Capítulo XVII: Está de Brincadeira, Né?

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Após amarrar a carta em uma das pernas de uma coruja-dos-urais e assistir ela partir voando para a casa de sua mãe, Belle desceu as escadas do corujal. Era o primeiro sábado do ano letivo e, por ainda se tratar do começo de verão, ela e seus amigos aproveitariam o dia no lago. Estava ensolarado e Belle precisava se distrair.

Não eram muitos alunos que se aventuravam em nadar no Lago Negro. Graças à lula gigante, os gryndilows e os sereianos, muitos evitavam mergulhar e apenas optavam em tomar sol em suas margens. Mas Belle e alguns sonserinos que estavam mais acostumados com o contato com o Lago não temiam tanto o local.

Atravessou os corredores da escola brevemente e logo chegou ao lado de fora, encontrando diversos estudantes já fazendo alguma atividade ao ar livre. Procurou com os olhos o seu grupo de amigos às margens do lago e, quando os achou, direcionou-se até eles.

Uma manta de piquenique já havia sido posta abaixo de uma árvore próxima à água e Maise e Mason organizavam o que haviam recolhido na cozinha. Grace estava deitada tomando sol com um óculos vintage no rosto, lenço nos cabelos e um maiô dos anos 40. A morena se aproximou e acenou sorridente, sentando-se sobre o tecido.

— Eu trouxe cervejas amanteigadas — informou Bel enquanto tirava garrafas de sua bolsa.

— Que ótimo! — Maise agradeceu enquanto cortava alguns sanduíches. — Mason esqueceu de conseguir algo para bebermos na cozinha — o gêmeo revirou os olhos enquanto pegava uma uva de um cacho e jogava para dentro da boca.

— Se importam de eu ir nadar um pouco? O dia está ótimo — Perguntou a Carter se levantando e se espreguiçando.

Muitos alunos estavam em torno do lago curtindo, alguns voavam com suas vassouras, outros jogavam alguns jogos e pouquíssimos ousavam nadar no lago como o esperado. Seus amigos deram de ombros e ela retirou os sapatos e a calça que usava e ficou apenas maiô, caminhando até a borda do lago e saltando para dentro em um mergulho perfeito.

Adorava lagos, costumava visitar um na Escócia e só o aproveitava no verão por ser muito friorenta. Seu fôlego era muito bom e adorava nadar de olhos abertos e ver tudo ao redor, mesmo com a visão embaçada pela água. A temperatura estava fria, mas mesmo assim gostava da sensação e não era tão ruim.

Alternava entre mergulhar e voltar para a superfície em busca de fôlego, algumas vezes boiando de olhos fechados aproveitando os raios solares que tocavam sua pele. Ela amava o sol e calor. Adorava a sensação de conforto e quentura que ele transmitia. Lembrava os olhos de Fred.

Bel se assustou. Parou de boiar rapidamente e começou apenas a se sustentar sem afundar. Tudo bem, ela tinha ciência sobre sua paixonite pelo rapaz, mas nunca chegara a divagar sobre isso nenhuma vez. Sentiu seu rosto esquentar apenas com esse pensamento. “Oh não”, pensou.

Claro que achava os olhos castanhos dele bonitos, não negava isso, mas pensar neles como sendo algo que lhe transmitia a sensação de calor era algo novo. Era a primeira vez que estava apaixonada em sua vida e se surpreendia completamente com todas as sensações que isso podia lhe proporcionar. Suspirou cansada. Queria tanto que Cedric estivesse ali para lhe ajudar, ele sempre fora muito bom com palavras e sentimentos.

Pensar nele fez com que uma sensação ruim lhe acometesse o estômago. Sentiu a água começar a lhe puxar para baixo. A segunda prova havia sido ali. O torneio que havia matado seu melhor amigo. Entrou em pânico e pareceu desaprender como se nadava. Ela iria se afogar graças ao seu desespero no lago que os campeões fizeram sua segunda prova.

Rapidamente Belle nadou de volta para a margem do lago na medida que conseguia e saiu o mais rápido possível da água. Ofegava em desespero, não esperava pela crise que lhe acometeu naquele dia onde tudo estava tranquilo até então. Saiu depressa da água e voltou para onde seus amigos estavam.

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