Black Magic (Nosh)

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Sinopse: Josh sofre de uma maldição. Toda pessoa que se apaixona por ele, acaba sofrendo algum acidente. E agora ele precisa impedir Noah de se apaixonar por ele, mas a tarefa é difícil quando ele mesmo está apaixonado por Noah.

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Eu não acreditava em mágica, para mim sempre foi uma besteira. Até eu perceber que certas coisas eram frequentes demais e ir pesquisar.

A história da minha vida começou anos atrás. Antepassados meus fizeram algo bem ruim para uma bruxa. É, elas existem, ou existiam. Em todo caso, pelo o que eu pesquisei, essa mulher, que seria minha tataravó, ou mais ainda, sei lá, roubou o namorado da bruxa.

Claro que a bruxa não gostou disso e amaldiçoou minha tataravó, não só ela, mas como todos que viessem depois e carregassem o sangue dela.
A maldição é simples: “toda pessoa que se apaixonar por um Beauchamp, sofrerá”. É besta, mas é real.

E agora a parte da história chega em mim, Josh Beauchamp. Eu sou gay, o que diminui bastante a estatística de pessoas sofrendo. Entretanto, meus ex namorados, todos sofreram algum acidente.

Tudo começou com o meu primeiro namoradinho, eu tinha 15 anos na época e não acreditava em nada disso, apesar do meu pai sempre me avisar. Esse meu namoradinho, cometeu a infelicidade de se apaixonar por mim e me contar (ah, tem esse detalhe, se ele me contar, aí confirma a maldição e no dia seguinte ele sofre um acidente). Eu fiquei superfeliz, o cara que eu era apaixonado era apaixonado por mim.

Só que então, ele sofreu uma acidente de bicicleta e bateu a cabeça. Perdendo a memória e quase morrendo. Trágico! Obviamente eu me afastei, até porque ele não lembrava de mim mesmo.

E então eu tive meu segundo namorado, aos 18 anos, tudo lindo, tudo perfeito, até ele me contar que estava apaixonado por mim. No dia seguinte, ele caiu da escada e quebrou uma das pernas. Foi menos grave, mas acho que ele ainda não era totalmente apaixonado por mim. Eu me afastei, por precaução.

Eu comecei a desconfiar no terceiro namorado, aos 20 anos, que depois de me contar, sofreu um acidente de carro e ficou paraplégico. E então eu pesquisei, perguntei ao meu pai, aos meus avós e todos me disseram sobre essa maldição.

E aqui estou eu, na faculdade, sem poder curtir minha juventude e beijar na boca, ou até mesmo transar, por medo da pessoa se apaixonar por mim e morrer. Eu odeio isso!

A boa notícia nisso tudo é que comigo sendo gay, não passo essa maldição adiante, já que sou filho único. Ou seja, a maldição termina em mim. Amém!

Enfim, a minha vida amorosa é uma merda e eu nunca poderei me casar ou viver um romance lindo. A maldição acabou com a minha vida e eu odeio a minha tataravó por ter se metido em relacionamento alheio.

-Josh! -Sabina, minha amiga, me cutuca, chamando minha atenção. Olho para ela, me despertando dos meus pensamentos- Lamar e os amigos dele chegaram.

-Ah, certo, certo!

Sabina é minha amiga há anos e sabe dessa maldição, ela que começou a desconfiar das coincidências e me avisou. Então eu conto sobre meus problemas para ela.

Lamar é meu colega e hoje, ficamos de conhecer os amigos dele. Aquela coisa, aumentar o grupo e fazer mais amigos. Meu grupo é composto por cinco pessoas além de mim. Sabina, Lamar, Savannah, Any e Hina. As melhores pessoas que eu conheço na face da terra.

-E aí cara? -Lamar me cumprimenta, fazendo um toque comigo- Esses são meus amigos... Ah, muita gente para apresentar.

-Deixa de ser chato e apresenta a gente, Lamar. -uma moça loira reclama. Ele nega cabeça- Aí eu faço isso. Eu sou Joalin, prazer gente... Esses são, Bailey, Krystian, Shivani, Heyoon e Noah. -ela ia apontando e eu sorria para cada um, educado. Até que ela chega no tal Noah, fazendo meu mundo parar.

Eu juro que nunca conheci alguém tão bonito e com o sorriso tão lindo. Eu até esqueci como se fala.

-Prazer, eu sou Josh! -aceno e as minhas amigas fazem o mesmo se apresentando.

Meus olhos não saíam do moreno e os dele não saíam de mim. Merda, merda, merda! Desvio o meu olhar para a brasileira ao meu lado que perguntava o que eu ia beber.

-Cerveja... -respondo e ela vai perguntar para os outros. Volto meu olhar para Noah, porque por algum motivo, eu não consigo parar de olhar para ele. Ele caminha até ao meu lado e eu esqueço como respira. Puta que pariu! Como sumir?

-Então, Josh... -a voz dele. Agora eu faleço- Você estuda o que? -por que ele está falando comigo? E só comigo? Se isso for uma paquera, tem que acabar agora. Pelo bem dele.

-Eu faço arquitetura, junto com Lamar. -conto e ele sorri, ficando muito perto de mim.- E você? -por que eu não mando ele embora? Tipo um fora?

-Faço música. -então ele canta, ou toca algo. Aí papai! Eu tenho uma queda por músicos.

-Josh! Experimenta essa bebida. -Sabina vem até mim, me dando o canudinho da bebida dela. É doce, muito doce.- Ah, eu posso falar com você? -ela nem me dá tempo de responder e sai comigo de arrasto do local, indo para trás do bar que estávamos.- Você está louco?

-Eu sei... Eu não consigo parar de falar com ele e eu já entendi o que tá rolando. -me lamento e ela me abraça.

-Você precisa, não queremos que o amigo do Lamar sofra um acidente. -confirmo com a cabeça- Vamos voltar lá e daí você fica do meu lado.

Minha amiga me puxa para dentro e eu fico evitando contato visual com o garoto que é um deus. O bom é que o resto do pessoal é gente boa e nós nos divertimos bastante.

(...)

Eu nunca bebo demais, nunca fico bêbado. Tudo para não correr o risco de um fazer uma burrada e a pessoa se apaixonar por mim. Eu não vivo a minha vida direito. Mas ao contrário de mim, meus amigos bebem e bebem muito. Tanto que quase já estão bêbados, tirando Hina e eu. Do grupo de Lamar, os únicos sóbrios são o garoto lindo e Heyoon.

-Ah! Faz tanto tempo que eu não pego alguém. -Any grita e eu fico com vergonha porque todo o bar olhou para ela.

-Varias pessoas aí amiga! -aponto para o bar todo. Ela pode viver a vida dela, ela pode amar e eu gosto que meus amigos façam isso, porque eles fazendo isso, é como se eu estivesse fazendo.

Ela só resmunga algo em resposta e eu rio, desviando meu olhar para o bar, onde o amigo de Lamar me observava, perto do mesmo. Mordo meu lábio nervoso, isso não podia acontecer. Eu não quero ter que dar um fora nele, me dói muito fazer isso com os caras.

-Hina... Você cuida dessas três bêbadas sozinha? -pergunto para a japonesa que faz uma careta e assente- Vou no banheiro, já volto. -deixo um beijo na bochecha dela e vou em direção ao banheiro.

Eu preciso espairecer... O grupo todo se deu bem, o que significa que vou ver ele mais vezes, mas eu preciso cortar esse flerte intenso. Ah! Estava lavando minhas mãos e pensando no quão difícil é isso para mim, até que ouço o barulho da porta. Poderia ser qualquer pessoa, mas não ele.

Ah, merda! Ele está vindo na minha direção, desvia o olhar, desvia o olhar. -Ah, oi.- falo. Eu não desviei o olhar.

-Eu preciso perguntar... Você e Sabina tem algo? -que tipo de pergunta é essa.

-Não, ela é minha melhor amiga. -franzo o cenho, até me dar por conta que existe a opção dele estar afim da mexicana, o que seria um alívio para mim por um lado, mas ainda sim... Não gosto?- Ela está livre para você.

-Ahn... Não era essa a minha intenção. -ele se escora na pia e me observa de cima abaixo. Ok! Não era por ela e sim por mim que ele estava perguntando.- Você é solteiro então?

Até penso em confirmar, falar a verdade, mas ele precisa cair fora, pelo bem dele. Então eu nego.

-Ele não pode vir hoje. -sorrio. Eu acabei de inventar que tenho um namorado, o quão ruim é a minha vida.

-Ah... -ele olha para baixo e o meu cérebro fica lutando com ele mesmo. Parece que eles dizem “seu merda, fica com ele” e outra parte responde “você fez o certo, ele não pode se machucar”.

-Eu deixei minhas amigas bêbadas só com a Hina e a coitada não vai dar conta. -ajeito minha roupa pelo espelho- Até depois. -saio do banheiro.

Volto do banheiro com a cabeça cheia, querendo voltar lá dentro e tacar o foda-se, beijar aquela boca linda e carnuda, assim como todo o rosto dele. Eu conheci ele hoje, inferno!

Chego na mesa dos meus amigos e eu fico pensando em mil maneiras de dar uma desculpa para ir embora. Levaria Sabina e Savannah comigo, já que todos nós moramos juntos.

-Sabina, Sav... Vamos embora? -pergunto para as duas que resmungam, dizendo que não vão embora.- Por favor, meninas, não estou me sentindo bem.

-Mas eu tava no meio de uma paquera com a loira. -Sabina resmunga e isso me convence. Eu nunca faria algum amigo meu não viver isso, eu sei como é horrível e eles merecem namorar.

-Ah, então tudo bem. -vou até o balcão pedir mais bebidas. Se vou ficar aqui, preciso de bebida e eu verdadeiramente não ligo se eu ficar bêbado.

-Me vê uma cerveja. -Krystian pede e eu rio. Ele mal conseguiu pronunciar certo de tão bêbado.

-Acho que você não pode beber mais. -tiro a cerveja dele e levo o garoto até a nossa mesa, entregando para Heyoon, que bufa.

-Obrigada, Josh! Eu não tô conseguindo dar conta deles cinco não. -ela reclama.

-Cadê Noah? -arrisco perguntar, ele também está sóbrio.

-Até agora não voltou do banheiro. Não acredito que ele foi transar e me deixou cuidando desses irresponsáveis. -rio. Ele está transando?

-Eu não fui transar, Heyoon. -ouço a voz dele e me viro. Ok, ele continua bonito, como há 10 minutos atrás.- Eu só estava... Esperando. -ele olha para mim. Esperando por mim? Ah... Ok! Me viro para falar com Heyoon novamente, mas ela está com Shivani, que dança loucamente no meio do bar. Sinto a presença do moreno ao meu lado e eu respiro fundo para manter o controle.

-Por que você se afasta de mim? Eu sei que você não tem namorado. Lamar me contou. -porque eu não posso me envolver com você por causa de uma maldição.

-Porque... Eu não sei responder isso. -bebo a cerveja que antes era de Krystian e fico olhando para o meu grupo de amigos. Sabina está quase ficando com Joalin e eu fico feliz por ela.

-Você é religioso ou algo do tipo? -rio. Eu não sou nada disso, muito pelo contrário.

-Não... -olho para ele, que se aproxima mais de mim. Perigosamente perto- Eu só...

-Você sabe que eu quero ficar com você, não é? -porra! Não fala isso.

-Eu não posso... -desvio o olhar, mas ele segura no meu queixo, fazendo olhar para ele- Eu não quero... -tento fazer ele mudar de ideia, mas eu quero tanto.

-Por que seu olhar diz outra coisa? -respiro fundo e afasto a mão dele do meu rosto.

-Você não me conhece e é bom não me conhecer. -me afasto, indo até às meninas. Sabina já deve ter ficado com Joalin e nós podemos ir embora- Cadê a Sabina? -pergunto para Savannah que dá de ombros e me abraça. -Vem, se despede de todo mundo e vamos embora.

Achamos Sabina no meio do caminho e nos despedimos de todos. Noah parece chateado com o fora, mas continua me observando com um sorriso no rosto. Ele é simpático! Quando saímos dali, finalmente posso respirar aliviado. Uma tentação e tanto, mas eu consegui não me abalar. Eu só preciso estar preparado para outro encontros que possam vir a ter com ele.

(...)

Minha vida amorosa pode ser uma merda, mas a minha vida profissional é maravilhosa. Estudo em uma universidade boa, um curso que eu amo e agora consegui em estágio numa empresa boa. Talvez eu não seja tão azarado.

-Consegui! -chego gritando no meu apartamento e logo as duas meninas começam a pular a minha volta- Aí cara! Eu nem acredito que vou trabalhar naquela empresa.

-Eu tô tão feliz por você. -Savannah me abraça e logo Sabina se junta.

-Nós temos que comemorar. -Sabina pega o celular e eu já sei que ela está mandando mensagem aos nossos amigos- Vamos pedir uma pizza e todos vem aqui.

-Isso! Sem festa porque hoje é quarta e eu tenho aula amanhã cedo. -a australiana diz, se jogando no sofá. Me atiro do lado dela e Sabina se atira em cima de mim, folgada!

-Começa quando? -a folgada da minha amiga pergunta.

-Segunda-feira! Será que eu preciso de ternos ou algo do tipo?

-É uma empresa de arquitetura meu filho, precisa não. -Savannah nega- Eu acho- completa depois.

Ficamos um tempo em silêncio, eu feliz pela minha conquista e acredito que as minhas amigas também. De repente, Sabina solta um som que eu não sei dizer se era de descontentamento ou felicidade. Olho para o celular dela e era uma mensagem do Lamar.

-O que aconteceu? -pergunto e até Savannah olha para nós.

-Noah está na casa do Lamar, então ele vem também. -entendi.

Savannah parece não entender, mas ela não sabe de tudo. Só Sabina sabe que eu não posso me envolver com ninguém. Meus outros amigos acham que é por causa de algum trauma, sei lá, já que eu conheci eles na faculdade.

-Qual o problema dele vir? -a australiana pergunta e Sabina inventa alguma desculpa idiota.

Eu fico pensando, como eu vou fugir dele hoje? Espero que o fora do outro dia tenha funcionado e ele não flerte comigo.

(...)

Estava com os meus amigos, esperando a pizza chegar e todos comemoravam a minha admissão na empresa.

-Quando eu ficar rica e foi construir uma casa, eu quero que você projete. -Hina fala e eu rio. Um dia eu vou me formar e projetar tudo para os meus amigos.

A campainha toca e eu vou atender, já que uma das minhas colegas de apartamento está no banheiro e a outra está atirada no chão e não se levanta nem se eu oferecer mil dólares para ela.

-Oi! -cumprimento os dois garotos parado em frente a minha porta. Tento não olhar muito para Noah, mas é impossível.

Ele está lindo, como sempre. Dessa vez usava um moletom preto que combinou muito com ele, brincos e aqueles cachos dele balançavam. Eu não posso notar tanto ele, não quando ele presta atenção em cada detalhe meu e vai perceber.

-Entrem! -peço e abro passagem, respirando fundo quando o de olhos verdes passa por mim. Que perfume maravilhoso é esse?

-Ah, parabéns, cara! Aquela empresa é foda e eu tô muito orgulhoso de você. -Lamar vem me abraçar e eu sorrio.

-Obrigado! -nos desvencilhamos e então Noah fica sorrindo para mim.

-Parabéns! -ele me abraça e puta que pariu! Que abraço bom! Eu esqueci até como fala... O que eu falo? Eu agradeço?

-O-obrigado! -gaguejo e ele me solta, se sentando no chão ao lado de Lamar.

Eu achei que estaria preparado para ver ele, mas ele está tão lindo. Eu preciso parar com essa atração por ele, não vai dar boa coisa. Ainda mais que ele também sente essa atração por mim e a tensão sexual tá forte.

-Josh... Traz uma cerveja pra mim. -Savannah pede e eu vou, já que estou de pé.

Talvez eu devesse levar para todo mundo? Mas é muita cerveja... Se eu levar nas sacolas? Ou no braço?

-Quer ajuda? -ouço a voz rouca dele. Ótimo! Eu quero me afastar e ele vem atrás.

-Ahn... Pode ser! -concordo e ele para do meu lado. Estendo algumas cervejas para ele, que leva até a sala, enquanto eu tiro outras da geladeira. Ele logo volta e pega uma para ele, ficando do meu lado.- Tudo bem? -pergunto. Meu pai me deu educação e eu sinto a necessidade de conversar com ele.

-Você está bonito! -tento não sorrir ou não me afetar com isso, mas as duas coisas são inevitáveis. Vamos lá! Um cara lindo de morrer te elogia, é obvio que você sorri e fica afetado.

-Obrigado! De novo. -respondo, meio rindo. Olho para ele, que me olhava de volta- Você também não tá nada mal.

-Ok, isso é novo... Você me elogiando?

-É que ficaria chato só você me elogiar. -ele ri e nossa, que risada linda.- Vamos voltar? A pizza logo chega. -ele assente e me acompanha.

Mas antes de chegarmos na sala, ele me para- Lamar me falou que você tem problemas com relacionamentos. -se fosse só medo- Alguém te magoou bastante, não é?

-É...

-Você sabe que... -ele se aproxima de mim, ficando com o rosto muito próximo do meu- Nós não precisamos entrar num compromisso.

-Noah, a gente nem se conhece. -tento fazer ele mudar de ideia. Não existe essa coisa de “envolver sem se apaixonar”, o mundo não é assim. Ele está em perigo!

-Mas a gente pode se conhecer. -ele sorri de canto e eu junto o resto da minha sanidade mental e me solto, indo me sentar ao lado de Savannah, bem longe dele.

Entro na conversa junto com eles, notando o olhar preocupado de Sabina. Sorrio para tentar tranquiliza-la, mas parece que ela sabe que eu estou a ponto de me entregar ao garoto de olhos verdes cintilantes e sorriso cativante.

(...)

-Você não fez isso... -falo rindo de uma história de Any.

Já havíamos comido a pizza e agora só conversávamos sobre coisas aleatórias. Eu notei que os olhos do moreno não saíam de mim e eu tento não retribuir o olhar, mas é difícil quando Any está sentada do lado dele e é ela que conta a história.

-Fiz e faria de novo. Garota descarada! -todos na sala riem. Desvio meu olhar para ele, que me observava e ria animado.

-Podíamos sair de novo, né? Todo mundo que foi aquele dia. -Savannah dá a ideia e me parece bom. Se não fosse pelo perigo constante que o garoto bonito corre.

-Ir onde? -Lamar pergunta.

-Algo que não gere ressaca. -ela fala e coloca a mão no rosto, fazendo uma cara de pensativa.- Já sei, nós podíamos ir para a praia.

-Boa ideia! Quando? -Hina pergunta.

-Sabado fica bom pra todo mundo? -todos assentem, então temos um rolê marcado na praia.

Logo um novo assunto é engatado e eu olho no meu celular as horas. Ainda é 10 da noite e mesmo em dia de semana eu durmo bem mais tarde que isso, então problema nenhum eles ficarem aqui. Me sinto perdido nesse novo assunto, então vou até a sacada, tentar ligar para a minha mãe. Vocês devem pensar, como a minha mãe não se acidentou? A resposta é que ela nunca se apaixonou pelo meu pai.

A história da minha família é toda assim, casamentos arranjados no início. Meu pai e minha mãe são amigos, e nunca tiveram algo romântico. Ela sabe da maldição e por causa disso, aceitou ser barriga de aluguel dele. Meu pai sempre quis ter um filho e aqui estou eu. Ele poderia ter adotado, seria melhor para o mundo, mas não, ele criou essa coisa com a minha mãe. Ou seja, meus pais são amigos, eu sou fruto de uma inseminação artificial e não posso viver um romance.

Minha mãe, apesar de tudo, me ama como filho dela, até porque ela que me gerou. Na minha certidão, consta o nome dela e para mim, ela é minha mãe. Mesmo que nunca tenhamos morado juntos e eu fosse criado pelo meu pai.

Tento ligar duas vezes para ela e ela não atende. Até que me dou por conta que ela pode estar namorando... É, ela arranjou um namorado esses tempos e agora tá toda apaixonadinha. Ela pode viver isso.

-Ligando para seu namorado que não existe? -Noah chega perguntando e eu rio. Eu inventei a pior desculpa para afastar ele aquele dia.

-Minha mãe. -suspiro- Ela deve tá namorando... Esqueci que ela tá em início de relacionamento. -ele me olha. Eu sei que ele deve estar pensando que, ou meu pai morreu, ou eles são separados.

-Ahn... -viu- Ela não te atendeu então?

-Não. -rio e olho para a cidade a minha frente- Você me seguiu de novo. Será que eu preciso chamar a polícia? -brinco, mas ele não ri.

-Isso te incomoda? -ele pergunta aflito- Desculpa, eu não vou mais incomodar.

-Não! Não me incomoda. -garanto- É só que eu acho que queremos coisas diferentes. -que ele caia nessa...

-Por que eu não sinto isso? Por que quando eu olho para você, eu sinto essa tensão entre nós? -eu nem sei o que responder para ele.

Talvez se eu beijar ele, isso acabe, não é? Talvez essa atração que sentimos acabe. Olho para ele, que me olhava e tomo a coragem que me resta, beijando ele. E então eu percebo que foi uma péssima decisão, não tem como eu não querer mais de novo. A boca dele se encaixa com a minha perfeitamente e isso é ruim. Os lábios dele acariciam os meus e eu não posso gostar disso. A língua dele explora toda a minha boca e eu não posso me viciar nesse beijo.

Entretanto, quando ele morde meu lábio inferior, eu jogo tudo para o alto e aproveito o beijo. As mãos dele seguram minha nuca, não querendo que eu me afaste. E eu não vou me afastar. Mas o ar se faz necessário e a consciência toma conta de mim. -Eu...

-Você queria! -ele fala animado e eu sorrio de leve.

-Isso não pode voltar a ocorrer, certo? -eu me afasto dele.

-Por que? -ele parece chateado.

-Porque não vai ser bom para você. É só o que eu posso dizer. -ele me olha com dúvida e eu saio, sem explicar mais nada.

Me sento ao lado de Sabina e alguns amigos meus já estavam se preparando para ir embora. Me despeço deles e a minha amiga ficar fazendo carinho no meu cabelo, de alguma forma, ela sabe o que aconteceu.

Noah volta para a sala, com uma cara triste. Eu sei que mil coisas passam na cabeça dele, eu não queria que ele ficasse assim, mas é necessário. Ele não pode se acidentar, ele não pode morrer por culpa minha.

-Nós vamos indo também. -Lamar se levanta e eles eram os últimos da casa- Parabéns de novo, cara! Você merece muito!

-Obrigado! -agradeço novamente e me viro para o moreno, que me observava. Ele sempre me observava e eu gosto disso, mas não posso gostar.

-Sábado quero todos os seus amigos na praia. -Savannah lembra. Ah, tem isso. Vou ver ele de novo. E então os dois saem. E eu fico com uma vontade imensa de chorar, Savannah não entenderia, Sabina provavelmente brigaria comigo e eu não sei o que fazer.

Vou direto ao meu quarto, só desejando um boa noite. Troco de roupa e me escondo de baixo das cobertas, desejando que minha vida fosse diferente. Eu só queria poder viver aqueles romances de cinema, queria poder beijar e transar com alguém, sem culpa. Queria poder viver a minha vida.

Eu me apaixono sim, mas isso é pior. Porque é difícil lidar com os meus instintos, é difícil afastar alguém, quando meus sentimentos não deixam.

(...)

Como prometido, todos foram para a praia. Mesmo que eu não esteja preparado para ver Noah, não quando eu estou sentindo tudo isso. E é louco porque vai ser a terceira vez que vamos nos ver.

-Tira essa cara de emburrado, meu filho! -Savannah me dá bronca- Olha o dia lindo que está e você vai para um dos lugares que mais ama.

Sim, eu amo a praia. Eu amo o mar. Eu amo a brisa. Eu amo até a areia. Mas não consigo pensar no que amo porque Noah vai estar lá. Por que eu me afeto tanto com ele? Eu preciso afasta-lo, eu preciso pensar em algo.

Logo estaciono o carro e todos que pegaram carona comigo saem e vão correndo até a praia, enquanto eu fico tirando nossas coisas calmamente, tentando evitar ao máximo encontrar com ele.

-Quer ajuda? -ouço a voz dele. Merda!

-Não! -fecho o porta-malas com força. Para afastar ele vou ter que ser grosso, fazer ele me odiar.

-Tem certeza? Você está cheio de sacolas.

-Eu estou bem. -ignoro a presença dele e vou até a areia. Atiro as sacolas lá e me sento ao lado de Sabina, que me olha com pena. Ela sabe o que está acontecendo e eu sei que se ela pudesse, me ajudava.

Noah senta do lado oposto, graças ao universo. Nem olho em direção a ele, mas aposto que está sem camisa e isso seria horrível para mim. Quero dizer, seria bom, o que consequentemente seria ruim. Todos começam a conversar e eu tento disfarçar meu mau humor, sorrindo e sendo simpático, menos com o moreno. Porque ele precisa me odiar, ele precisa desistir dessa ideia.

-Vou até o mar. -aviso minhas amigas que assentem.

Eu não entro no fundo, só coloco meus pés na água e me sinto conectar com a natureza, me sinto em paz por um momento. Assim eu esqueço toda a minha vida de merda e tento focar nas coisas boas, como a minha carreira profissional que está começando a dar certo. Olho para o céu e observo as gaivotas voando acima de mim, respiro fundo o cheiro de mar, sinto as ondas e algas batendo contra meus pés. É nisso que eu tenho que focar.

-Eu também gosto dessa sensação. -por que ele está aqui? Bufo e me viro para voltar aos nossos amigos, mas ele segura meu braço- Por que você está fazendo isso?

-Porque sim. É a única forma de você desistir de mim. -falo grosso- Eu. Não. Quero. Nada. Com. Você. -falo pausadamente- Supera, garoto!

Me desvencilho dele e dou as costas para o garoto, que vem atrás de mim. -Por que isso agora? Aquele dia...

-Aquele dia não era para acontecer, entenda. -grito e me viro para ele- Para de me seguir, você tem que me odiar.

Vou até as minhas amigas, finalmente. -Eu vou embora, ok? -deixo as chaves com Sabina- Não estou me sentindo bem. Tenham um bom dia todos.

Chamo um Uber para mim, enquanto fico na calçada esperando. Será que existe alguma coisa que quebre isso? Ou será que eu estou fadado a vida inteira a solidão? Assim que o Uber chega, só entro no carro, sem olhar para trás e desejando chegar no meu apartamento logo. Só quero me esconder dos meus problemas amorosos e talvez começar a estudar.

E é exatamente o que eu faço, chego em casa e vou direto para a cama, onde eu durmo e esqueço tudo. Tendo bons sonhos onde eu posso amar quem eu quiser.

(...)

Acordo com o barulho da campainha e acho estranho, Sabina e Savannah tem a chave, o restante dos meus amigos estão com elas.

Atendo a porta sem olhar no olho mágico por sono mesmo, o que pode ser até perigoso. Mas quem eu encontro do outro lado não é um assassino, e sim Noah. -O que você está fazendo aqui? Eu não fui claro o bastante? -me exalto.

Ele me empurra para dentro do apartamento e fecha a porta atrás dele. Quem ele pensa que é para entrar assim onde eu moro?

-Você vai me contar tudo.

-Eu não tenho o que contar para você. Eu nem te conheço. Sai da minha casa! -grito a última parte. Garoto insistente da porra!

-Quando eu quero uma coisa, eu não desisto fácil. -balanço a cabeça em negação e aponto para a porta atrás dele com raiva. Em sinal de que ele tem que ir embora.

Mas ele não vai embora, ele avança na minha direção e me beija. E eu queria realmente não me derreter nesse beijo, não me entregar. Mas no momento que nossos lábios se juntam, eu paro de lutar e aproveito. Eu não posso aproveitar.

E então eu começo a chorar. Deus, eu sou patético! Estou chorando no meio do beijo. Ele percebe e se afasta do beijo, me olhando com o cenho franzido e secando minhas lágrimas.

-Desculpa! Eu não queria forçar e...

-Noah, nós não podemos ter nada. Não podemos nos beijar, não podemos ter... Isso. -falo e ele me olha prestando atenção- Nós não podemos.

-Por que? -ele seca algumas lágrimas que ainda insistem em cair.

-Porque você não pode se apaixonar por mim.

-Eu não estou apaixonado por você. -ele fala e o meu coração se quebra, ao mesmo tempo que sinto um alívio instantâneo.

-Então não podemos continuar com isso para não acontecer.

-Eu não estou entendendo. -ele nega com a cabeça- Você me deseja também, nós nos beijamos e é bom, você é lindo...

-Você não vai acreditar em mim. -saio de perto dele e me sento no sofá- Mas isso é para seu próprio bem.

-Se você me falar o porquê disso tudo, eu posso tentar entender. -ele senta na mesa de centro a minha frente.

Respiro fundo e penso várias vezes se devo ou não contar. -Tem uma maldição na minha família. Toda pessoa que se apaixonar por um Beauchamp, sofre um acidente, correndo o risco de morrer se tal sentimento for tão forte.

Ele começa a rir e eu reviro os olhos, eu sabia que ele não ia acreditar. -Que maluquice é essa, Josh?

-É a verdade! Você pediu isso, se não acredita, o problema é seu. Agora, pode sair da minha casa que eu quero voltar a dormir. -cruzo os braços e me encosto para trás no sofá.

-É verdade? Tipo, o que?

-Meu primeiro namorado perdeu a memória, meu segundo namorado quebrou a perna, meu terceiro namorado ficou paraplégico. Você quer mais provas? Ah, a primeira namorada do meu pai morreu. Algo mais forte que isso, talvez? -falo tudo rápido e com raiva.

-E você acha que isso pode acontecer comigo? -ele ri- Eu não vou me apaixonar por você. -isso doeu, mas é necessário.

-Que bom que você já está entendendo... -ele me corta.

-Mas isso não quer dizer que não podemos nos divertir. -sorri sacana.

-Você vai estar em risco. Não estou dizendo que eu sou uma pessoa apaixonante, mas é um risco que você não pode ocorrer. -não termino de falar e ele aproxima o rosto do meu.

-Eu quero correr o risco. -a respiração dele bate no meu rosto e eu preciso pensar direito.

-Mas... Eu, você... -e então ele me beija novamente.

Ah, quer saber de uma coisa? Por mais que eu me sinta culpado, eu contei tudo e mesmo assim ele quer isso, não vou negar também. Podemos ter uma amizade colorida sem envolver sentimentos. Isso tem que funcionar pra alguma coisa. Ele continua me beijando e nossas línguas já se enrolam por completo, quando ele se ajeita no meu colo. Seguro na cintura dele e mordo o lábio inferior dele, ouvindo o suspiro baixo dele.

Quando o ar se faz necessário, nossas bocas se afastam, mas as dele se direcionam ao meu pescoço, enquanto eu tento, inutilmente, organizar meus pensamentos. Os beijos dele dessem pelo meu torço e ele retira minha camisa, voltando a beijar meus lábios. Ok, isso vai para outro patamar e eu nem me lembro mais como faz. Qual é? Eu não transo desde meus 20 anos e estou só na base da masturbação. Será que ele prefere ser ativo ou passivo? Porque eu particularmente não me importo de ser qualquer um dos dois.

-O que você está pensando? -ele pergunta, mordendo minha orelha e fazendo eu soltar um gemido fraco.- Eu já disse que quero arriscar.

-Não é isso. -nego e tento pensar numa desculpa.

Eu não vou contar para ele que estou na seca há tento tempo que nem lembro como se usa uma camisinha mais.

-O que é, então? -ele retira a camiseta dele e volta a beijar meu pescoço. Ah, é difícil pensar numa desculpa com ele fazendo isso.

-Eu sou virgem. -acabo soltando. Ele afasta o pescoço do meu rosto e me olha assustado- Quer dizer, não! Aí merda, eu não sou virgem! -tento consertar. Eu não acredito que essa foi a desculpa que eu pensei.

-Você é ou não é virgem?

-Não sou! É só que... Eu não transo desde o meu último namorado aos 20 anos.

-Quantos anos você tem agora? -ele pergunta, meio rindo.

-23 anos. -ele arregala os olhos e ri mais ainda- Para!

-Três anos na seca? Você está vivendo só disso? -ele levanta a minha mão e eu fico vermelho.

-Eu não queria colocar a vida das pessoas em risco. -ele sorri e me dá um selinho, se levantando o meu colo.

-Então em respeito a isso... Não vamos fazer isso hoje. -não entendi- Eu respeito sua virgindade, Josh.

Começo a rir também. -Ah, cala a boca! -ele senta ao meu lado rindo.

(...)

-Eles vão passar o dia lá? -pergunto para o moreno a minha frente que está concentrado no xadrez. É só porque eu ganhei das outras três vezes e agora ele quer por que quer ganhar de mim.

-Não me desconcentra, Josh! -ele reclama e avalia todas as peças. Eu sei que vou ganhar isso, eu sempre ganho no xadrez. Fun fact: eu era campeão disso no meu ensino médio.

Ele finalmente joga e eu solto um sorrisinho de canto, porque ele fez uma jogada totalmente errada. Não enrolo muito e como a rainha dele, o deixando encurralado. -Cheque!

O moreno lindo levanta os olhos na minha direção com raiva e percebe que mesmo se ele dar esse movimento para o lado que ele está pensando, minha torre faz cheque-mate e se ele continuar onde está, minha rainha dá cheque-mate.

-Não tem graça jogar com você. -ele fala emburrado e fazendo um bico fofo. Se controla, Josh!- Fala logo.

-Cheque-mate então! -ando minha rainha e como o rei dele.- Fica bravo não, eu posso te ensinar a jogar.

Ele mostra a língua para mim em um ato infantil e eu rio. O dia de hoje com certeza superou minhas expectativas. Contei para ele sobre a maldição, ele falou que não se importa e mesmo que me doa, eu aceito ter esse lance com ele, beijei bastante e no final, ganhei quatro partidas de xadrez.

(...)

Se não existisse essa maldição... Como será que eu seria? Romântico ao extremo ou pegador. Eu sinto que tudo isso mexeu com a minha vida de alguma forma, mas pela primeira vez em anos eu me sinto bem. Noah faz isso comigo, quero dizer, ele não pode se apaixonar por mim e nem vai acontecer, mas eu estou apaixonado por ele. É, talvez eu seja um pouco romântico demais.

E mesmo que isso que estamos tendo não tenha futuro, está tudo bem para mim. Eu preciso viver um pouco e ter isso com ele, está me fazendo viver. Sabina acha uma loucura e ela está mais apavorada que eu com a possibilidade de dar tudo errado. Mas ele não vai se apaixonar por mim, eu sei que não. Uma hora ele vai cansar de ficar comigo e tá tudo bem. Mil vezes meu coração machucado que ele morto. Sem contar que foi uma escolha nossa, ele quer isso e eu cansei de negar.

-Ta todo arrumado... -Savannah comenta, sorrindo maliciosa, quando eu apareço na sala- Deixa eu adivinhar, vai sair com o Noah?

-Vou. -respondo e Sabina, ao lado da australiana, só me olha advertindo. Ela está um pouco irritada comigo na verdade, desde que eu comecei isso com o Noah, há uma semana atrás, ela não tem falado comigo direito. Segundo ela “eu não vou apoiar você matando alguém”. Bom, ela me taxou como assassino só por eu querer ser feliz uma vez na vida. Sinto falta da minha melhor amiga, mas uma hora ela entende, não é?

-Usem camisinha! Não quero sobrinhos por agora. -Savannah brinca e eu rio, mesmo estando com vergonha. A real é que nós ainda não chegamos nessa etapa e eu desconfio que seja por causa da minha “virgindade”. Quem sabe hoje a noite role, né?

Me sento na poltrona, esperando ele chegar, enquanto mexo nas redes sociais. Talvez eu esteja ansioso para ver ele e beijá-lo, e abraça-lo, e talvez... Transar com ele.

-Você sabe que eu não concordo com isso, né? -ouço a voz da que costumava ser minha melhor amiga e quando levanto o olhar, estamos só nós dois na sala.- Ele está correndo perigo!

-Sabina, eu já expliquei para você. Eu gosto dele e eu quero sentir isso. Ele não vai se apaixonar por mim e ele mesmo quer isso. Quem sou eu para fugir, quando o que eu mais quero é estar com ele? Eu também estou com medo dessa situação, mas eu não consigo mais. -acabo desabafando tudo- Eu só queria o apoio da minha melhor amiga, não ser taxado como assassino.

Ela olhava para baixo e eu sei que o que falei atingiu ela. Ela sempre me deu apoio, esses anos todos, mas ela não entende como isso também está sendo difícil para mim.

-Que clima de velório! Brigaram de novo? -Savannah reaparece e eu suspiro, fingindo um sorriso.

-Não! Tá tudo certo. Vou descer que logo ele chega. -me levanto e aceno para as duas, no caso só para Savannah, porque Sabina nem levantou o olhar para mim.

Desço pelo elevador meio triste. Será que eu estou deixando minha amizade de lado por causa de uma paixão besta? Resolvo esquecer isso e focar na minha noite com ele. Quando eu voltar para casa, converso com Sabina novamente e tento me resolver com ela.

Assim que chego na calçada, já vejo o carro de Noah parado, com ele do lado de fora, encostado no carro, como um galã de Hollywood. Me sinto sortudo por essa noite poder beijar ele. Quando ele me vê, sorri daquela forma linda e se desencosta do carro, segurando na minha cintura e me beijando. Oh Deus! Eu amo os beijos dele.

-Você está lindo, como sempre! -fala quando nossas bocas se afastam. Sorrio em resposta e deixo mais um beijinho nos lábios dele, para em seguida entrar no carro.

Tenho a sensação que essa noite promete ser quente.

(...)

Não sei se a intenção era ser romântico, mas Noah preparou algo do tipo. Era um jantar e tinha velas. Por que ele está sendo romântico? Ele não está se apaixonando, não é?

-Por que tudo isso? -pergunto, um pouco feliz e um pouco com medo.

-Porque você merece. -olho assustado para ele, que nota meu olhar- Relaxa, eu não tô apaixonado. Só estou mimando um pouco você porque tenho a sensação que você nunca teve isso. -respiro aliviado, mesmo sentindo um aperto no coração.

-Bom, obrigado então! -dou um selinho nele e me sento de frente para ele, observando o local a minha volta. Era um restaurante italiano, com uma decoração linda que lembra muito um restaurante da própria Itália.

O jantar era bom, Noah estava carinhoso e estava sempre me elogiando. As vezes tenho medo que ele esteja criando sentimentos por mim, mas isso é tão bom. Eu realmente nunca tive um encontro romântico assim, fazia tempo que não era paquerado e elogiado dessa forma. E é obvio que tudo isso me faz eu me apaixonar mais ainda.

-Você nem beijava mais por causa dessa maldição? -ele pergunta, levando a taça de vinho até a boca. Assinto com a cabeça, levando a minha própria até a boca também. Ele se engasga com a resposta e me olha rindo.- É sério?

-Eu tinha medo de alguém acabar caindo de um penhasco.

-Credo! -olha para os lados- Mas eu cairia de um penhasco por você.

-Noah! -repreendo e ele ri, se sentando melhor na cadeira. Eu não gosto nem que ele toque nesse assunto.

(...)

Nosso encontro chegou ao fim e estávamos no carro dele, voltando para a minha casa. Eu esperava que fossemos transar hoje, mas lá em casa não tem como (eu e as meninas temos uma regra de não levar paqueras para lá. Eu nunca tive problemas com isso até hoje) e eu não tenho coragem de perguntar se podemos ir para casa dele.

Olho pela janela do carro, ouvindo a música que saía do rádio, quando sinto a mão dele tocar minha perna. De início, não dei muita bola, mas ele foi subindo com a mão até em cima, me fazendo suspirar. Viro meu olhar para ele, que tinha um sorriso sacana no rosto e olhava para a estrada, prestando atenção no trânsito.

A mão dele toca a minha virilha, apertando minha coxas e indo em direção ao meu pênis, que já está querendo dar sinal de vida. Respiro fundo e tento pensar em outras coisas, mas ele parece não querer isso, já que sobe com a mão até o cós da minha calça. Como ele não está se distraindo?

-O que você está fazendo? -pergunto com a voz falhada. Tem um cara tocando no meu pênis, é claro que eu já estou excitado.

-Quer ir lá para o meu apartamento? -ele não me responde.

-Por favor! -olho para frente e ele abre o botão da minha calça. Me ajeito melhor no banco, me entregando para ele fazer o que quiser com o meu pênis.- Só... Não bate o carro!

-Nós já estamos chegando. -avisa e adentra com a mão na minha calça, me fazendo morder o lábio para gemer. Estava por cima do pano da minha cueca, mas as mãos dele eram ágeis mesmo assim.- Você é grande!

Sorrio em resposta, mas ele retira a mão, me fazendo abrir os olhos que eu nem tinha reparado que fechei. Havíamos chegado e ele estava descendo do carro, fecho o botão da minha calça e também saio, torcendo para não ver ninguém no caminho até o apartamento dele, pois estou com uma ereção enorme e ele também. Seria vergonhoso.

E realmente, não havia ninguém no elevador, o que serviu para Noah vir até mim e me beijar de forma quente, me encostando no espelho atrás de mim. Nós dois precisamos disso, ouso dizer que eu mais que ele, e não vamos aguentar tanto até chegarmos. Precisamos nos tocar, nos beijar... E é isso que ele está fazendo, beijando meu pescoço, enquanto ele me masturba por cima da calça mesmo. Minhas mãos seguram na camiseta dele com força e eu fecho os olhos em desejo. Eu vou enlouquecer.

O elevador apita, avisando que havíamos chegado no andar dele. Saímos tropeçando em nossos próprios pés e nos beijando a cada instante. Ele procura a chave de casa e eu fico tentando controlar a minha respiração, olhando para o teto do corredor. Assim que abre, me puxa pelo meu casaco até dentro do apartamento, onde retira todas as minhas roupas com uma rapidez incrível.

Em algum momento nisso tudo, fomos parar no quarto dele e mais beijos aconteceram. Ele estava só de cueca, eu estava só de cueca e eu, particularmente, não sei quanto tempo vou aguentar ficar só nisso.

-Por favor, Noah! Eu preciso... -suplico e ele entende, me olhando com aqueles olhos verdes que no momento exalam tesão. Ele retira a minha cueca, fazendo a mesma com a dele. Pega o lubrificante e me entrega, enquanto procura uma camisinha no bidê dele. Assim que acha, me entrega e eu a coloco no meu pênis.

Ele olhava para o meu volume com um olhar que me fez sentir satisfeito. Coloco o lubrificante nos meus dedos e ele se ajeita no meu colo, onde eu introduzo um dos dedos nele. Ele arfa e eu sorrio com isso, estou causando reações nele que me fazem ter reações ótimas também. Assim que percebo que ele está pedindo por mais, introduzo mais um dedo, o tesourando. Ele geme, encostando a cabeça no meu ombro.

-Eu quero... -geme- Que-quero você... Dentro de... Mim. -fala entre gemidos.

-Seu pedido é uma ordem, Noah. -retiro meus dedos e me preparo para introduzir meu pênis. Assim que faço, ele geme e joga a cabeça para trás, me dando visão do pescoço dele. É claro que eu aproveito a oportunidade para sugar aquela pele tão macia.

Eu estoco diversas vezes e ele parece amar, pois geme e pede por mais. Fazia tempo que eu não transava, e mais tempo ainda que fui ativo pela última vez, então está sendo ótimo para mim também. A bunda dele é perfeita para isso mesmo.

Ele já está rebolando, com olha para mim e com os nossos rostos próximos, nos beijamos. Eu senti algo diferente no beijo, mas preciso deixar de me preocupar e aproveitar esse momento único. Após um tempo, eu sinto que estou perto de gozar e eu sei que ele também, porque as intensidades dos gemidos aumentaram.

Ele goza e logo em seguida eu gozo, saindo de dentro dele. Noah cai ao meu lado e parece exausto. Eu estou exausto, mas feliz. Quem não ficaria feliz depois de fuder uma bunda tão linda?

-Foi bom? -pergunto, respirando ofegante.

-Foi ótimo! -elogia.

-Faz tanto tempo que eu não era o ativo. Até pensei que seria passivo hoje.

-Olha, se você quiser, podemos ter um segundo round e aí o jogo inverte. -coloca uma perna por cima das minhas e escora o queixo no meu peito- Você fode bem e deve ser ótimo foder você também. -sorrio malicioso, beijando os lábios dele.

É claro que repetimos a dose diversas vezes.

(...)

Noah e eu estamos nessa há um mês. Todos os dias nos encontramos, seja para transar, ou só ficarmos um pouco juntos. Sempre há um carinho imenso entre nós dois e eu me deixo iludir que somos namorados nesses momentos.

Sabina, depois daquele dia, veio conversar comigo e pedir desculpas. Ela disse que não imaginava o quão difícil era para mim e que eu merecia sentir algo próximo de um relacionamento um dia. Ela gosta de Noah e sabe que nada de errado vai acontecer. Ele não vai se apaixonar por mim.

-Sabe... Você é muito gostoso! -beija meu queixo, enquanto descansa no meu ombro- Eu amo o quanto somos versáteis na cama.

Havíamos acabado de transar. Já é algo comum entre a gente, e sempre quando estamos excitados, chamamos um ao outro. Como uma amizade colorida.

-Que bom que você gosta. -fecho os olhos aproveitando o carinho que ele faz com os dedos dele no meu rosto.

-Você é tão lindo! -beija minha bochecha- Tão perfeito!- beija meu nariz, enquanto eu solto um risinho- Tão bom de cama! -beija minha testa- E eu estou apaixonado por você! -beija minha boca. Abro meus olhos assustado. Ele não pode ter falado isso!

Depois do dia do jantar, não tocamos no assunto da maldição. Ele certamente esqueceu desse detalhe e agora condenou a vida dele. -Retire o que você disse.- falo nervoso, me sentando na cama e olhando desesperado para ele.

-Por que? Eu só disse a ver... -ele parece se dar por conta- Meu Deus! Eu estou apaixonado por você! Eu vou morrer! -ele salta da cama e começa a andar em círculos pelo quarto.

-Não, não, não! -me desespero- Eu não posso perder você! -tento segurar as lágrimas- Eu sabia que não podíamos fazer isso... -me sento no chão ao lado da cama, colocando as mãos na cabeça. Sinto os braços de Noah ao meu redor, me abraçando.

-Pelo menos se eu morrer... Vou morrer apaixonado por um homem maravilhoso como você. -e eu choro. Ele não pode morrer! Não o Noah!

-Noah... Me desculpa! -digo entre soluços, não sei se ele entendeu, porque nem eu entendi o que saiu da minha boca.- Eu me apaixonei por você e me deixei envolver. Eu não devia ter me relacionado com você.

-Eu quis. -segura meu rosto e seca minhas lágrimas com a ponta dos dedos- E você não sabe o quanto eu tô feliz por tudo que vivemos. Ainda mais em saber que você está apaixonado por mim, como eu estou por você.

-Para de repetir isso! -repreendo baixinho e ele deixa um selinho nos meus lábios- Amanhã, você não vai ficar longe de mim nem por um minuto. Comigo junto, talvez podemos evitar um acidente.

-Eu já disse pra você antes... Eu cairia de um penhasco por você. -bato no braço dele, em sinal de repreensão- Eu estou falando sério... É claro que não quero morrer, mas se for por você, tá tudo bem. -choro mais ainda e ele me abraça apertado. Por favor meu Deus, retira essa maldição!

(...)

Após a noite conturbada, não consegui dormir a noite toda, pensando em como ele poderia escapar dessa situação. Eu vi o dia amanhecer e zelei pelo sono tranquilo dele a todo momento. Eu não achei nenhuma solução e tenho medo que essa seja o fim do Noah.

-Bom dia, Josh! -ouço a voz rouca dele e viro meu rosto em direção ao dele. Ele é tão lindo com essa cara de sono e com esses olhos me olhando com admiração. Eu queria que fosse tudo mais fácil.

-Bom dia, Noah! -beijo a testa dele, que fecha os olhinhos e sorri preguiçoso- Você não vai na aula hoje, né?

-Não vou. -leva os dedos até meu rosto, brincando com os meus lábios- Eu sei que estou correndo perigo, então vou permanecer aqui.

-Certo, eu vou ficar com você.

-Mas você precisa trabalhar. É estagiário e eles não vão aceitar que você falte por causa do namorado que pode morrer a qualquer momento.

-Namorado? -sorrio.

-É... Quero dizer... Eu acho que se passarmos disso, podemos virar namorados, não é? -assinto. Eu sei que ele não vai passar por isso, mas é bom me iludir que na verdade vamos ficar juntos para sempre.

-Então vamos fazer assim. Eu vou trabalhar e você fica aqui, trancado no quarto. Quando eu sair, volto para cá e fico com você o resto do dia. -ele assente, como uma criança obediente.

Eu só espero que nada o aconteça enquanto eu estiver fora.

(...)

Para a minha surpresa, nada aconteceu com Noah. Nem aquele dia e nem nos dias seguintes. Eu virei quase morador do apartamento dele, mas depois de uns dias, ele teve que voltar a rotina. Eu morria de medo dele se acidentar no trânsito ou até mesmo na faculdade, mas não aconteceu nada. Como se a minha maldição tivesse acabado.

Estamos namorando então, porque dissemos que se passássemos por isso, ele seria meu namorado e eu o dele. Óbvio que agora é tudo mais real e eu ainda tenho muito medo. Mas estou feliz e pela primeira vez estou amando.

Mas a questão da maldição não sai da minha cabeça. Por que com Noah não aconteceu nada? Eu sei que deveria deixar quieto, mas para eu dormir em paz, preciso saber que ele corre nenhum risco realmente. E é por isso que Noah e eu estamos indo até a casa do meu pai. É uma oportunidade dos dois se conhecerem e também de eu pesquisar mais dessa história.

-Será que seu pai vai gostar de mim? -pergunta nervoso, enquanto se olha no espelho do carro.

-Bom, você é o namorado que se apaixonou por mim e não morreu. Acredito que ele vai amar você. -ele ri e me olha, deixando um beijo na minha bochecha.

Nós chegamos, apresento os dois um ao outro, que se dão muito bem. Almoçamos juntos e eu sinto que preciso pesquisar, então vou até o escritório do meu pai, onde sei que tem um diário antigo do minha bisavó, onde ela conta tudo sobre a maldição.

Vejamos...

“Maldição dos Beauchamp
Toda pessoa que se apaixonar por um Beauchamp, sofrerá algo terrível. Podendo morrer.”

Nada que eu já não soubesse. Viro algumas páginas e nada novo, volto para aquela página e vejo algo escrito em letras minúsculas no canto inferior. Eu nunca vi esse recado antes de tão pequeno.

“Há uma excessão para a maldição. Se for alguma parente de sangue da bruxa, essa pessoa nada sofrerá. Se for um Urrea, nada acontecerá”

Não! Eu não acredito nisso! Só pode ser uma pegadinha, não é?

Tiro uma foto, para ter uma comprovação e desço as escadas no mesmo instante, encontrando meu namorado (que é imune da maldição por ser descendente da bruxa) e meu pai conversando sobre algum assunto interessante para os dois.

-Que foi filho? Parece afobado. -meu pai pergunta, quando me nota na sala. Corro até o meu namorado e sorrio largo.

-Você! -abraço ele, que parece não entender nada, mas me abraça de volta.

-O que aconteceu?

-Você é descendente da bruxa. -falo finalmente, não segurando mais o sorriso largo- Você é imune a maldição!

-É sério isso? -ele pergunta, dessa vez animado. Até meu pai fica feliz com a notícia e eu mostro aos dois o que havia achado no diário da minha bisavó.- Cara! Eu tô a salvo!

-Está! -o beijo rapidamente- E eu amo você!

-Eu te amo, Josh! -me deixa um selinho. É a primeira vez que falamos isso um para o outro e pelo momento, nem ligando de ter sido na frente do meu pai.

Eu estou tão feliz de pela primeira vez na vida amar, ser amado de volta e não perder essa pessoa. Finalmente minha vida tem um sentido. Finalmente eu posso viver um romance. Finalmente eu posso ter uma família feliz.

A maldição acabou!

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