Oops (Nosh)

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Sinopse: Josh sempre foi apaixonado por Noah, porém o outro possuía um namorado. Em uma noite, Noah descobre que foi traído e chama por Josh para o consolar, mas a noite foge do controle quando eles bebem demais e acabam transando. E agora Josh tem medo do que pode acontecer.

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Vocês já se apaixonaram? Se sim, foi uma experiência boa? Era recíproco? Se todas as respostas para essa pergunta são positivas, você tem sorte. Se todas as respostas para essas perguntas são negativas, vamos se abraçar e chorar.

Eu já me apaixonei, sou apaixonado e não, não é recíproco. É um saco, inclusive, porque eu sou apaixonado pelo meu melhor amigo. E ele não sabe disse e nem pode saber. Para completar a minha desgraça, ele namora e o namorado dele é todo perfeitinho. E eu só sou o melhor amigo que, segundo ele, tem problemas com relacionamentos.

Oras, não é porque eu não namoro ninguém, que eu tenho problemas. Vejam comigo, como eu vou namorar outra pessoa, se eu sou apaixonado por ele? Seria cruel demais, então eu só fico com algumas pessoas, porque ninguém é de ferro, mas não entro em relacionamentos porque eu sou trouxa o suficiente para achar que um dia ele vai me corresponder.

Até parece, Josh!

A minha vida é um saco também, além da frustração com o amor, tenho o emprego mais chato do mundo. Quem quer ser empresário hoje em dia? É horrível, mas o salário é bom e eu não tenho sonhos para seguir.

-Você tem uma reunião em meia hora. -Any me avisa. Any é a minha secretária e minha confidente. Ela quem fica comigo até tarde ouvindo minhas lamúrias de amor por Noah.

Ela já foi apaixonada por mim também, mas eu não podia ficar com ela. Eu sou gay, totalmente gay. Ficar com ela, dando esperanças de algo que nunca vai acontecer, é horrível. Ainda bem que pouco depois ela conheceu Lamar, com que ela está hoje e é totalmente apaixonadinha.

-Não tem como eu sumir? -me atiro em cima da minha mesa. Eu só queria, sei lá, viver outra vida.

-Não, não tem. -ela ri e eu reviro os olhos- Vou fazer um café para você. -ela sai da sala para pegar o café e eu fico olhando os papéis dessa tal reunião. Pouco depois ela volta com a mini xícara e se senta em frente a minha mesa.

-Obrigado, Any, por existir na minha vida! -atiro um beijo para ela, que ri. Meu celular apita e eu pego para ver de quem é a mensagem.

Era de Noah, o que ele quer? Aperto para ver a mensagem e na hora sinto o meu sangue subir para a cabeça. “Joshy, eu preciso de vc aqui. Mike tinha um amante”.

-Merda! Eu vou matar aquele filho da puta! -grito e Any me olha espantada. Mostro o celular para ela e fico pensando em mil maneiras de assassinar alguém e esconder o corpo.

-Eu nunca fui com a cara dele. -Any comenta e eu olho para ela. Ela entende meu pedido pelo olhar- Já sei, cancelar a reunião para você ir poder ver o Noah.

-Obrigado! Mas eu preciso ir ver ele. -volto a deitar minha cabeça na mesa- Esse cara tinha o mundo mas mãos e fez isso. Como ele pode?

-O seu mundo não é o mundo dele. Infelizmente ele não soube cuidar do seu mundo. -levanto os olhos, fazendo uma careta para Any- Ok, foi brega demais. Vou resolver o pepino da reunião e você vai até o Noah.

Balanço a cabeça e me levanto, pegando o meu paletó e saindo da empresa. O caminho até o estacionamento nunca foi tão longo e agonizante. Eu preciso ver como ele está.

Idiota! Trair Noah devia ser um crime, ele é perfeito, lindo, sempre faz as pessoas em volta rirem, tem umas piadas péssimas, mas boas, tem o coração bom. Se fosse eu, Noah nunca sairia machucado dessa relação, certamente eu sairia, mas não ele. Eu faria de tudo para ver o sorriso dele, faria de tudo para fazer ele feliz. Eu só queria uma chance.

O trânsito estava lento e eu já não aguentava mais o som de buzinas. Resolvo ligar para ele, talvez ir acalmando ele por telefone. -Oi... -ele atende com a voz embargada e o meu coração se aperta.

-Noah, eu já estou chegando. -falo desesperado e ele suspira.

-Vem logo, por favor! -ouço um choramingo. O semáforo a minha frente abre e eu acelero o carro. Talvez eu pague algumas multas por excesso de velocidade, mas eu estou pouco me lixando.

-Abre a porta! Estou na frente do seu prédio. -desligo e desço do rápido. O elevador demora para chegar e eu não estou com paciência, então subo as escadas do prédio dele, até o sétimo andar, onde ele mora.

Eu finalmente chego no andar dele e a porta já está aberta e ele me espera escorada na batente. Ele está lindo, mesmo com o olhar abatido. Antes de eu conseguir abraçar ele, preciso recuperar o ar, porque parece que eu vou morrer de falta de ar a qualquer minuto.

-Meu Deus, Josh! -ele vem me ajudar- Você não precisava vir tão depressa. Podia vir pelo elevador. -respiro fundo e abraço ele. E então ele desaba nos meus braços e eu sinto vontade de morrer do que ver ele chorando.

-Calma, calma! Vamos entrar. -levo ele para dentro do apartamento e o sento no sofá, deitando ele no meu peito e fazendo carinho nos cabelos tão sedosos dele.- Vai ficar tudo bem! Eu tô aqui!

(...)

Ele já estava mais calmo e agora olhava para as unhas, eu esperava o momento que ele fosse contar como descobriu e ele parecia criar coragem para isso. Não vou pressionar ele, no momento dele, ele vai me contar.

-Eu vi... -ele começa- Eu fui fazer uma surpresa para ele... E ele estava com outro na cama. Doeu tanto!

-Eu vou matar ele. -falo sem pensar e ele olha para mim.

-Não, você não vai matar ele. -ele cerra os lindos olhos verdes dele- Ele veio com aquelas desculpinhas esfarrapadas de “não é isso que você está pensando”, mas ele estava nu em cima de outro homem, então...

-Eu sinto muito! Você não merecia isso.

-Será que não? -pergunta- Será que eu fui um bom namorado? Será que isso não é karma?

-Karma por quê? Você nunca fez nada errado. -seguro nas mãos dele- Noah, você é maravilhoso! Não merece isso.

-Ah, sei lá! -ele desvia o assunto- Por que nenhum relacionamento meu dá certo? -porque você não está comigo.

-Porque as pessoas ainda não aprenderam a valorizar a pessoa maravilhosa que você é. -respondo e ele sorri de leve.

-Eu só quero chorar por uma semana. -ele se encosta no meu braço, me fazendo me arrepiar inteiro. É sempre assim quando ele toca em mim.- Eu acho que tenho algo perfeito para esse momento. -ele vai até um armário e volta com uma garrafa de tequila.

-Bebida? -pergunto- Noah, você não vai beber.

-Vou sim e você vai beber comigo como um bom amigo. -ele abre a garrafa e bebe direto do bico, me dando a garrafa em seguida para eu fazer o mesmo.

Não tenho outra escolha a não ser beber com ele. O gosto disso é horrível e é inevitável não fazer uma careta, mas ele parece não se abalar com o gosto. Quando ele se tornou forte para bebida?

Eu conheço Noah há anos, fomos colegas no ensino médio e acho que desde aquela época eu já gostava dele. Quando entramos na faculdade, fizemos cursos diferentes, mas sempre andamos juntos, como a dupla que sempre fomos. Noah sempre teve namorados, enquanto eu ficava observando de longe com o coração quebrado e querendo uma única chance com ele, mesmo ele não sabendo que eu amo ele.

Ele nunca demonstrou que sentia algo por mim e eu juro que no momento que ele fizer isso, eu vou aproveitar essa chance. Por isso eu sempre observo ele.

(...)

-Lembra aquela vez que você deu um soco num cara por mim? -Noah pergunta e eu rio me lembrando. Eu sempre fui contra a violência, mas aquele cara estava incomodando ele, eu tive que tomar alguma providência.

-Eu salvei você, não é? -me atiro para trás no chão. Eu já estou vendo tudo embaçado e parece que o teto tá girando, certamente eu estou bêbado e acredito que Noah esteja da mesma forma, porque ele está rindo do vento.

-Meu herói! -ele se atira do meu lado, bebendo mais um gole de outra bebida que eu nem sei qual é. Ele tem muita bebida em casa.- Por que eu nunca defendi ou te consolei por namorados?

Porque a única pessoa que eu me apaixonei na vida foi você e você não sabe disso.

-Porque eu não namoro. Lembra? -mesmo bêbado eu sei que tenho que esconder esse segredo. Eu já aprendi a controlar os meus pensamentos quando estou bêbado.

-Ah é, você tem problemas com relacionamentos. -a fala dele está engraçada, tipo arrastada.

-Não tenho, é só que eu nunca achei a pessoa certa. -na verdade eu achei, essa pessoa está do meu lado bebendo.

-Ui! Então, Josh Beauchamp é romântico e acredita em amor. -ele vira a cabeça para me olhar. Muito próximo, mas não é como se eu estivesse em condições de me afastar.

-Acredito. -sorrio e ele coloca a mão na minha boca. Olho para a mão dele e volto o olhar para os olhos dele, que olhavam para a minha boca.

-Seu sorriso é bonito! -ele contorna minha boca com os dedos quentes dele e eu fico pensando: isso são os sinais que eu sempre esperei?

-O-obrigado... -gaguejo um pouco para falar.

-Josh, você beija bem? -não consigo me segurar e eu rio.- Não ri de mim.

-Eu não sei te responder isso, Nono! -respondo e desvio meu olhar para o teto, ele pega no meu queixo e vira para ele, que já estava com o tronco levantado.

-Olha pra mim! -ele choraminga e eu obedeço. Olhando todo os rosto próximo dele, o que está acontecendo? Ele está flertando comigo?

Isso não é errado? Estamos bêbados? Por que eu não me levanto e acabo com isso? Ah, é! Eu sou apaixonado por ele desde meus 16 anos.

-Eu posso experimentar?

-Do que você está falando, Noah? -meu raciocínio é lento demais para acompanhar o dele.

Ele não me responde, pelo menos não com palavras. Ele avança sobre mim e encosta nossos lábios, me beijando. Isso realmente está acontecendo?

As mãos dele tocam meu rosto e eu coloco as minhas na cintura dele. Era só um selinho, mas tudo muda quando ele pede passagem com a língua e então tudo fica quente. Por eu estar deitado no chão, ele acaba em cima de mim e quando menos esperamos, ele já estava sentado no meu colo e beijava o meu pescoço.

Eu não consigo pensar no amanhã, não consigo pensar que estamos bêbado e isso é muito errado, só consigo pensar nele me beijando. A boca dele volta para a minha e eu aperto a cintura dele em resposta a mordida que ele dá no meu lábio. De repente eu sinto necessidade de tocar a pele dele e as roupas se tornam um incômodo. E enquanto nossas línguas batalham, eu desço a mão para a bunda dele, meu sonho sempre foi apertá-la e eu finalmente estou fazendo isso.

Puxo a camiseta dele para cima, que afasta a boca da minha para passar pela cabeça dele, para em seguida voltar a me beijar desesperadamente e trabalhar para tirar a minha camisa. Maldita camisa! Seguro na cintura dele e me sento, fazendo ele ficar sentado no meio das minhas pernas. Opa! Ele está rebolando e isso foi gostoso demais. Ajudo ele com os botões da minha camisa porque eu já tenho mais prática com isso. Pela primeira vez, meu emprego está me ajudando em algo.

Finalmente terminamos de desabotoar os botões e ele desliza a camisa pelos meus braços. Passando a mão em seguida por todo o meu tronco e parando de me beijar. Ele olha para mim e por um momento eu acho que ele vai se afastar, me mandar embora, sei lá.
Mas ele só sorri malicioso. -Você é mais gostoso que eu pensava- eu ouvi isso mesmo? Eu não tenho tempo de pensar, porque ele volta a me beijar. Os lábios dele sugam os meus e eu não quero que isso acabe.

A mão dele vai até o meu cinto, desfivelando e puxando meu lábio inferior com os dentes. Puta que pariu! Hoje é o melhor dia da minha vida! E então ele encosta no meu pênis, me fazendo gemer contra os lábios dele, que sorri malicioso. Minha vez de tirar a calça de moletom dele, o que é mais fácil que a minha calça. Ele sai do meu colo para tirar o resto e eu faço o mesmo com a minha, mas logo ele já está em cima de mim me beijando. Parece que nossas bocas não querem desgrudar.

-Aqui? -pergunto e ele suga a pele do meu pescoço.

-Sim. -é só o que ele responde, lambendo e beijando o meu peitoral. Ah, raciocina, o que é preciso?

-Eu tenho camisinha na carteira. -falo suspirando e ele para de me beijar. Ele sai do meu colo e eu fico suspirando, esperando ele voltar com a camisinha.

Eu não consigo acreditar que vou transar com a pessoa que sou apaixonado há anos, com o meu melhor amigo. Ele volta com a camisinha entre os dedos e abre, me olhando uma última vez, antes de colocar no meu pênis. É agora!

(...)

Acordo com uma luz forte e uma dor de cabeça horrível. Onde eu tô? Por que minha bunda está doendo? Tem braço em cima de mim? Com quem eu transei?

Olho devagar para o lado, dando de cara com Noah e as memórias vem todas na minha cabeça. Eu transei com o meu melhor amigo, bêbado. E não foi uma vez só. O que eu faço?

Tiro o braço dele devagar de cima de mim e ele se mexe. Ele vai acordar. O que eu vou falar para ele? Como eu vou encarar ele? Merda, minha cabeça dói.

-Por que a luz tá ligada? -ele resmunga e tranco a respiração. Ele abre os olhos, olhando em volta e reparando em mim- Ah! -grita e eu faço uma careta pela dor de cabeça. -Nós... Nós transamos? -pergunta com o tom mais baixo.

-Eu acho que sim. -me sento. Na verdade eu tenho certeza, eu lembro de tudo. Sem contar que estamos nus e deitados juntos, sem contar minha dor na bunda. Pego minha cueca e visto rápido.

-Eu me lembro. -ele fala, enquanto coloca a calça de moletom- Nós não devíamos ter bebido. -eu sei disso. Eu sei que ele nunca mais vai querer olhar na minha cara.

Eu estraguei tudo!

Me visto em silêncio, tenho medo de falar. Eu só queria que ele tivesse gostado, mas pela cara dele, ele não queria isso. Eu vim para consolar ele, não transar com ele.

Merda!

-Vou fazer um café forte para nós. -ele foge para a cozinha e eu fico em silêncio na sala. Por que eu fiz isso? Eu preciso ir embora.

-Eu vou indo. -falo baixinho e ele vira para mim. Vejo uma tristeza passar pelo olhar dele e eu não entendo o que isso significa. Ele vem comigo até a porta e na hora que ele abre, o ex namorado cuzão dele que traiu ele está lá.

-O que você está fazendo aqui? -Noah pergunta com raiva. Eu não vou ir embora agora. Eu poderia matar esse cara.

-O que Josh está fazendo aqui? -ele nunca gostou de mim. Acho que ele sempre soube da minha paixão por Noah e me ver aqui, de manhã cedo, com roupa amassada, cabelo bagunçado e alguns chupões, deve ter confirmado tudo.

Noah segura na minha mão e eu entendo que é uma proteção. -Não te interessa. O que você está fazendo aqui?- repete a pergunta.

-Eu vim conversar com você. Explicar o que você viu, para voltarmos. -solto uma risada sarcástica e ele me olha feio.

-Eu não vou voltar com você. Saia da minha casa, por favor! -o moreno ao meu lado aponta para fora e o ex parece magoado.

-Nós precisamos conversar, a sós. -eu tô me sentindo mal aqui. Olho para Noah e ele parece ponderar. Maravilha!

-Você vai ouvir ele? -pergunto, pela primeira vez desde que esse cara chegou.

-Não se mete! Você nem devia estar aqui. -eu odeio esse cara. Avanço para bater nele, porque não estou com paciência para ele. Mas Noah me impede.

-Josh, não! -ele segura meu pulso- Eu vou conversar com ele. -é sério isso? Ele transou a noite toda comigo e agora vai conversar com o ex, provavelmente voltar com ele.

Não falo nada, porque ficou claro que eu estou incomodando o casal. Então saio do apartamento e desço, dessa vez por elevador. Eu subi correndo na escada por ele, porque ele estava chorando por causa desse idiota e agora eles vão voltar. Meu coração nunca doeu tanto.

(...)

-Vocês o que? -Any grita e eu tapo os ouvidos.

-Isso que você ouviu. E agora ele está voltando com o ex, ou já voltou. -falo triste e ela senta do meu lado, fazendo carinho no meu cabelo.

-Talvez eles terminem de vez. -supõe e eu rio debochado. Eu conheço o meu amigo, se ele não quisesse mais, ele nem ouvia ele.

-Eu só quero sumir do mundo. -sinto as primeiras lágrimas descendo pelo meu rosto.

Eu sou apaixonado por Noah há anos, nunca flertamos ou ele deu outro sinal para mim. Então quando ele me beijou, mesmo comigo e ele bêbado, eu correspondi. Eu sei que foi errado pelas circunstâncias, mas nós transamos e eu gostei.

Entretanto, para ele foi só um erro de bêbado. Ele nem vai olhar mais na minha cara e se olhar, o meu medo é que ele fale “esquece aquela noite, foi um erro”. Para mim não foi, eu amo ele e eu quero ficar com ele. Eu quero beijar ele novamente, eu quero transar com ele novamente. Agora que eu conheço o gosto, não quero parar mais.

-O que você vai fazer agora? -Any me pergunta. Eu tinha até esquecido da presença dela, mas que bom que ela está aqui, porque quem precisa de consolo sou eu e dessa vez não vai terminar em sexo.

-Me jogar de um precipício. -respondo e ela faz uma careta- Vou continuar vivendo a minha vida e esperar ele querer falar comigo.

-Por que você não procura ele? Você tem que demonstrar que gostou.

-Porque ele não me quer.

-Josh, você está sendo burro! Você não sabe se ele gostou, você não sabe se ele quer, você nem falou com ele. -a cacheada argumenta.

-Eu vi pela cara dele. -ela bufa.

-Eu desisto! -levanta as mãos em rendição.

Eu sei que ele não me quer... Eu sei! Eu sei?

(...)

Uma semana se passou desde o ocorrido. Noah não falou mais comigo e nem eu falei mais com ele. A real é que eu estou morrendo de medo, eu não quero ouvir o que ele tem a me dizer, eu não quero me afastar.

-Você tem que dar um fim a esse sofrimento. -Heyoon grita pelo telefone. Ela é a minha melhor amiga e tem os melhores conselhos do mundo, mas nesse caso eu ainda estou em dúvida.

-Não é tão fácil assim. -resmungo e ouço ela suspirando.

-Eu tô falando, chama ele para tomar um café e conta tudo. Vocês já fizeram a cagada de transarem, expôr o que vocês sentem é o de menos.

-Mas eu vou sair machucado disso, Yoon. Eu vou sofrer e ainda por cima vou perder a amizade dele. -olho para todo o meu quarto, tentando controlar as lágrimas.

-Você acha mesmo que a amizade de vocês ainda é a mesma depois do que aconteceu? Não tem como voltar agora, já aconteceu e você tem que dar o próximo passo.

-Você e Any estão contra mim. -faço um biquinho, mesmo que ela não possa ver.

-Porque a Any é inteligente e sabe do que eu tô falando. É sério, Josh! Manda mensagem para ele agora. Se não eu mesmo mexo os meu pauzinhos e faço essa conversa sair.

Nunca dúvida de Heyoon Jeong. Ela faz o impossível e as vezes dá medo.

-Certo... Vou mandar mensagem para ele. Obrigado, Yoon! -desligo, antes que ela me dê mais bronca.

Eu: oi, precisamos conversar...

Noah: precisamos mesmo

Noah: tenho algo para te contar

Puta merda! Ele gosta de mim... Ou não.

Eu: naquela cafeteria de sempre?

Noah: daqui a meia hora

Meia hora... Preciso me arrumar.

(...)

Esses 30 minutos nunca demoraram tanto para chegarem ao fim. Chego antes da cafeteria e fico balançando a minha perna ansioso. Já chequei meu reflexo umas 15 vezes, já olhei para porta um total de 20 vezes e eu já bebi desse café umas 4 vezes.

Olho pela janela, para ver se tinha sinal dele e ele finalmente chega. Já consigo sentir meu sorriso rasgando meu rosto só de ver ele... Espera, ele está dando selinho no ex dele? Eles voltaram? Meu cérebro para de funcionar e eu não noto que ele já está na minha mesa, mas sozinho.

-Oi, cara! -ele me cumprimenta e se senta na minha frente, fazendo o pedido com a garçonete. Ele nota meu olhar parado- Tá tudo bem?

-Ahn... Tudo sim. Como você está?

-Bem, também... Eu tenho uma coisa para te contar. -de repente essa novidade dele não se tornou mais atrativa.

-O que é? -finjo ânimo.

-Eu sei que você vai me julgar, mas aconteceu muita coisa... -mordo meu lábio, prestando atenção no que ele vai falar, mas ele para de falar e fica me encarando.

-Noah? -pergunto e ele se desperta. Isso foi estranho e preocupante.

-Desculpe... Como eu ia dizendo, eu e Mike voltamos. -e o meu mundo desaba. Já até perdi as conta de quantas vezes eu tive meu coração quebrado por ele, só por ser amigo dele.

-Você perdoou ele?

-Digamos que sim. Ele me disse que foi uma única vez e que me amava muito. Aí eu percebi que também amava ele e não valia a pena ficarmos separados por isso. -eu não conheço Noah mais. Ele nunca agiu assim antes. Sempre que algum cara o magoava, ele terminava na hora. Mesmo gostando muito dele.

-Uau, eu... Parabéns! -falo, me atirando para trás na cadeira- Que ele não faça mais nenhuma burrada.

-É, ele está sob observação. -ele ri e a garçonete entrega o café dele- O que você tinha para me falar? -ah, eu só ia ser trouxa e me declarar, sendo que claramente você esqueceu o que aconteceu há uma semana atrás.

-Nada, eu só estava com saudades. -isso é uma meia verdade.

-Ownt, que fofo! -ele se estica para apertar a minha bochecha, mas eu sinto um choque quando os dedos quentes dele tocam minha pele. E pela cara dele, ele também sentiu.

Entretanto, ele não tira a mão dele de lá, ele até começa a acariciar a minha pele e parece em um transe, como ele estava agora a pouco. Olho para a mão dele no meu rosto e fico lembrando do que aconteceu naquela noite. Por que ele esqueceu? Ou finge que esqueceu?

E então ele se desperta e afasta a mão, ficando vermelho e tossindo. O que acabou de acontecer?

-Mas então... -fico pensando num assunto para puxar- O que fez nessa semana?

-Eu... -ele volta a olhar para mim- Eu fiquei... -respira fundo- Fiquei em casa, homework.

-Ah... Entendi. -por que está tudo estranho?

-Preciso ir no banheiro. -ele se levanta apressado e sai. Fico olhando na direção que ele vai e tentando entender o porquê dele aparecer tão afetado com a minha presença. Será que eu fiz algo errado?

Resolvo ir atrás dele e o encontro na frente da pia, olhando a água escorrer. Desligo a torneira porque ele nem está usando e isso é desperdício. Ele me olha e parece assustado.

-Cara, não gasta a água do mundo não. -rio, só para descontrair, mas ele não faz o mesmo.- Noah, tá tudo bem?

E então ele me beija. Espera... Ele tá fazendo isso mesmo? Eu me desligo do mundo e só aproveito o momento, seguro na cintura dele, aprofundando o beijo e ele me empurra contra a pia. Nossa línguas se tocam de forma apressada e desesperada. As mãos dele puxam alguns fios de cabelo da minha nuca e eu fico ocupado tentando não pensar nas coisas ruins.

Mas então ele para de me beijar e se afasta assustado de mim. Agora eu entendi, ele lembra daquela noite, ele gostou daquela noite, mas ele resolveu voltar com o ex porque não quer admitir para si mesmo.

-Eu... E-eu... -gagueja- Esquece que isso aconteceu. -ele sai apressado banheiro e eu fico com a mão na boca tentando raciocinar tudo isso.

Ele gosta de mim... Eu preciso mostrar para ele que estava tudo bem ele gostar de mim. Preciso mostrar que eu também gosto dele.

(...)

-Ai meu Deus! -Any bate palmas animada- Ele gosta de você.

-Eu disse que você tinha que procurar ele. -Heyoon completa animada.

-O que eu faço agora? -pergunto.

-Conquista ele... Como nos filmes. -a cacheada pega o celular- Vamos montar uma lista de como conquistar ele.

-Isso! -a coreana aponta para ela, fazendo um high-five em seguida com ela- Primeiro, você precisa contar para ele.

-Não, isso fica por último. -eu tô confuso com essas duas.

-Faz assim, joga um flertes, tenta provocar, beija ele, toca nele. -Heyoon dá a ideia.

-E aí, você manda a real. -Any completa.

-Essa ideia é maluca. -eu me pronuncio. As duas montaram todo um plano da minha vida e eu nem pude opinar.

-Querido Josh, tudo que nós duas falamos, aconteceu... Você deve confiar mais em nós. -Any sorri debochada e eu fico em saída.

Então parece que eu tenho um plano para conquistar Noah Urrea, no caso, mostrar para ele que está tudo bem gostar de mim.

(...)

Eu preciso colocar meu plano em prática, mas eu não tenho ideia por onde começar. Eu poderia ir até ele, mas devido ao acontecimento na cafeteria (um belo de um acontecimento), não sei se ele me receberia na casa dele.

-Josh? -Any me chama pelo interfone.

-Fala! -peço enquanto ajeito alguns papéis e me preparo para sair para almoçar.

-Noah está aqui! -me engasgo com a saliva, perante a resposta. Eu queria ir até ele, mas ele veio até mim. Isso é espetacular!

-Pode pedir para entrar. -ajeito meu cabelo no reflexo do computador desligado e fico tentando controlar o sorriso bobo.

Eu preciso mostrar que também gosto dele, mas não posso assusta-lo. A porta se abre e ele passa por ela com um sorriso tímido. Ele não olha diretamente para mim e isso magoa um pouco. -Oi!

-Oi Noah! -me levanto da minha cadeira e vou até ele, que levanta o olhar para mim e o verde se encontra com o meu azul. Aquele clichê!- O que faz aqui?

-Eu... -ele fica me encarando por bastante tempo e eu me aproveito disso para morder meus lábios e provocar ele um pouquinho. Ele fica totalmente vermelho e desvia o olhar- É seu horário de almoço, não é? -assinto- Bom, vamos almoçar juntos. Estou com saudades do meu amigo. -ele frisa a palavra amigo, mas eu não me deixo abalar. Não mais!

-Claro, vou só pegar a minha carteira e celular. -volto até mesa e pego os objetos, logo indo para o lado dele e passando um dos meus braços pelo pescoço dele.- A propósito, eu também senti a sua falta. -ele olha para mim e sorri. Eu amo tanto ele!

Andamos até o elevador dessa maneira e quando passo por Any, ela sibila um “boa sorte”. Assim que as portas do elevador se abrem, retiro meu braço dos ombros dele e toco na cintura dele, o guiando para dentro. E eu consigo ver que ele se arrepiou e suspirou com isso. Ponto para mim!

(...)

Estamos no restaurante, ele sentado na minha frente, como no dia da cafeteira. É claro que eu lembro daquele dia e eu sei que ele também, pois ele parece envergonhado. Eu sei que ele está envergonhado. Eu vou relembrar alguns pontos daquele dia...

-Como foram os dias desde que nos vimos pela última vez? -pergunto e ele arregala os olhos, tento sorrir inocente.- Ainda está com Mike?

Ele respira fundo antes de responder. -É... Nós estamos tentando.

-Oh, certo! Talvez seja o melhor a fazer. -Noah franze o cenho não entendendo- Você parece amar muito ele. Queria achar alguém assim para mim. -eu já achei.

-Achar alguém? -vejo um resquício de ciúmes passar pelos olhos dele.- Mas você não acredita no amor...

-Quem disse? -ele parece surpreso demais com tudo que estou falando.- O garoto que eu quero, não está disponível, então acho que chegou a hora de partir para outro, né?

Se Heyoon me visse agora, sentiria orgulho. Me sentindo um manipulador completo.

-É... -concorda e eu sorrio.

-Você pedir uma salada para mim? Preciso ir até o banheiro. -levanto da cadeira, alisando minha camisa e percebo que os olhos dele percorrem todos os meus movimentos.

Se eu estiver certo, ele vem atrás de mim em alguns segundos... 1, 2, 3...

-O que você está fazendo comigo? -entra no banheiro e tranca a porta. Eu sabia!- Você está fazendo um jogo? O que é isso?

-Não sei do que você está falando... Quem é bom em jogo aqui é você. -continuo na frente do espelho, ajeitando meus cachos.- Será que eu devo cortar o cabelo?

-Não muda de assunto! -fala bravo e se aproximando.

-Eu já disse, você é a pessoa que muda de assunto e aparentemente esquece as coisas, não é? É melhor agir como se nada tivesse acontecido do que enfrentar o que você sente. -me viro de frente para ele e falo tudo. Não estava nos meus planos... Eu só queria seduzir ele e fazer o que fizemos no dia do café, mas eu não consegui. Tenho muita coisa entalada e eu preciso por pra fora.- Mas não esquece que são duas pessoas e eu também sinto.

-O que você está querendo dizer?

-O que eu quero dizer Noah, é que você é um egoísta. -desabafo e ele me olha assustado.- Eu sei que você também sente o que eu sinto, mas é muito mais fácil para você fingir que isso não existe, que aquela noite não aconteceu, que o dia do café foi um surto... Você nem perguntou como eu ficava com tudo isso.

-Vo-você está me dizendo que...

-Eu amo você, porra! Amo há tanto tempo que dói e eu já não consigo mais ficar bem com isso. Eu sempre vejo você com outras pessoas e eu só como o melhor amigo encalhado. Sabe por que eu sou encalhado? Porque nenhum homem chega aos seus pés. -Noah está chorando e eu também devo estar da mesma forma.- E dói tanto ver você com outros caras... Quando aquela noite aconteceu, eu pensei que era tudo recíproco. Na verdade, eu sei que é tudo recíproco e você está negando para si mesmo por ser egoísta.

-E-eu...

-Eu ainda não terminei, Noah! Eu só não aguento mais esperar... Eu estou cansado de sempre tentar te entender e acabar ferrando ainda mais os meus próprios sentimentos. -termino, suspirando e jogando minha cabeça para trás. Meu rosto está todo molhado pelas lágrimas e eu me sinto tão mais leve de repente.

Sinto as mãos dele na minha cintura, rodeando os braços por ela e me abraçando. Abaixo meu rosto e ele me observava com lágrimas por todo o rosto. Meu coração se quebra por inteiro com a cena, mas eu precisava ser sincero. -Me desculpa, Joshy! Por favor... -fala com a voz falha.- Eu também te amo! E não como amigo... Eu só achei que você não quisesse ficar comigo ou não me amasse. Eu acreditei fielmente que você não acreditava no amor e que não seria eu que te provaria que ele existe.

-Eu sempre disse que acreditava no amor... -olho nos olhos verdes dele, que estão bem mais verdes agora.

-Eu tive medo... -fecha os olhos para chorar e aperta os braços envolta de mim.- Me perdoa, Josh! -meu coração está tão acelerado, mas eu já estou acostumado a estar assim perto dele. Passo meus braços ao redor dele e o abraço.

-Eu que preciso te pedir perdão... Não era o momento nem o lugar para falar isso.

-Você esperou muito. -abre os olhos e sobe as mãos até o meu rosto.- Eu... Eu não estou com Mike. Nós tentamos sim, mas eu percebi que não amo ele. Eu amo você! Não poderia ficar com ele, amando você. -me surpreendo.- Sempre foi você! Até em outros relacionamentos... Eu terminava por causa sua, você nunca soube, mas sempre esteve aqui.- coloca a minha mão no peito dele, onde consigo sentir o coração dele batendo acelerado, como o meu.

Então é tudo recíproco? Dessa vez, ele não está negando o sentimento? Ele não está fugindo?

Aproximo meu rosto do dele e os nossos narizes se tocam, as mãos dele contornam meu pescoço e ele fecha os olhos, só esperando o momento. Então eu o beijo, dessa vez sem interrupções, com os sentimentos expostos e da forma certa. É um beijo calmo, devido ao momento anterior. Estamos só aproveitando a boca um do outro, expondo ainda mais nossos sentimentos, que agora são todos recíprocos.

(...)

-Essa cor é feia. -Noah comenta e reviro os olhos.- Amor, não vamos pintar a nossa sala de cinza. É sem vida.

-Que cor você quer então? -ele sorri e vira o catálogo até achar a cor amarela. Eu sei que ele gosta de cores vivas e de... Vida. Mas amarelo?- É sério? -sorri inocente e concorda com a cabeça, como uma criança de cinco anos.- Tá bom então. Vamos pintar nossa sala de amarelo.

-É por isso que eu te amo. -me dá um selinho e vai falar com o vendedor. Eu sempre faço o que ele quer mesmo. Nada mudou, mesmo com um ano de namoro, eu sempre me sinto como quando éramos amigos. Eu sempre sinto meu coração acelerar ao ver ele, ou acabo fazendo tudo que ele pede.

Por mais que nos conheçamos há anos, resolvemos tentar seguir um relacionamento normal e só vamos morar juntos agora, depois de um ano. Amizade e namoro são bem diferentes, e tínhamos que lidar com essa nova fase antes. Falando em amizade, até que foi bom sermos melhores amigos antes... Porque hoje nosso relacionamento é bem mais sincero, é verdadeiro e temos uma cumplicidade enorme.

-Amor! E se colocarmos esse tapete? -aponta para um tapete colorido. Ele quer transformar nossa casa num circo?

-Muita cor, não? -faz um biquinho emburrado e eu vou até ele.- Que tal esse? -aponto para um marrom, que era do mesmo estilo do outro, só que de outra estampa.

-Tudo bem... -acaba cedendo.- Ei! Eu tive uma ideia... E se nós fizéssemos uma loucura?

-Que loucura?

-Casar! -arregalo os olhos.- Joshua Kyle Beauchamp, você quer casar comigo? -se ajoelha, no meio da loja de materiais de construção, me fazendo ficar surpreso. Depois daquele dia, Noah passou a se declarar todos os dias para mim. Era sempre uma surpresa diferente, como se ele tivesse medo de não demonstrar o suficiente. Ele diz que agora passou a agir com o coração e de forma sincera, então eu sei que esse pedido é sério.

-Eu aceito, Noah Jacob Urrea! Agora levanta daí que tá todo mundo olhando. -puxo ele pela mão, que ri e me beija.

-Já comprei as passagens para Las Vegas, vamos nos casar lá. -QUE?

Meu melhor amigo é maluco! Oops, meu noivo é maluco!

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⏰ Última atualização: May 21, 2021 ⏰

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