Dia 1.

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ALERTA DE GATILHO

depressão, transtornos alimentares, suicidio

Após trocar farpas com a minha mãe, decido levantar da cama, coisa que por si só já devia ser uma vitoria a ser comemorada. Estou formado, então eu devia querer algo pro futuro, mas durante a semana toda só comi o que minha mãe deixou na cadeira ao meu lado e só levantava por necessidades basicas, não tomei banho, nem troquei de roupas, só fico na cama o dia todo no escuro, olhando pro teto sem qualquer expectativa de nada. Fui direto pro chuveiro, sentindo meu corpo completamente diferente, provavelmente mais leve depois de toda sujeira que saiu dele, após me dar o trabalho de lavar o cabelo e me ensaboar, saio com uma toalha, opto por vestir uma calça cinza de moletom e uma blusa preta de manga curta, o tempo esta nublado, visto uma jaqueta jeans, meu allstar velho, passo desodorante, perfume, tento e falho miseravelmente na missão de pentear meus cabelos, me lembro de escovar os dentes e desço para a cozinha com meu celular, minha carteira e as chaves da moto e da porta no bolso. Saio logo, não tem ninguém em casa, então tranco, coloco o capacete, subo na motocicleta e vou em direção ao consultorio do tal grupo de apoio, acho tudo isso uma merda se querem saber, mas a Mitsuki jura ser uma boa ideia, estou indo para que ela se cale logo, vai perceber que só esta gastando dinheiro atoa.

Ao chegar no local, estaciono, respiro fundo e entro com o capacete na mão, me sento em uma das cadeiras vazias. Algumas pessoas já estavam lá, pareciam se conhecer, então posso mexer no celular sem ser mal educado. Rolo o feed do Twitter a procura de qualquer coisa minimamente interessante quando uma garota entra. Seria, com uma calça jeans escura, um allstar branco, um moletom preto, vestindo o capuz com as mãos no bolso como uma pessoa morrendo de frio, em um breve momento meus olhos encontram os dela, desvio o olhar rapidamente e a mesma se senta numa cadeira que fica do outro lado da roda, bem de frente para mim.

- Olá pessoal, podemos começar?

- sim.- dizem a maioria unisonoros, a garota de capuz não se manifestou
.
- Otimo que comecem as apresentações. - varias pessoas começam a falar seus nomes, idade e o motivo de estarem ali, a quanto tempo fazer parte do grupo e essas coisas, eu não estava afim de abrir a boca, seria um dos ultimos então fiquei tranquilo, a do capuz o tira para falar, ela é bonita pra caralho.

- Oi, s/n, 17 anos, anorexia, to aqui a 2 semanas, não quero ser amiga de ninguém e não estou aqui porque eu quero. - Coloca o capuz novamente e cruza os braços e as pernas, os olhos de todos a regulam com certo desprezo. Rio nasalado acidentalmente a vendo me encarar, retribuo o olhar a vendo revirar os olhos. Mais algumas apresentações e chegou minha vez:

- Katsuki Bakugou, tenho depressão desde os 14 anos, tenho 18 agora, hoje é minha primeira vez aqui e bom, não espero nada disso aqui já que vim obrigado. - Digo simples e os mesmos olhares são direcionados para mim, mas eu realmente não me importo com essa merda.

- Seja bem vindo Bakugou, eu sou Aizawa, serei o instrutor de vocês nas terapias, sei que é complicado se abrir com varias pessoas, mas peço que tenha a mente aberta sobre o processo do tratamento, realmente pode não ser eficiente em todos os casos, mas as vezes ouvir alguém falar de outra perspectiva ajude você a entender como se sente.- levanto as sobrancelhas em aprovação, puro sarcasmo na verdade, ele parece ter me deixado para lá e começa a perguntar sobre os resultados de recuperação e até recaidas de alguns deles, me perguntou se eu queria falar e eu neguei, a garota bonita revirou os olhos quando seu nome foi chamado, provavelmente se nega a falar muitas vezes, então meio que a pressionaram para dizer alguma coisa.

- Estou a 3 dias sem comer, não consigo colocar nada na boca que eu não queira vomitar depois, então estou desconfiando que eu também tenha bulimia, mas meu psiquiatra não falou nada, então continuo as medicações normais, tenho tomado os remedios corretamente e não tento me matar tem uns... seila 8 dias.

Me deixe sentir sua dor.Onde histórias criam vida. Descubra agora