5- Cara-a-cara.

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Passaram-se dez minutos e Jeon Jungkook estava de volta, olhando para os lados, procurando aquele garoto em quem tropeceu dentro das variadas cores de luz que refletiam em seu rosto. Colocou suas mãos acima de sua sobrancelha, forçando sua vista para poder encontrá-lo. Não podia perder a sua chance da noite, uma coisa dessas era inaceitável. Seus pulmões soltaram toda a sua tensão em forma de ar, que acabou por sair por sua boca com um peso gigantesco quando pôde avistar o mesmo. Estava mais bêbado do que antes, pedindo mais uma dose para o homem com os olhos turvos. Os sapatos se riscaram no chão quando ele quis se apressar para poder chegar mais rápido até ele, faltando apenas cair em cima do menor quando conseguiu mais aproximação. Envergonhado, colocou seu corpo em cima daquele pequeno banco brilhante estilo bar que estava ali. Desceu as mãos até suas próprias pernas, juntando seus dedos ali mesmo, no meio delas, as esfregando uma na outra, como um sinal de nervosismo extremo. Suas unhas estralavam, quase que silenciosamente, quando encontravam-se uma com a outra. Era como se ele não soubesse mais abrir a sua boca do mesmo jeito que ele estava fazendo, apenas por conta de sua vergonha. Passaram um pouco tempo apenas se encarando, e parecia que algum deles queria respostas, e com certeza não era Jeon.

Muito tarde para cobrar alguma coisa? Jimin não achava isso. O que ele pensava era que ele era, no mínimo, um cara de pau de pagá-lo uma bebida e correr para o banheiro, demorando mais de trinta minutos para voltar. Mas mesmo assim ele ficou, por que? Somente por que ele prometeu que voltaria na ocasião anterior? Ele se achava um pouco questionável de poder dar uma confiança tão grande à um estranho desta maneira. Pensando isso, decidiu que seria mais reservado e menos pessoal, e levou aquele 'drink' até a sua boca, o que fez ela ficar mais vermelha e detalhada por estar em contato com um líquido. Lambeu seus próprios beiços, estralando sua língua na frente de um deles e olhando para o horizonte, longe daqueles olhos de jabuticaba, dos quais ainda esperava um sinal de vida. "Qualquer um, vamos", ele dizia.

- Eu te devo desculpas, não é? É que era realmente importante, eram coisas que estão acontecendo no trabalho. Nem vi a hora passando, e te fiz esperar aqui. - E, bingo! Preces atendidas com sucesso. Era o que ele mais queria ouvir, se sentia satisfeito.

- Não, tudo está ótimo, fique tranquilo. Eu até me diverti por aqui, olhando as pessoas por aí. Até cheguei a ir na pista de dança, então eu não fiquei tão entediado assim. Por incrível que pareça, não esqueci de você, fiz como você me fez prometer que eu faria. - Mentia da forma mais asquerosa que já havia sido ensinado na vida. O olhar provocante e as coisas que falava apenas para atiçar a pessoa realmente funcionavam. - E então, o que era de tão importante que te fez sair daqui? Se quer me contar, claro.

- Você foi na pista de dança? Sério? Ah, isso é bom. - Disse sorrindo, mas aquela expressão queria dizer completamente o contrário. "Forçacão." - E... Bem, é meio que uma coisa privada da empresa, então não posso te contar agora. Porém, o que eu estou ao alcance e certo de falar é que é um projeto no qual estou trabalhando por anos e que só vem se tornando realidade ultimamente. Esses últimos dias têm sido totalmente exaustivos, mas também muito produtivos para a minha carreira. E, não vou mentir, os resultados estão vindo cada vez mais. Um dia poderia te apresentar isso, se você concordar.

- Pois então temos uma pessoa cheia de coisas confidenciais no trabalho? Olha só, o próprio agente do FBI. Mas, sem problemas, claro que quero checar no que você está trabalhando assim que você puder falar. Eu estarei aberto para poder ouvir até os detalhes dessa sua nova descoberta. Sou todo ouvidos, e estou sempre de olhos em novos avanços e descobertas. Você nem imagina. - Tomou mais um gole, que desceu queimando a sua garganta, mas manteu sua pose.

- FBI? Te garanto que não faço parte de uma organização desse tipo, mas temos pessoas que são melhores que detetives lá, mas apenas para cuidar de trabalhos alheio, conhece alguma desse tipo? - Ele riu, fazendo o outro concordar. - Pois é, então estamos sempre em movimento, mas... Aqui não é o lugar para falarmos sobre trabalho. Eu quero me divertir e sair dessa bolha da vida profissional, o que me diz? Aceita uma dança, senhor Park? Ou ainda é cedo?

- Um pouco cedo, mas eu irei do mesmo jeito. Estamos aqui para termos uma boa noite, não colocarmos regras em tudo. - Desceu de seu pequeno banco, pegando delicadamente a mão do garoto.

Os dois foram para o meio da pista, e deram sorte. A próxima música era totalmente romântica, parecida com aquelas que tocavam em filmes. Uma pura cena clichê, porém muito bonita. Jeon agarrou o menino para perto de si, juntando seus pequenos dedos com os seus, que eram muito mais grandes. O contato visual que estavam fazendo era o motivo pelo qual permaneciam quietos o tempo todo. Era forte, mas ao mesmo tempo compartilhava sentimentos distintos, mas por algum motivo, eles não entravam no caminho naquele momento. As suas roupas, iluminadas pela luz de cor vermelha fraca, traziam um clima de casal. Uma confiança a mais, juntamente à bebida, e era o suficiente para fazer Park ficar completamente fora de si, a ponto de chegar mais perto e colocar sua cabeça no ombro do maior, que não teve reação. A dança era um tipo de valsa, mas eles não sabiam como dançar, então apenas foram de um lado para o outro com suas mãos juntas, achando que aquilo era o certo a se fazer.

Aquele provavelmente era o ápice da noite. Ambos desconhecidos, dançando como um casal no meio de tantos outros pares por ali, tendo os solteiros e pessoas resolvidas consigo mesmas como plateia. Aquilo era um sentimento diferente para os dois, mas uma coisa era mais do que certa naquele momento:

Nenhum deles estava bravo com esse sentimento ou em relação a isso.

D4NC1NG W1TH D3M0NS| jjk + pjm. Onde histórias criam vida. Descubra agora