ENEMIES TO LOVERS

𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐

Sou levada para um outro salão...enorme e luxuoso. Havia uns cinquenta jovens comigo. Estávamos enfileirados um ao lado do outro. Não estava mais calor, o ar do salão parecia fresco e limpo. Tudo estava silencioso e todos estavam tensos.

Tivemos que colocar nosso trage preto. Todos estavam iguais. Fica colado e firme em meu corpo. Certas partes são de couro para proteger e outras são de seda grossa, as mangas e calças são cumpridas e há vários compartimentos para guardar armas e objetos.
Ouço murmúrios dos jovens e quando vejo eles...a maioria são meninos.

A grande porta se abre e entra dois homens altos...devem ser o Capitão e o Chefe do exército. O silêncio reina.
O de cabelos brancos para na nossa frente e percorre os olhos em todos, o de cabelos pretos segura um pote com coisas de metais dentro. Ambos parecem carrancudos, autoritários e sérios.

- Meu nome é Richard e eu sou o Capitão. Não quero que me chamem de Richard, quero que me chamem de "senhor". A partir de hoje vocês irão receber um papel com tudo que precisam saber...-dizia o homem carrancudo de cabelos brancos. Devia ter uns cinquenta anos. Seu trage estava cheio de medalhas que brilhavam. - Mas o essencial que devem saber agora é: o andar onde são os quartos de vocês fica no subterrâneo do castelo, todos os dias vocês irão treinar de manhã e a tarde, e agora, o mais importante...o Chefe do exército, senhor Gudan, vai distribuir bottons de metal. Bottons vermelhos e laranjas, para as pessoas certas. Vocês irão cravar elas no peitoral esquerdo... -disse ele e o chefe do exército, Gudan, se mexe.

O homem de cabelos pretos entrega os bottons para os jovens e quando chega em mim, ele me entrega o botton de cor vermelha. O que significa?
Levanto minha mão para perguntar.

- Quero que levantem a mão quando se direcionarem a mim, exatamente como Alya Taylor fez. -disse o capitão Richard seriamente. - O que foi Alya?

- O que significa o vermelho senhor? -perguntei calma.

- Para quem recebeu bottons laranjas...-disse ele para todos do salão. - Significa que irão ser guardas do castelo...e para quem recebeu bottons vermelhos, parabéns, serão guardas da família real. -disse o capitão. - Parece que o rei gostou dos vermelhos...

Guarda da família real? Eu mal cheguei para me alistar e já vou servir a família real? O rei gostou tanto assim de mim?
Só sei que minha garganta fica seca...dos cinquenta jovens, apenas dez estão com botton vermelho no peito.

- Vocês vão se separar em dois grupos...laranjas e vermelhos...-disse Richard. - Vou cuidar da turma dos vermelhos e Gudan ficará com os laranjas. O castelo está repleto de laranjas e vermelhos. Agora, quero que me escutem com atenção...aqui no castelo, vocês deverão ouvir sem escutar, ver sem olhar e principalmente, dizer sem falar. Não abrem a boca para nada. As outras regras estão detalhadas no papel que irão receber. -terminou Richard de dizer e tento absorver tudo que ele está falando e tudo que vai acontecer.

Tudo está acontecendo muito rápido.
Vejo o chefe, Gudan, distribuir papéis enormes e quando olho para a folha de papel que recebi, pude ver as milhares de regras e informações importantes... até a direção do meu quarto está escrito.

- Vocês irão para seus quartos e vão receber seus pertences lá...fichas de identificação, armas e etc...daqui a uma hora quero ver todos os vermelhos no gramado lateral, está tudo no papel...tudo. -disse Richard por fim.

Vejo os jovens de laranja irem para a direção do chefe Gudan e logo sigo os dez jovens de vermelhos.

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Demoro trinta minutos para encontrar o andar subterrâneo dos quartos...tive que descer vários lances de escadas e logo vejo um longo corredor de pedras e várias portas de madeira com numerações. Estávamos embaixo do palácio. No subterrâneo de tudo.

Olho para o papel de informações e vejo que meu quarto é o 207.
Ótimo, olho para as portas próximas de mim e vejo todas na família dos cinquenta. Quê? Terei que andar muito nesse corredor até encontrar meu quarto.

Demoro mais dez minutos para achar meu quarto e quando entro nele...vejo uma cama, uma cômoda, uma mesa e um criado mudo. Tenho a iluminação do abajur e da luminária do teto. Não é tão grande e não é tão pequeno. É o básico.

Vejo em cima de minha cama uma ficha de prata escrito... A. Taylor. Ao lado vejo uma faca de caça e um soquete de aço...havia um bilhete perto.

Deverá colocar seu crachá no peito direito, pegar a faca e o soquete e colocar em seu uniforme. Deverá ficar com o papel de regras e informações dobrado em seu uniforme até ter memorizado tudo que está escrito nele. Deverá comparecer a primeira reunião no gramado lateral do castelo.

C. Richard.

Dobro duas vezes o papel de regras e informações e coloco em um bolso do uniforme na altura de minha barriga, cravo o crachá prata reluzente em meu peito direito e dou uma olhada no botton vermelho circular no peito esquerdo. Pego a faca e guardo na coxa e o soquete deixo em um outro compartimento do uniforme.

Saio do quarto e tranco ele. Tenho dez minutos para ir até o gramado. Preciso correr. Saio depressa daquele corredor subterrâneo e subo as escadarias de pedra.

Percorro corredores de mármores chiques já na parte superior do palácio e ao virar um corredor meu corpo bate em outro corpo bem mais alto e forte.

- Olha por onde anda. -disse uma voz grave e masculina.

- Me desculpe. -digo e olho para o rapaz.

Seus olhos azuis transparecem nojo e raiva, sua testa está franzida e vejo seus cabelos...platinados...cada fio parece ser como a neve.

- Tinha que ser uma recém alistada. -disse ele com desdém.

- Eu já pedi desculpas. -digo séria.

- Depois de já ter esbarrado nem precisa dizer nada, já está feito. -disse com raiva.

- Eu me responsabilizo apenas pelo o que eu digo, o jeito que você escutou ou o modo como age ao me escutar não é problema meu. -digo no mesmo tom que ele.

Vejo seus olhos sombrios irem até meu crachá e depois para meu botton vermelho.

- Sendo uma guarda real, eu espero que não trate a família real desse jeito A. Taylor...-disse ele sério. - Assim vão cortar sua cabecinha de vento fora.

Franzi a testa. Como alguém pode ser irritante em menos de cinco minutos? Como pode ser possível. Aliás, o que ele é aqui? Cozinheiro? Soldado? Vejo suas vestes e são tudo preto...mas não são vestes de soldados como o meu.

Ele resmunga e revira os olhos, sai andando me deixando alí...

- Aliás...-disse ele se virando e me olhando. - O capitão Richard não aceita atrasos na primeira reunião.

Merda. A primeira reunião. É meu primeiro dia e já consigo me atrasar para a primeira reunião...ou treinamento. Não sei bem o que ele vai fazer com os vermelhos. Espero que não seja nada muito intenso.

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- Vocês são vermelhos. -disse o capitão Richard parado no gramado. - O que significa que será tudo muito intenso. -a voz dele estava séria e firme. - Os treinamentos serão intensos, a rotina será intensa, o tratamento será intenso... vocês precisarão ser fortes, letais, inteligentes e principalmente atentos. A cada movimento, a cada passo, a cada fala que escutarem...tudo. Hoje vocês foram recrutados, o que significa que ainda podem estar em choque. Nossos treinamentos começam amanhã e digo de novo, tudo que precisam saber está no papel. Engulam aquele papel como a alma de vocês, esse é o primeiro dever de vocês. Amanhã começaremos tudo. 
Dispensados.

O sol do fim de tarde foi embora, dando lugar ao céu laranja do alvorecer. Meu primeiro dia como soldada se foi. Tudo ocorreu tão rápido. Cheguei, fui aceita, recebi ordens, me irritei com um idiota e agora já fui dispensada. Meu dia acabou.

Estou bem. Estando em qualquer lugar que não seja aquele barraco de madeira, está ótimo para mim. Melhor aqui do que com eles. E vou me dedicar, tenho certeza de que vou me dedicar nesse meu novo serviço. Eu tinha dito para o rei que eu era forte e vou mostrar a ele. Vou ser forte e inteligente.

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