Lightning (Nosh, Syoon & Savany)

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Sinopse: Em uma noite de tempestade, várias coisas podem acontecer. Casais podem brigar ou fazer as pazes. Ou você pode, até mesmo, encontrar o amor da sua vida. Deixe a tempestade rolar e no fim dela, todos estarão mudados.

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Nosh

Particularmente, eu gosto da chuva. Sempre quando eu via o tempo se fechando, me animava e me preparava para ficar na janela ver as gotas de água batendo forte na minha janela. O tempo escuro e frio me lembrava o Canadá, pais que nasci e tive que deixar para trás, então era por isso que eu gostava tanto de tempos chuvosos.

Mas eu não gosto de quando caí tempestades como essas. Eu fico imaginando que algumas pessoas podem estar sofrendo com isso e me sinto mal. Então eu não sorrio, não fico na janela, eu me encolho no sofá pedindo para que ela diminua.

Eu estava num desses momentos, quando minha campainha tocou. É claro que eu dei um pulo do meu sofá de susto. Quem será que é? Com o tempo desse jeito, era para estarem todos dentro de suas casas. Olho pelo olho mágico, pela minha segurança e é um cara jovem, nunca vi na vida. Estava todo encharcado e parecia com frio, meu coração doeu de ver essa cena.

Abro a porta e o garoto levanta o olhar para mim, me fazendo, por um momento, desaprender a respirar. Que olhos são esses, meu pai? São tão verdes e expressivos.

-No que posso ajudá-lo? -pergunto, olhando para todo o corpo dele. Ele está todo encolhido e tremendo.- Meu Deus, você está encharcado. Entre! -abro passagem para ele. Eu sei que estou colocando minha vida em risco agora, mas eu tenho essa coisa de tentar ajudar todo mundo.

-E-eu... S-só -ele mal consegue falar. Puxo ele para dentro, fechando a porta atrás de mim.

-Você está bem? -recebo um espirro fofo em resposta. Ele é todo fofo!- Ok, claramente não. Vou pega uma toalha e roupas secas para você, pode entrar na segunda porta a direita e tome um banho quente. -ele parece envergonhado, mas eu tento dar um sorriso de conforto.

Ele vai até o banheiro, enquanto eu procuro algo que sirva nele. Bom, ele deve ser alguns centímetros mais alto que eu, então minha peças de roupas cabem nele tranquilamente. Após separar as roupas, vou com elas até o banheiro, batendo na porta. -Suas roupas e toalhas.

O chuveiro está ligado, então ele não deve ter me ouvido. Minhas opções são deixar ali na porta, onde ele pode não saber que está depois, ou entrar para largar no balcão. Mas se eu entrar, vou ver coisas que... Uh, mente maliciosa. Não vou ceder a você. É a intimidade dele e eu nem o conheço.
Forço a maçaneta para baixo e fecho os olhos, entrando no banheiro. -Acho que você não ouviu...

-Obrigado, moço! -sorrio, ainda de olhos fechados e largo as roupas e me viro para sair, batendo meu mindinho na quina da porta. Inferno!

-Ai! -grito e acabo abrindo os olhos. Eu não ia olhar, juro que não. Mas é impossível não querer ver aquele corpo.- E-eu... -ele tenta tapar as partes íntimas, mas é grande o bastante para as mãos não conseguirem. Oh lá em casa, hein. Espera... Ele já está na minha casa.- Me desculpe! -volto a mim e saio da banheiro, tentando apagar a imagem da minha cabeça.

Tem um cara desconhecido pelado no meu banheiro que é super gostoso e tem um pau enorme. Merda, eu não sou assim. Estou realmente babando por alguém que eu não conheço e pode me roubar, ou até mesmo me matar.

Resolvo preparar um café, não sei se ele gosta, mas pelo frio que ele passou, é bom tomar algo quente. Estava colocando o pó para coar quando ele aparece na cozinha, com as minhas roupas e bem envergonhado.

-Deixe eu colocar na secadora para você. -pego as roupas da mão dele e levo até a lavanderia, logo voltando para onde estava antes.- Então garoto desconhecido... Está aquecido?

-Sim! Obrigado por me abrigar! E desculpe chegar dessa maneira, você nem me conhece e...

-Tudo bem! -sorrio e sirvo o café para ele, me sentando do balcão ao lado dele.- Só quero saber seu nome.

-Noah Urrea. -bonito como ele. Josh!- E o seu?

-Josh Beauchamp... Por que estava na rua com essa tempestade horrível? -ele olha para baixo e acho que toquei em um assunto delicado- Desculpe se...

-Eu estava visitando meus pais e eu estava na rua quando começou. -estranho isso. Ele poderia ter ido para a casa dos pais, não é?- Eu estive resfriado semana passada e quando começou a chover, fiquei com medo de voltar, sua casa era a única que estava com as luzes acesa.

-Que bom que eu estava em casa então. -ele sorri.

Eu juro que eu nunca conheci alguém tão bonito como ele. O sorriso que traz um sentimento bom, os olhos expressivos, os cachos ainda molhados caindo na testa... Sem falar no corpo que eu tive o prazer de ver.

-Eu não atrapalhei nada, não é? Tipo... Você não está esperando alguma namorada que pode achar estranho ter um cara com suas roupas?

-Namorado e não, eu não tenho. -sorrio e me olha, sorrindo tímido.- E você? Não tem ninguém que vai achar estranho você usar roupas de outra pessoa?

-Não tenho nenhum namorado. -se ajeita no banco e vira para mim- Esse café está muito bom, mas assim que a chuva diminuir e minhas roupas secarem, eu deixo você a sós.

-Não precisa se preocupar. -termino meu café e largo a xícara na mesa- Me conte mais de você, Noah!

(...)

Nós conversamos bastante, conhecendo um ao outro. Noah era divertido e nós tínhamos muitas coisas em comum. Talvez eu estivesse bem encantado por ele, encantado pela beleza, encantado pela forma como fala da vida, encantado pelo sorriso dele... Eu nunca acreditei em amor a primeira vista, até agora.

-Então eu falei que era BV para não dizer que era gay. -ele contava uma das histórias que ele passou antes de se assumir e eu dava gargalhadas, minha barriga doía de tanto rir.

-Aconteceu algo parecido comigo. -falo, enquanto me recuperava do riso- Antes de me assumir, todas as meninas queriam ficar comigo, aí eu me assumi e elas ficaram de luto. Literalmente usaram preto por uma semana na escola.

-Ah, não! -agora ele que ria e o som da risada dele é melodiosa.

Estávamos a tanto tempo ali na sala, sentados no chão, que nem havíamos percebido que o temporal havia diminuído. Era só uma chuva fraca que caía e o clima estava harmonioso ali dentro. Tomávamos vinho dessa vez, e provavelmente as roupas dele já secaram, mas nem ele e nem eu queremos que isso acabe.

Ele segurava a taça na mão com um certo tipo de classe e olhava para a mesa de centro, enquanto o riso ia cessando. Ele parece se lembrar de algo, porque sua expressão muda e ele volta a olhar para mim.- Meus pais nunca aceitaram a minha sexualidade, então eu saí de casa muito novo. -presto atenção em tudo que ele fala, porque é algo importante para ele.- E bom, eu me viro sozinho, tenho um apartamento em outro bairro, trabalho num restaurante como garçom e estudo economia a distância. -sorrio para ele. Eu nunca imaginaria que alguém feliz como ele, passa por isso.- Eu estava na casa dos meus pais hoje, porque minha mãe havia me chamado para jantar depois de anos. Eu pensei realmente que eles fossem pedir meu perdão e tudo ia ficar bem, mas eles queriam me apresentar uma garota para casar. Eu briguei com todos eles e saí pela rua, começou a tempestade e eu vim parar aqui.

-Eu sinto muito! -falo depois do relato, segurando a mão dele para passar conforto. Ele desce o olhar para nossas mãos juntas e logo sobe para o meu rosto novamente. E então ele me beija.

Eu não esperava que ele fosse me beijar, mas quem eu quero enganar? Estou querendo isso desde que vi os olhos dele. Ele segura meu rosto, aprofundando o beijo, como se ele também quisesse muito isso. Há um choque quando nossas línguas se tocam e isso me faz pensar que amor a primeira vista realmente existe.

Afastamos nossos rostos para retomar o fôlego. Ele olha para os meus olhos sorrindo e eu com certeza quero repetir isso. É, estou apaixonado por um estranho que bateu na minha porta em uma noite de tempestade.
Como eu disse... Eu gosto de chuvas.

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Syoon

Não acredito que está caindo uma tempestade justo agora. Eu estou sozinha em casa e tenho medo de raios. Cadê a Heyoon? Ah, é! Nós brigamos e ela saiu para espairecer. Agora estou preocupada com a minha namorada também. Ótimo dia para sentir ciúmes da colega de trabalho dela, Sina!

Ao som do segundo trovão, resolvo telefonar para a minha namorada. Eu espero que ela esteja bem porque eu amo ela demais. Não devia ter brigado por uma coisa tão besta.

-Aqui é a Heyoon, provavelmente estou ocupada. Deixe seu recado após o sinal. -caiu na caixa postal. Merda!
Resolvo descer e ir até a recepção do prédio, ainda telefonando para ela, enquanto meu coração está na mão de preocupação. O Sr. Fields, porteiro, está me encarando estranho e só agora eu reparei que estou de pijamas. Mas quem liga? Minha namorada saiu de casa após uma briga nossa e está caindo uma tempestade terrível.

-Você parece nervosa, mocinha! -ele comenta e eu me sento frustrada numa poltrona que tem ali.

-Minha namorada ainda não voltou e esse tempo está horrível. -conto e tento mais uma vez ligar para ela, caindo novamente na caixa postal.- Que saco, Heyoon!

-Logo ela volta. -ele sorri, tentando me tranquilizar. Mas é tão difícil ficar tranquila numa situação dessas.

Estava quase ligando para a polícia quando ela entra pelo hall do prédio, totalmente encharcada. Vou até ela, a abraçando forte e respirando aliviada. -Você me deu um susto, amor! -ela aperta os braços ao redor da minha cintura e eu sei que já está tudo bem entre nós. -Vem, você precisa de um banho quente.

Seguro a mão dela, puxando em direção ao elevador. Atrás de mim, Heyoon tremia de frio e eu espero muito que ela não fique doente. Por que ela demorou tanto para voltar? Já faz quase duas horas que está chovendo forte.

Assim que chegamos no nosso apartamento, eu estava indo em direção ao quarto para pegar roupa quente para ela, mas ela me impede, segurando a minha mão forte. Torno a olhar para ela, que tinha um sorriso nervoso no rosto e eu não pude deixar de admirar a mulher que eu amo. Os cabelos castanhos e longos, agora molhados, caindo em volta do rosto. Os olhos puxados que eu tanto amo. O sorriso dela que me acolhe. Tudo nela é perfeito.

-Desculpa ter brigado com você. -seguro o rosto dela com as minhas duas mãos, acariciando as bochechas dela com os meus polegares.- Eu confio em você! Eu sei que nunca me trairia. Eu só sou muito insegura comigo mesmo, você sabe.

-Mas não tem porque você ser insegura assim. Eu te amo! -sorrio porque é maravilhoso ouvir isso dela.- Eu demorei para voltar, porque eu precisava fazer uma coisa...

-O que? -pergunto curiosa.

Eu tenho a resposta quando ela se ajoelha no chão e abre uma caixinha. Eu não acredito que ela está fazendo isso. -Sina Deinert, aceita ser uma Jeong? -coloco as mãos em frente da minha boca em sinal de choque. Ela está me pedindo em casamento!

-Eu aceito! Claro que aceito! -falo gritando, enquanto surto internamente. Ela coloca a aliança no meu dedo. Um anel prateado com uma pedra em cima, isso deve ter sido caríssimo.- Eu te amo tanto, Yoon! -me ajoelho também, beijando os lábios dela.

Seguro no rosto dela e me permito sorrir em meio ao beijo. Hoje é o melhor dia da minha vida! Nossos lábios, que já estão acostumados um com o outro, não conseguem se desgrudar. Hoje mais que nunca, nós queremos nos amar. -Eu te amo! Te amo! Te amo! -ela fala repetida vezes contra minha boca. É tudo recíproco, amor!

(...)

Após eu e ela tomarmos um banho quente na banheira, onde vivemos um pouco mais do nosso amor, fomos para o quarto dormir. Estava noite e apesar do dia perfeito, ainda temos compromissos amanhã.

-Por que você decidiu assim do nada? -pergunto, olhando para ela que estava deitada no meu ombro e fazia alguns desenhos com as pontas dos dedos na pele da minha barriga. Nossas pernas estavam entrelaçadas e os nossos sorrisos não saiam dos nossos rostos.

-Porque eu te amo. -olha para mim, me deixando um selinho- E também, porque depois daquela discussão, eu percebi o quanto você se sente insegura com você mesma. E bom, não tem porque você se sentir assim, eu vou me casar com você, não com ela. -sorrio largo.

-Você podia ter esperado até amanhã. Você ficou toda encharcada procurando um anel para mim.

-Eu precisava fazer isso hoje e eu não sou feita de açúcar mesmo. -rio da resposta dela- Confessa que isso foi romântico! -ela brinca, fazendo cosquinhas em mim.

-Ah! -grito, tentando escapar das cosquinhas.- Ok, ok! Foi muito romântico! Você literalmente arriscou sua saúde para me pedir em casamento.

-E faria várias outras vezes se é para você entender que você é a mulher da minha vida, e nunca, repito, nunca, vai existir alguém que se compare a você. Sina, você é simplesmente a mulher mias linda, mais cheirosa, mais gostosa, mais perfeita que existe. E é toda minha.

É impossível eu não amar Heyoon! Nossa relacionamento sempre foi assim, feliz. Hoje escrevemos mais um capítulo juntas e eu estou imensamente entusiasmada com tudo. Meu ciúmes é uma coisa idiota, ela me ama, ela está comigo, ela me pediu em casamento.

Talvez dessa tempestade eu goste!

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