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1- Histórias que se tornam realidade.

O dia estava indo embora e o Sol deixava o local temporariamente, desaparecendo dentre a linha do horizonte e trazendo a Lua atrás de si. Dentro da pequena casa feita de madeira bruta, escura e reforçada, estava Park Jimin lendo o seu mais novo livro de época. Era o maior livro de toda a década, todos o recomendavam, então ele apenas pegou um deles para testar se era tão incrível assim como todos comentavam. Ele contava sobre uma história de amor entre duas pessoas opostas, que acabavam por se apaixonar por um incidente. Era uma história que parecia ser muito bonita ao seu ver, ele gostava do que lia. O ideal de que "os opostos se atraem" o interessava demais e o fazia querer ter algo assim. Todos os dias desejava ter o seu amor verdadeiro e surpreendente antes de ir se deitar. Ele acreditava que, se desejasse o suficiente, as energias o trariam o que precisava. Portanto, ele sempre olhava para o céu através de sua janela e fazia o mesmo pedido para o cosmos. Nunca tivera nenhuma resposta, mas continuava a acreditar, dizia que era só uma questão de tempo até que alguém o ouvisse. Ele não tinha tanta certeza de qual seria o namoro perfeito, mas ele estava pronto para qualquer coisa, mesmo que fosse algo casual e comum. A única coisa que faltava em sua vida era um amor. Já tinha a saúde, uma vida financeira estável e um emprego fixo, só estava sozinho mesmo. Isso o preocupava, mas também o confortava em algumas maneiras.

Não era muito de conversar com muitas pessoas, por conta de não confiar em qualquer um, então cresceu sem muitos amigos e não tinha muita companhia nos fins de semana além de seus próprios pais, quando eles vinham visitá-lo ou ele ia até a casa dos mais velhos. Era uma rotina semanal, a qual ele estava perfeitamente encaixado e não parecia o incomodar, de longe. Mas caso você resolvesse olhar de uma perspectiva mais profunda, qualquer pessoa poderia dizer o quanto aquilo o perturbava. Seu maior medo era se acomodar em uma rotina entediante, e era o que estava fazendo no momento. Logo, ele não estava nem um pouco calmo e procurava desesperadamente por algo que pudesse saciar a sua vontade por uma coisa nova, uma adrenalina extra. Aquele livro era algo que estava cobrindo as suas necessidades com um pano transparente. Era só questão de tempo até que ele dissesse a si mesmo que queria algo como aquele, loucamente.

— Hum. — Soltou um grunhido de tédio. Sua vista estava ficando cansada e ele não conseguia mais ler. Sua boca abriu em um formato redondo e um bocejo grande se espalhou pelo cômodo, indicando o seu sono. Como de costume, ele se levantou para fazer um chá de camomila, que era o que o ajudava a dormir. Seus nervos estavam à mil. Enquanto esperava a água borbulhar, encostou suas mãos na mesa. Olhou para os lados e sentiu um vento gelado passar pela sua nuca. Se sentia observado, mas estava com muito sono para poder dizer alguma coisa. O fogo abaixo do canecão estava em sua cor mais forte possível, chamava a atenção. As bolhas começaram a surgir e então era a hora de tirar o líquido de dentro do local e passar para a sua xícara. Aproveitando a temperatura altíssima da água, inseriu o sachê com uma porção de camomila dentro e começou a o mergulhar dentro do recipiente, observando a fumaça se espalhar pelas suas narinas. A água começou a pegar a cor esverdeada e ele colocou uma colher de açúcar, mexendo logo em seguida. Após cerca de três minutos, tentou experimentar. Estava no ponto correto, nada demais e nada faltando. Perfeito, ele diria.

Segurou na 'alça' da xícara e subiu para o seu quarto, empurrando a porta com um de seus pés e sentando em sua cama, deixando o abajur ligado enquanto tentava tomar aquilo. O cansaço estava cada vez maior conforme ele tomava mais e ficava mais relaxado. Não iria aguentar muito mais naquela posição, então apenas se levantou após acabar de tomar tudo e encostou a porta, deixando um único feixo pequeno de luz atravessá-la. Se deitou novamente e colocou a pequena xícara em cima da cômoda e se enrolou em suas cobertas cheias de calor e grossas. Não demorou muito para fechar seus olhos e cair num sono profundo e rápido. Agora estava descansando finalmente. Ele somente não sabia o que estava ao seu redor, sempre o observando enquanto ele tentava fazer qualquer coisa normal em sua vida. Havia algo atrás de sua porta naquele exato momento, apenas com seus olhos curiosos em cima de seu corpo tão jovial. Era uma pessoa de maioridade, tinha seus irresistíveis 22 anos e uma beleza que poucos seriam capazes de se mostrarem fortes quando em frente de um cara tão encantador como aquele. Portanto, então quem seria aquela pessoa que estava ali a observar tudo? Um admirador secreto? Talvez... Mas até para isso existem limites, e este ser já tinha passado todos eles.

Seus passos vinham da forma mais silenciosa possível, quase como se fossem inaudíveis. Suas mãos eram rápidas, sua respiração era gelada e seus olhos estavam em todos os lugares. O toque era quente, assim como sua própria aura. Queimava como fogo. Tinha uma sede incomparável, não por água, mas sim por coisas desconhecidas. Novas experiências, ou qualquer coisa que possa lhe dar uma nova vivência, te acrescentar algo. Ele era capaz de fazer qualquer coisa para conquistar o que queria. Segundo livros, ele era quem manipulava as pessoas com seus poderes malignos para que elas fizessem acordos que apostassem suas próprias vidas em troca de alguma coisa como sucesso ou sexo, mais conhecidos como 'pactos'. Eram apenas coisas passadas de boca para boca em cidades de religiosidade extrema, mas mesmo assim era o suficiente para deixar senhorinhas com medo e crianças com os cabelos em pé. Tinham medo de o encontrar, pois não sabiam as suas intenções. Suas origens eram distintas e ele não era uma criatura de se ter uma conversa muito normal, ele apenas observava as pessoas lentamente, na calada da noite, até que ele achasse uma que realmente o interessava.

E, pelo visto, ele havia a encontrado dentro daquele quarto, onde um garoto estava em sono profundo por conta de seu chá diário, parecia tão inocente. Ainda mais porque mal sabia ele que estava tudo prestes a mudar.