu lado e me mimando ao extremo. Confesso que com toda essa atenção e carinho eu me sinto melhor, sinto a dor diminuindo em meu peito não que eu vá superar em uma semana, que é o tempo que vamos ficar aqui, mas aliviar por um momento, isso vai.

Todos os dias quando acordo Daniel traz o café da manhã para mim e todos os dias ele prepara uma comida favorita minha diferente. Hoje ele trouxe de café da manhã um misto quente de mix de queijos com um salada de frutas e suco natural de laranja, tudo que eu amo. Me levanto da cama e abro as cortinas deixando toda luz natural entrar, está um dia lindo e ensolarado não tem nenhuma nuvem no céu, tem borboletas rodeando as flores do jardim da casa, pássaros cantando e nada além de paz. Desço com a bandeja que Daniel levou para o quarto e levo para cozinha, onde o mesmo se encontra com seu pijama típico, uma calça moletom e chinelo.

— Bom dia - Ele sorri com brilho nos olhos — Como você está se sentindo? - Pergunta com calma e animado

— Estou bem, melhorando na verdade - Deixo a bandeja na pia

— Ótimo, hoje eu tenho uma atividade bem legal para gente fazer juntos - Ele me olha animado igual a uma criança e eu aguardo ele falar o que vamos fazer — Acampar - Ele sorri

— Acampar? - Pergunto curiosa

— Isso - Vamos ir no final da tarde quando o sol já não está tão forte

— Mas e a casa? Aqui está tão bom - Faço manha

— Não adianta Mia Carter, vamos acampar e você vai amar, eu prometo - Ele pega meus pratos e coloca na lava louça — Eu já deixei tudo arrumado, vamos ir para o pico da montanha quando estiver no fim da tarde para pegar o por do sol - Fala animado — Tudo está pronto, não precisamos levar nada - Ele volta a cozinhar

— Tudo bem, já vi que não tenho opção alguma - Ele sorri

Permaneço na cozinha com Daniel, o ajudo a preparar o almoço que ele já tinha decido que seria uma pizza inteiramente artesanal. Fico ao lado dele enquanto ele me mostra como fazer a massa, é bem mais complicado do eu imaginava. Ele coloca um pouco de farinha de trigo pela bancada, joga a massa já descansada em cima e vai sovando, abrindo, puxando e dobrando, ele me mostra cada movimento e aos poucos vai tomando forma a nossa pizza. Assim que a massa fica pronta Daniel faz o recheio e as coloca no forno para assar, enquanto isso arrumamos a mesa e conversamos, em nenhum momento ele tem sido desconfortável ou ao menos tem dado em cima de mim.

Daniel tem sido incrível nesses últimos dias, não tenho palavras para descrever o quão bom ele tem sido comigo e gentil. Eu sei que ele poderia ter me abandonado, ter dado espaço ou apenas ter me deixado na cama chorando por dias, semanas ou até mesmo meses, mas em vez disso ele quis me ajudar, cuidar de mim como ninguém poderia, como eu não permitiria ninguém fazer. Querendo ou não, gostando ou não, minha ligação com Daniel permanece forte e essa ligação vai nos manter cada vez mais próximos pois assim ele vai se tornar a minha base, e nesse momento tudo que eu preciso e quero é alguém que seja a minha base, que segure os destroços do mundo comigo e que permaneça ao meu lado, eu preciso de alguém forte para que eu possa ser fraca por um momento e essa pessoa é Daniel Walker, eu sei que ele consegue aguentar a barra enquanto eu me recupero e eu vou ser sempre grata por isso.

Depois de comer ficamos na sala assistindo um filme, depois colocamos toda a louça da pizza no lava-louças e subimos para nós arrumar, cada um em sua própria suíte. Tomo um banho quente e opto por um roupa quente, o clima a noite tende a ser frio. Passo creme um adocicado por todo o corpo, passo perfume e logo em seguida coloco a lingerie de renda preta. Visto uma calça moletom cinza, uma blusa fina de frio de cor preta e outra bem grossa por cima, calço o tênis e arrumo o cabelo para terminar. Não quero e não faço questão de maquiagem hoje eu quero ficar completamente natural e me sentir livre, desço as escadas e Daniel já está na sala me esperando usando uma calça moletom preta, um tênis da Nike e uma blusa de frio grossa. Assim que me vê seus olhos brilham, sua pupila dilata e ele sorri para mim.

— Vamos? - Afirmo com a cabeça e andamos para a porta.

Começamos uma caminhada pela floresta que fica perto da casa, Daniel me ajudou em cada parte íngrime até que chegamos ao topo no fim da tarde como ele planejava e ao acampamento que está perfeito. Tem uma cabana enorme e bem iluminada, do lado tem fora tem lenha para fazer fogueiras com a vista para todo o campo abaixo de nós. Encaro o por do sol e sinto paz, tudo, cada detalhe perfeito.

— Como vocês está? Está cansada? - Pergunta preocupado me olhando

— Eu estou bem - Dou um leve sorriso olhando em seus olhos

— E o bebê está bem? - Faço que sim com a cabeça

— Tudo bem - Ele sorri — Não tinha mais barracas na casa, essa era a única que tinha, tudo bem dormir comigo? - Fala um pouco sem jeito

— Sim, perfeito - Falo gentil

— Mia - Daniel fica sério — Vamos voltar daqui 4 dias para a cidade, para a vida normal, para o luto - Fala com calma como se cada palavra mal falada pudesse me machucar — Eu não quero que você fique sozinha naquela casa, quero que venha morar comigo na casa que era para ser nossa - Meu estômago embrulha

— Mas e a casa do Theo?  - Fico na defensiva

— A mãe do Theo quer a casa Mia, ela o criou naquela casa, ele tinha comprado da mãe quando vocês ficaram noivos e agora ela quer ficar lá um pouco, relembrar os velhos tempos, os momentos que ele estava vivo - Fala com muita calma. Como mãe eu tenho que reconhecer que faria o mesmo, na verdade, não sei como a mãe do Theo irá conviver com a dor de perder um filho.

— Como você sabe? - Pergunto desconfiada, não tem sinal de celular e nem de internet aqui, não tem como alguém ter falado com ele, a menos que um dos seguranças que trouxe comida tenha falado.

— Meu segurança me contou quando trouxe suprimentos da última vez - Ele se aproxima de mim de vagar — Eu não vou te deixar Mia, vou estar do seu lado em cada passo à frente e até para trás - Ele segura minha mão com delicadeza — Eu vou te ajudar a criar essa criança, vou ser sua base e vou estar presente para você e nossos filhos - Engulo em seco, minha respiração acelera e meu coração bate forte — Eu só quero cuidar de você, eu entendo a dor que você está sentindo porque eu senti exatamente a mesma coisa quando você se foi - Eu havia esquecido por um momento que eu fiz Daniel sofrer um luto que não chegou a existir.

— Você consegue? - Pergunto emocionada — Consegue ser a minha base até que eu volte? Até que eu fiquei firme mais uma vez? - Olho em seus olhos tão claros quanto o mar

— Eu vou ser o que você quiser e o que precisar até que não precise mais - Me emociono e Daniel me abraça aperto e depois de muito tempo sinto meu coração leve mais uma vez, sinto que um peso enorme saiu das minhas costas. — Eu amo você Diaba - Sussurrando no meu ouvido e dou um leve sorriso

Me afasto um pouco do Daniel, a luz fraca do sol alaranjada bate em seu rosto e deixa seus olhos ainda mais intensos e claros. Daniel tem um jeito único de me olhar, de uma maneira que ninguém nunca me olhou, toda vez que me olha tem brilho em seu olhar, leveza em seus olhos, ele me vê como um tesouro que demorou para encontrar.

VOCÊ ERA MINHA PERDIÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora